Abrantes Pedidos de apoio aumentam com tendência para piorar (c/áudio)
Durante o ano de 2022, foram registados 138 pedidos de apoio no âmbito do Programa a Estratos Sociais Desfavorecidos que abrangeu um total de 286 pessoas. Os dados foram apresentados em reunião do executivo municipal pela vereadora com o pelouro da Ação Social.
De acordo com o documento, em 2022, o serviço social do Município registou 138 pedidos de apoio, abrangendo 286 pessoas. A nível financeiro estes 138 pedidos representaram mais de 65 mil euros em apoios efetivados. Ainda segundo o mesmo documento, 85% do valor atribuído é destinado à área da habitação. Segue-se a área da saúde que se traduz em 8,6% dos apoios atribuídos, essencialmente destinados a medicação, e em terceiro lugar 5,4% do apoio é destinado à área da educação.
Ainda de acordo com o mesmo documento, em 2022, 60% dos pedidos a este programa foram renovações sendo que 40% do total corresponde a novos pedidos.
Por outro lado, a origem dos pedidos aponta a mais de 60% para beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) e 74% dos pedidos de apoio são oriundos das freguesias urbanas do concelho de Abrantes.
Raquel Olhicas, vereadora com responsabilidade da área social, vincou que entre 2021 e 2022 notou-se uma diminuição dos apoios aos estratos mais desfavorecidos (90 mil para 65 mil euros) porque em 2021 ainda havia pandemia e muitas pessoas em casa. O 2022 levou a pandemia e trouxe uma maior autonomia financeira para alguns estratos do concelho. Há, por outro lado, agregados que necessitavam de apoio, mas que foram tendo apoio de familiares e deixaram de ir à ação social da autarquia.
Só que a crise de 2022 cria a perspetiva de que este ano a situação vai agravar-se com “o número de pedidos de apoio possa aumentar por isso houve um reforço orçamental para este programa que passa a dispor de um total de 120 mil euros”.
Com esta ideia de uma procura cada vez maior. A vereadora revelou que entre 14 de fevereiro de 22 e 14 de fevereiro de 23 há um registo mais pedidos e de mais pessoas apoiadas “que é indício que a situação está a agravar-se.”
Raquel Olhicas mostrou uma preocupação com as questões da habitabilidade, pois uma das áreas de mais pedidos de apoio tem a ver com a habitabilidade. “As pessoas não têm como fazer face aos créditos e se a rede de apoio familiar não funcionar vamos ter muitas pessoas a bater-nos à porta.”
Raquel Olhicas, vereadora Área Social CM Abrantes
Já no apoio com cabazes alimentares o apoio registado tem sido similar. Mas notou que se houve diminuição dos cabazes entregues à população do concelho o apoio dado a população estrangeira aumentou e bastante. Raquel Olhicas deixou a nota sobre a vinda de famílias numerosas para Abrantes, mas como só um dos cônjuges é que trabalham, criam estas necessidades alimentares. Mas, notou, que está a ser efetuada uma filtragem de quem recebe este apoio alimentar por forma a que não se repitam casos de uma família receber cabazes de quatro entidades.
A Câmara, neste momento, é a porta de entrada para todo o tipo de apoio: habitação, medicação, saúde, alimentação ou emprego. Depois é que são encaminhados.
E a vinda de população estrangeira é tal que, a 14 de fevereiro de 2023, as escolas de Abrantes têm 200 alunos estrangeiros matriculados, de acordo com a informação da vereadora com o pelouro, Celeste Simão.
Na população estrangeira que vai bater à porta do apoio social da autarquia Raquel Olhicas aponta a vários pontos do mundo. Há uma multiculturalidade de população a chegar a Abrantes. A vereadora revelou um caso de na primeira semana de fevereiro ter chegado a esta porta de entrada social um “casal brasileiro com 4 crianças a bater à porta da Câmara. Arrendaram um imóvel, mas já não tinham condições de subsistência e foram bater à porta da Câmara.”
Os números do apoio social em Abrantes
106: processos registados
104: agregados beneficiários
138: pedidos de apoio
286: pessoas abrangidas
65.353€: de valor atribuído
61%: dos beneficiários são reincidentes
68%: dos apoios atribuídos são de emergência
73%: dos apoios são na área da habitação, essencialmente destinados a rendas ou prestações, despesas correntes e bens essenciais
22%: dos apoios são na área da saúde, essencialmente destinados a medicamentos
85%: do valor atribuído é destinado à área da habitação
79%: dos requerentes têm entre 26 e 59 anos de idade, integrando assim a população ativa
67%: dos requerentes são mulheres
56%: dos agregados são compostos por um ou dois elementos. Relativamente às famílias mais numerosas, registam-se seis agregados com seis elementos
50%: dos agregados não têm dependentes a cargo. O maior número de dependentes (4) registam-se em cinco agregados
74% dos pedidos de apoio são oriundos das freguesias urbanas do concelho de Abrantes