Abrantes Pharmácia Silva comemorou 130 anos de uma história muito mais antiga (c/áudio)
A Farmácia Silva, situada na Praça Raimundo Soares ou largo da Câmara, como é mais conhecido, comemorou esta segunda-feira os 130 anos. Ao longo da manhã cotou com uma pequena exposição de equipamentos que fazem a história da farmácia no exterior, onde não faltou o bolo de aniversário e música para assinalar a efeméride.
A Farmácia Silva é um estabelecimento de uma família de farmacêuticos de Abrantes, cujas origens remontam ao Século XVIII, quando existiu no centro da cidade uma “botica” que tinha por nome Silvano. Joaquim Ribeiro, proprietário atual da Farmácia Silva, explicou as origens daquele que é, atualmente, o estabelecimento mais antigo do concelho de Abrantes em funcionamento. De notar que em 1996, na comemoração dos 75 da Associação Comercial de Abrantes, só existiam três estabelecimentos com mais de 100 anos: Casa Salgueiro com 112 (hoje teria 140 anos), Casa Correia com 107 anos (hoje teria 135) e a Farmácia Silva com 102 anos (hoje com 130 anos).
“São várias gerações de farmacêuticos que já vinham dos pais dos meus bisavós e que estavam na Farmácia Silvano, era aqui no cimo na rua, que era um boticário. Começou por se chamar Farmácia Silvano, passou a Silva e, mais tarde, conseguiram negociar um espaço perto da Câmara Municipal com Raimundo José Soares Mendes que cedeu um espaço aqui na praça”, explica Joaquim Ribeiro que diz ainda que ao longo dos anos a Farmácia foi crescendo para outros edifícios contíguos.
Sobre a história, que está feita, tudo começou com um sargento boticário do Exército, aqui em Abrantes. “Foram-se fixando e estabeleceram-se em 1723, salvo erro, com a ‘botica’, dos quais temos ainda os móveis, e depois mudaram-se para uma zona mais comercial.” E alude à existência na praça dos “Armazéns do Chiado, em Lisboa e Abrantes, eram de familiares do meu avô.”
Na segunda-feira Joaquim Ribeiro colocou na rua uma série de equipamentos que fazem parte da história da farmácia, alguns que diz querer que fiquem em Abrantes, num Museu, para não serem “mostrados” no Museu da Farmácia, em Lisboa. “Colocámos peças com maior evidência, uma delas [mocho com os óculos] já não pode ser mostrado, mas tivemos a cobra, temos o balcão antigo, a máquina dos rebuçados. Da Farmácia Silvano temos o almofariz com uma maquineta para moer os grãos dos medicamentos compostos.”
Foto: CMA
Joaquim Ribeiro diz que a farmácia, para além de ser um ponto de venda de medicamentos e outros produtos para o corpo humano, é igualmente um local de aconselhamento e contacto com os cidadãos. Nalguns casos é mesmo o primeiro contacto de quem precisa cuidados médicos e recorre ao aconselhamento do farmacêutico. E é, ainda nos dias atuais e apesar de todos os mecanismos do Serviço Nacional de Saúde, um local com uma espécie de cartaz que diz “ajuda”. E dá um exemplo da manhã desta terça-feira, em que um casal com uma criança, que ainda não têm cartão de saúde português foram em busca de ajuda à farmácia. No atendimento o farmacêutico encaminhou este casal para os serviços de urgência do Hospital de Abrantes.
Joaquim Ribeiro aludiu ainda aos serviços que a farmácia presta aos cidadãos, como os testes Covid, que em semanas mais complexas teve filas à porta. “As pessoas deveriam encaminhar-se primeiro à farmácia, depois ao centro de saúde e depois ao hospital. Devia ser esse o caminho na saúde”, defende o proprietário e diretor da Farmácia Silva.
Joaquim Ribeiro tem tido estagiários da Escola Secundária Solano de Abreu que passam uns tempos na farmácia para perceber como funciona no sentido de perceberem se é um possível destino quando tiverem de escolher o caminho académico. Trata-se de uma parceria com Escola Secundária Solano de Abreu, nomeadamente com o curso Técnico Auxiliar de Farmácia (12⁰ ano).
E revela haver dificuldade em contratar farmacêuticos e mesmo “técnicos de farmácia, estão em vias de extinção, mas felizmente há os auxiliares de farmácia que nos dão uma ajuda. Mas na farmácia prestamos muitos serviços. Por exemplo, nos testes de Covid, administração de injetáveis e podemos ter serviços de enfermeiros ou nutricionistas.”
Joaquim Ribeiro
A história é grande. São 130 anos, mas as origens remontam, possivelmente, a 1723 quando foi criada a primeira ‘botica’ no centro histórico de Abrantes.