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Bombeiros

Todos os partidos disseram ‘são uns heróis’, mas continua tudo na mesma - Liga Bombeiros (c/áudio)

21/10/2024 às 16:38
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“Estes dias têm sido atribulados porque o nosso único inimigo é o fogo. Temos uns que não são tão amigos. Os políticos. O governo.” Foi este o mote da intervenção de Clemente Mitra, representante da direção da Liga dos Bombeiros de Portugal, para a sua intervenção na comemoração dos 71 anos da corporação de Sardoal.

Começando por falar no recente protesto dos bombeiros, o dirigente da Liga lamentou o facto de não ter sido “permitido entrada dos bombeiros fardados para as galerias. Entraram pessoas vestidas de forma esquisita. Depois lá veio a indicação para podermos entrar. A luta dos foi dos Bombeiros Sapadores que convocados e lá estiveram”, indicou o dirigente que reconheceu, no entanto, ter havido alguns excessos.
Mas o tom crítico continuou quanto indicou que, para os voluntários, “vai ser aprovado o Orçamento de Estado (OE) com um aumento de pouco mais de 4% por cento. Vai dar 300 e tal euros a cada associação. Se o OE não estiver corrigido, a situação dos bombeiros só vai piorar.”

E continuou. “Os bombeiros voluntários não têm uma carreira, por mais pequena que seja.”
Clemente mitra revelou ter havido na sexta-feira, 18 de outubro, uma mesa redonda com todos os partidos na Liga. “Todos disseram, são uns heróis, os melhores do mundo.” E quando lhes foi dito que o aumento previsto não chega “todos juraram a pés juntos que os bombeiros não podem passar por esta situação. E vão rever, na discussão do OE na especialidade, esta linha de financiamento.”

O dirigente da Liga continuou ao lembrar que depois de cada verão, “os bombeiros são esquecidos e são maltratados.” E deu exemplos de corporações, como Sintra ou Cascais gastam 3 Milhões de Euros nos bombeiros e depois “temos corporações no Alentejo em que os municípios gastam 14 mil euros.”
Na linha de defesa da Liga dos Bombeiros de Portugal sobre a classe, Clemente Mitra vincou que se Portugal “tivesse os bombeiros à escala da PSP ou GNR implicava uma despesa de 2,5 mil milhões de euros por ano. É impensável.”
E acrescentou que já foram revistas condições de uma série de profissões. Polícias. Médicos. Professores. “Dos bombeiros nem se fala.”

De seguida outro tema que é frequente nos dirigentes da Liga e que tem a ver com a coabitação bombeiros / Proteção Civil. O dirigente notou que “concordamos com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC)” como coordenadora de toda a proteção civil. Mas, o facto é que a ANEPC comanda os bombeiros e coordena os outros agentes. “Nós defendemos igualdade. Ou seja, a Proteção Civil a coordenar e os bombeiros a serem comandados por bombeiros.” Uma referência à existência de um comando nacional de bombeiros.

Depois outra crítica para as seguradoras. Clemente Mitra, indicou que os bombeiros têm seguros, mas que “têm de ser alteradas as suas coberturas.”

Indicou ainda que 1980 a 2024, 250 bombeiros tombaram em serviço. E quando de fala de seguros há situação que não deveriam existir, na ótica da Liga. “Um bombeiro que tenha um AVC em serviço não é considerado uma morte em serviço, mas sim morte de causa natural.” E deu um exemplo recente de algo que não pode continuar.

Clemente Mitra, Liga dos Bombeiros de Portugal

Já antes o comandante dos Municipais de Sardoal, Nuno Morgado, referiu ser “a favor de partilha com todas as entidades. Mas o Estado deve olhar para todos de forma igual. Só que, continuam a olhar de forma diferente para os corpos de bombeiros da administração local. Se fazem tudo o que os outros fazem, porque não temos as mesmas oportunidades, com contratos programa regulamentados e focalizados.” E disse ainda que mesmo “com esta discriminação, quase negativa, vamos continuar a responder a todas as ações da ANEPC.”

E a seguir Miguel Borges, presidente da Câmara de Sardoal, repetiu uma frase que disse, já lá vão uns anos: “A Proteção Civil está assente em pés de barro.” E explicou pensar que as coisas tinham mudado, mas não, porque voltámos a ter, em 2024, uma “Proteção Civil assente em pés de barro.” Isto porque, afirmou o autarca, viu na televisão situações que pensava terem sido “erradicadas” depois do ano negro de 2017.

Miguel Borges repetiu depois algo que tem vindo a dizer. Sardoal gasta 10% do seu orçamento com Proteção Civil e Bombeiros. Mas sublinhou que vê muitos municípios a fazerem pouco investimento nos seus bombeiros, mas com uma despesa de dezenas de milhares de euros em festas.