VN Barquinha «Esta é a Festa das coletividades» - Fernando Freire
A Feira do Tejo vai decorrer de 12 a 16 de junho. Animação musical, atividades desportivas e tasquinhas não vão faltar. Mas Vila Nova da Barquinha continua em franco desenvolvimento, com a população a aumentar. Falámos da Festa, mas também da realidade do concelho com o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire.
Por Patrícia Seixas
Está aí mais uma edição da Feira do Tejo... mantém o formato, mas e em termos de orçamento? O Município foi mais comedido este ano?
Não, até gastámos mais um bocadinho. Há mais um dia de festas e apostámos em mais qualidade e na introdução de alguns elementos. Desde 2016 que não fazíamos pirotecnia e este ano, no dia dos D.A.M.A., vamos ter música sincronizada com um misto de fogo de artifício e o chamado fogo preso, respondendo às justas reivindicações da população. Temos tradições de pirotecnia no concelho, com os fogueteiros da Moita do Norte, e na atualidade, ainda temos uma empresa de fogo de artifício. É chamá-los também à participação na festa e manter as tradições.
As atividades paralelas continuam com o empenho da comunidade, tanto na participação como na organização? As pessoas envolvem-se?
Sem dúvida. Esta festa é das coletividades, é onde mostram o bem que fazem durante o ano, quer nas atividades desportivas, quer culturais. Ou seja, todas as coletividades, neste momento são 42, vêm à festa mostrar o seu trabalho do ano e também as perspetivas de futuro. O nosso objetivo é sempre o de dignificar e promover as nossas coletividades.
Uma aposta forte do Município é no turismo. Este ano está a decorrer a I edição de um novo festival gastronómico, o do Peixe do Rio, que se junta ao do sável e, quando possível, lampreia e ainda o À Mesa com o Azeite. Como é que tem sido a resposta do público?
Com muita procura, felizmente. A lampreia, como todos sabem, com grandes limitações na sua captura, mas o sável conseguiu aparecer e conseguimos dinamizar o festival. Este ano, e por sugestão de várias pessoas ligadas à restauração e às coletividades, apostámos no peixe do rio e está a ser um sucesso. Com a introdução dos Caminhos de Fátima, os Caminhos de Santiago, o Trilho Panorâmico do Tejo e agora o novo PR1 VNB – No rasto dos templários, estamos em condições de oferecer à nossa população e a quem nos visita uma excelente gastronomia à base de recursos endógenos. É essa a nossa preocupação e vai acontecer.
Com os percursos pedestres referidos, tem-se notado mais gente em Vila Nova da Barquinha?
Sim, sim, de sobremaneira. Alguém me disse que a Barquinha está na moda e isso significa que estamos no caminho certo no sentido de promover os nossos territórios. Estamos em zona de baixa densidade mas também temos excelentes ofertas turísticas, como o nosso Castelo de Almourol, as margens dos rios Tejo e Zêzere, os nossos monumentos nacionais, nomeadamente a Igreja Matriz da Atalaia. Se conseguirmos promover a oferta em qualidade, é uma mais valia não só para a Barquinha, como para todo o Médio Tejo.
Em que ponto está a Rota dos Templários?
A Rota dos Templários está em processo de desenvolvimento. Assinámos um protocolo recentemente na Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, que envolve vários territórios. Na Bolsa de Turismo de Lisboa assinámos uma candidatura com outros concelhos que fazem parte da respetiva Rota, mais concretamente com Soure, no âmbito do programa + Interior Turismo e aguardamos a sua aprovação dentro em breve. Este ano vamos já para 5.º Encontro Internacional dos Templários, onde gostaríamos de ter gente da Etiópia no nosso território, em face à Ordem do Templo e à Ordem de Cristo. Vamos continuar a dinamizar para manter este ritmo de visitação que se verifica desde a Austrália até à Ásia. O castelo de Almourol é o ex libris do nosso concelho mas também pensamos no Convento de Cristo, em Tomar, e na Torre Templária de Dornes, em Ferreira do Zêzere, e toda a envolvência que a Ordem do Templo teve no nosso território mas também em territórios como Soure e Castelo Branco. Já estamos a pensar numa expansão no sentido de valorizar esta temática que importa, de sobremaneira, para o turismo.
Isso quer dizer que a questão da internacionalização está mais do que assegurada…
Sim, sim, não tenho dúvidas quanto a isso. Este é um tema transversal ao mundo. Com a sua intervenção que começou na Palestina, na Terra Santa, a Ordem do Templo estendeu-se por vários territórios na Europa, Brasil, Ásia, África… Vamos apostar na internacionalização, é esse o caminho, dar a conhecer, porque só se ama aquilo que se conhece.
Nessa divulgação, está na calha uma intervenção no CITA – Centro de Interpretação Templário de Almourol…
Sem dúvida. O Centro de Interpretação foi inaugurado em 2018, fez o seu percurso, e muito bem, até à atualidade, mas com esta candidatura que fizemos ao + Interior, queremos regenerar o Centro, ter novas ofertas, novas palestras, novas conferências, novas temáticas arqueológicas… chamar também a atenção para o Castelo do Zêzere, confinante com o concelho de Constância, para podermos dar mais-valias aos territórios e, no fundo, aquilo que todos nós ambicionamos que é mais visitação e mais riqueza para as pessoas que cá estão.
A comprovar a dinâmica, está o facto de Vila Nova da Barquinha ter sido o único concelho do Médio Tejo a ver a sua população a aumentar…
Os últimos números que tivemos da DGAL - Direção Geral das Autarquias Locais, assinalam que passámos de 7.047 para 7.500 habitantes. Devido, muito provavelmente à centralidade, à A13 e A23, à proximidade da linha do caminho de ferro que, devido ao trabalho feito pela Comunidade Intermunicipal, tem o passe social acessível. E sim, Barquinha tem aqui alguma procura. Também estamos a crescer em população escolar e isso significa que estamos a caminhar bem.
Isso levanta outra questão: como é que Vila Nova da Barquinha está a resolver a sobrelotação das escolas?
Principalmente no Ensino Básico e nos Jardins de Infância é uma preocupação. Os equipamentos estão dotados para alguma capacidade de resposta, estavam adaptados à realidade que tínhamos, e verifica-se alguma procura de deslocalização de outros concelhos, também devido à sobrelotação que existe, principalmente do concelho do Entroncamento. Estamos, de facto, a sofrer alguma pressão mas esperamos resolver e ultrapassar este problema no início do ano letivo. É um problema que nos surge, não estávamos à espera, mas temos que ser ecléticos, ser dinâmicos e temos que nos adaptar à realidade do dia a dia.
Que projetos tem o Município da Barquinha no âmbito do PRR?
No PRR, temos já aprovados 3 milhões e 100 mil euros para o 1.º Direito, nomeadamente para habitação social, recuperação de algum edificado na Moita do Norte e também na Praia do Ribatejo. Vamos intervir em sete vivendas e construir algumas. No âmbito do arrendamento acessível, vamos criar 12 fogos junto da Santa Casa da Misericórdia. São contratos que estão firmados e assinados e já vêm do antecedente e que queremos cumprir e executar até 30 de junho de 2026.
A quem se destinam estas habitações?
As regras são fixadas pelo IHRU – Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, através de Portaria, e diz quem são as famílias que podem ser candidatas a este tipo de arrendamento. Estas são, para já, as nossas necessidades neste âmbito mas não podemos esquecer a iniciativa privada. Neste momento, Vila Nova da Barquinha tem vários projetos privados em desenvolvimento, nomeadamente na Moita do Norte, com a criação de uma urbanização de 40 fogos e outra na Quinta do Lagarito com a criação de 12 fogos. Ultimamente têm entrado muitos projetos na área do Urbanismo na Câmara Municipal, com projetos significativos de regeneração e recuperação, mas também construção nova.
Sabemos bem da procura e da escassez de habitações, ao que se junta os preços altíssimos das habitações no concelho. Quem é que está a procurar a Barquinha?
Tem havido famílias novas da nossa região que se instalam em Vila Nova da Barquinha. Não podemos esconder que tem a ver com a qualidade de vida que fazemos aqui.
Mas estamos a falar de uma classe alta...
Sim, classe média alta. Muito devido à qualidade de vida. Quer à excelência do Parque Ribeirinho, quer das próprias infraestruturas escolares que são todas novas e requalificadas. Isso tudo conta na decisão final da aquisição de habitação própria permanente e tem um reflexo significativo, não podemos negar.
Fundo de Transição Justa. Que trouxe à Barquinha?
Temos três projetos aprovados para Vila Nova da Barquinha, comparticipados pelo IAPMEI, Agência para a Competitividade e Inovação, que são as empresas EMI - Modular Facade, que trata de construção modular encaixada (...) pronta a utilizar e que ronda os 15 milhões de euros, a implementar na nossa zona industrial, onde ocupará um quinto do parque industrial. Este projeto já deu entrada. Há também a José Neves & Companhia, cuja obra está concluída, e é uma unidade de embalagens de cartão em grandes formatos para fornecimento de cadeias de valor que estão a trocar as embalagens plásticas por embalagens de cartão devidamente certificadas. É um projeto que ronda os cerca de 8 milhões de euros e que será inaugurado dentro em breve. Será o primeiro projeto a ser inaugurado no nosso território, com a presença da CCDR-C, no âmbito do Fundo de Transição Justa. Há ainda a Vedamisto, Lda, que adquiriu os últimos lotes disponíveis na zona industrial, com uma unidade totalmente robotizada e que trabalha na área do aço e vedações, com um investimento na ordem dos 6 milhões e 100 mil euros. São estes os valores adjudicados para o nosso concelho.
Há também a questão do alargamento do Parque de Negócios. Já conseguiu os terrenos que estavam alocados ao Bark?
Não, estamos a aguardar. Falta uma resposta do Banco de Portugal. Eu não queria cortar esse projeto do Biopark.
Ainda acredita?
Ainda. Eu sou um homem de fé. Claro que com as cautelas devidas. Se a questão não avançar, já sabemos qual é a solução, que será a fase 3 da zona industrial. Mas não vamos desistir de um projeto. Se esperamos já desde setembro de 2018, há quase seis anos, agora que só falta uma resposta do Banco de Portugal, aguardemos. Não é por mais dois meses que a zona industrial deixa de ser ampliada.
Se não for nos terrenos do Bark, a zona industrial tem mais por onde crescer?
Claro que sim. Já tivemos o cuidado de inscrever no Investimento Territorial Integrado - fundos comunitários do Portugal 2030 - um milhão e cem mil euros para a construção de infraestruturas dessa zona industrial. Se o projeto do Biopark avançar, a cedência do terreno a essa entidade rondará muito perto do meio milhão de euros e esse valor será também para a zona industrial, no sentido de alavancar alguns investimentos. Há outros investimentos que estão na calha mas dos quais ainda não posso falar. Posso apenas adiantar que se trata de muitos hectares e confinante com a nossa zona industrial. Por outro lado, estamos a ver se conseguimos adquirir os terrenos que foram apontados ao Galaxy Park e que vão até à A23. Estamos a tentar negociar com o proprietário os cerca de 80 hectares.
Falta um pouco mais de um ano para terminar o mandato. O que é que ainda não está mas que quer deixar feito?
Há tanto para fazer... Mas, acima de tudo, quero deixar as coisas organizadas. Isso é fundamental. Queria deixar o projeto da zona industrial e zona envolvente já preparado para quem vier a seguir. Os fundos comunitários estão negociados até 2030. Já está tudo planeado, tudo estruturado, com conhecimento e participação de todo o Executivo e da Assembleia Municipal. Neste mês de junho vamos agora apresentar como foi negociado o ITI - Investimento Territorial Integrado para todos ficarem a conhecer o que foi acordado e negociado e respetivos financiamentos para todos os projetos que vão acontecer até 2030. Depois, com honestidade e transparência, tentar fazer o máximo possível. Até final do mandato, queria requalificar muitas estradas do concelho, essencialmente nas zonas mais rurais e uma intervenção na Estrada Nacional 3. Mas é deixar tudo pronto, com uma situação financeira estável no Município e deixar tudo em conformidade para que seja uma transição pacífica.