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Sociedade

Central do Pego: PSD questiona Governo e vereador questiona a Câmara

4/09/2019 às 00:00
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DR: Antena Livre

PSD questiona Governo sobre decisão de encerrar central do Pego em Abrantes

O PSD quer saber se o anúncio do encerramento da central termoelétrica do Pego, em Abrantes, em 2022, se baseou em “algum estudo ambiental e económico” e se o Governo tem um plano para mitigar os impactos da decisão.

Numa pergunta ao ministro do Ambiente e da Transição Energética, Matos Fernandes, entregue esta terça-feira no parlamento, os deputados sociais-democratas eleitos pelo distrito de Santarém questionam se a opção de encerrar a central do Pego antes da de Sines “teve por base algum estudo ambiental e económico que comprovasse a necessidade do seu encerramento ser feito antes das demais centrais a carvão”.

Os social-democratas lembram ainda que um investimento de 97 milhões de euros, realizado em 2009, permitiu o prolongamento em 15 anos da vida útil desta central termoelétrica e torná-la na “mais moderna da Península Ibérica”.

Os deputados perguntam se o Governo preparou “algum plano de redução de impacto social e económico nesta região e, em particular, no concelho de Abrantes” e se pondera “rever a decisão de não renovar/prolongar a licença para lá de 2022”.

Querem ainda saber se o Governo admite “alterar a licença de exploração e permitir a utilização de biomassa nesta central, contribuindo assim para a redução da importação de matéria prima e para a limpeza da floresta”.

O anúncio do encerramento da central do Pego em 2022 e da de Sines em 2030 surgiu no âmbito do Programa Nacional de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas, visando a redução do recurso a energias não renováveis como o carvão.

A pergunta, que tem como primeiro subscritor o deputado Duarte Marques, lembra que a licença de exploração da central do Pego termina no final de 2021 e alerta que “os impactos, quer energéticos, quer da própria economia local, não se preparam ou preveem de improviso”.

Os deputados salientam que a central emprega cerca de 300 trabalhadores “e é um parceiro fundamental para dezenas de empresas da região”, pelo que “o possível encerramento desta unidade sem qualquer plano alternativo, quer para esta empresa, quer para os seus trabalhadores, seria catastrófico para a região”.

“Considerando a realidade atual desta unidade e as necessidades do país, acreditamos que, quer o Governo quer os acionistas da Tejo Energia, não pretendem o mero encerramento da central do Pego. Das duas uma, ou entendem prolongar a licença de produção para lá de 2021, ou encontrar uma alternativa para o Pego como, por exemplo, o recurso à biomassa”, afirmam.

Para os deputados, esta solução permitiria retirar da floresta a biomassa existente na região, que é “uma tremenda ameaça à segurança”, além dos benefícios para a economia, defendendo a criação de “condições e incentivos para apoiar a transformação desta unidade”.

“Tendo em conta o contexto regional e local, a existência de uma central de biomassa pode constituir também uma importante alavanca para a melhor gestão do território, sobretudo florestal, da região”, salientam.

 

Vereador do PSD também questiona Câmara de Abrantes

Também esta terça-feira, 3 de setembro, o vereador do PSD na Câmara de Abrantes questionou o Executivo acerca do acompanhamento que tem vindo a ser feito desta situação.

Rui Santos, que já havia feito a questão anteriormente, explicou que insiste no tema porque “para que toda a gente perceba, sensivelmente a menos de um ano, a empresa vai ter de apresentar um plano de desmantelamento daquele equipamento. E a partir do momento em que apresentar o plano de desmantelamento, acabou”.

O vereador adiantou ainda que “as licenças terminam em 2021” e deixou a questão: “será que realmente se vai enveredar pela situação da biomassa? Será que isso é viável?”

Rui Santos lembrou que “são mais de 150 postos de trabalho diretos, fora os indiretos” e considerou “que deve ser uma preocupação grande deste Executivo estar a par desta situação porque podemos ter aqui, daqui a uns meses, um problema social muito grande”.

O presidente da Câmara Municipal de Abrantes confirmou que esta é, inequivocamente, “uma questão que nos deixa preocupados” mas lembrou que o investimento é privado.

Manuel Jorge Valamatos já reuniu com a Administração da empresa, como o ministro da Energia e até com o secretário de Estado. Afirmou que também a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo vai reunir na Central Termoelétrica do Pego onde a empresa vai apresentar “estudos de impacto económico”.

O autarca afirmou que a Central está a fazer estudos acerca da questão da Central de Biomassa. “A empresa está a fazer o seu trabalho, e bem, e eu estou muito atento” mas lembrou que a empresa é privada.

O “problema já foi levado à Comunidade Intermunicipal do Médio e, inclusivamente, a outra Comunidades porque não é um problema social só de Abrantes, tem uma dimensão muito maior”, explicou Manuel Jorge Valamatos.

“Estou a acompanhar. Fiz tudo o que a Central me pediu para colaborar institucionalmente (…) vamos encaminhar um reunião com o ministro da Agricultura e com o secretário de Estado. Está aqui muita coisa em jogo mas há estudos que estão a ser feitos por parte da Central”, disse o presidente.

Já o vereador do Bloco de Esquerda considerou “injusto colocar o peso da responsabilidade social em cima da Câmara”. Armindo Silveira lembrou que “a PEGOP nunca renegou a sua responsabilidade social” mas que, “e óbvio que é uma questão que deve incomodar toda a gente “.

O vereador lembrou que o Bloco de Esquerda “defende o encerramento da Central do Pego nos prazos que foram anunciados e também da Central de Sines, por uma descarbonização da economia e para uma transição para as energias renováveis”.

Já no que diz respeito à Central de Biomassa, Armindo Silveira afirmou que “os impactos não são certos” mas “certo é que o Bloco de Esquerda não apoiará a reconversão para a biomassa se isso incluir atribuição de rendas a uma empresa, num mercado que é livre”.

C/ Lusa