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Astronomia O céu de setembro de 2023

31/08/2023 às 18:30
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O início deste mês será uma boa ocasião para apreciarmos a forma coma a Lua se desloca para leste ao longo do tempo. Enquanto pelas vinte e duas horas e meia da primeira segunda-feira do mês o nosso satélite natural irá nascer junto do planeta Júpiter, pelas vinte e três horas do dia seguinte assistiremos ao nascimento da Lua junto do Sete-Estrelo. Este último consiste num conjunto de estrelas que se formaram juntas (ao qual se chama aglomerado estelar) que parecem enxamear o dorso da constelação do Touro. A seu turno, no dia seis terá lugar o quarto crescente, com a Lua a surgir junto aos chifres da constelação do Touro pouco antes da meia-noite.

No dia doze a Lua irá atingir o seu apogeu, o ponto da órbita mais afastado da Terra, estando a cerca de quatrocentos e seis milhares de quilómetros de nós. Aquando desta efeméride a Lua situar-se-á entre as constelações do Leão e do Caranguejo, Junto a esta última constelação iremos encontrar Vénus, planeta que por estes dias se apresenta como estrela da manhã.

A lua nova irá ocorrer durante a madrugada de dia quinze. Esta fase lunar acontece quando a Lua está na direção do Sol, não permitindo a sua observação. Assim, só voltaremos a ver a Lua ao início da noite de dia dezasseis, altura em que estará tão próxima da direção do planeta Marte que, na América do Norte, será mesmo possível assistir à passagem Lua em frente deste planeta. Na noite de dia dezassete a observação da Lua será mais fácil, pois esta será vista mais para leste, situando-se junto da estrela Espiga da constelação da Virgem.

No dia dezanove o planeta Neptuno estará em oposição, i.e., a posição diametralmente oposta à do Sol, Apesar de esta ser a ocasião em que Neptuno está mais próximo de nós, apresentando o seu lado voltado para nós totalmente iluminado pelo Sol, a sua observação continuará a requerer o uso de um telescópio ou uns bons binóculos.

No dia vinte e um comemorar-se-á o vigésimo aniversário do final da missão Galileu, pertencente à agência espacial estadunidense NASA. Este projeto consistiu no envio de uma sonda espacial (de igual nome) até ao planeta Júpiter, de modo estudar a composição da sua atmosfera, e conhecer melhor as suas luas. Durante catorze anos, os dados do satélite Galileu permitiram conhecer melhor o vulcanismo da lua joviana Io, apoiam a possível existência de um oceano por baixo da superfície da lua Europa (apontando para idêntica possibilidade no caso das luas Ganimedes e Calisto), assim como permitiram descobrir um finíssimo sistema de anéis orbitando ao redor de Júpiter. De modo a evitar uma potencial contaminação das luas jovianas, esta missão terminou com o mergulho da sonda Galileu na atmosfera de Júpiter. Este planeta e as suas luas continuam na nossa mente, tal é demonstrado pelo recente lançamento da missão europeia JUICE, a qual conta com participação portuguesa.

Um dia depois deste aniversário, o planeta Mercúrio irá atingir a sua maior elongação (afastamento) para oeste relativamente ao Sol. Esta efeméride dá-nos mais tempo para observar Mercúrio. No entanto, dada a sua posição no céu, será necessário ser-se bastante madrugador. Neste mesmo dia terá lugar o quarto crescente, ocorrendo uma hora depois do pôr-do-sol.

Pelas sete horas e cinquenta minutos de dia vinte e três, o movimento da Terra ao redor do Sol fará com este último seja visto sobre a linha do equador celeste (projeção do equador da Terra na esfera celeste). No nosso país chamamos a esta efeméride de equinócio outonal, pois a partir deste instante o hemisfério sul terrestre passa a estar mais iluminado do que o hemisfério norte, dando assim origem ao outono nesta parte do globo.

Na madrugada de dia vinte e sete a Lua será vista ao lado do planeta Saturno, o qual, por estes dias, se situa junto da constelação do Aquário.

Na madrugada de dia vinte e oito a Lua irá atingir o seu perigeu: o ponto da órbita lunar mais próximo da Terra (distando de nós pouco menos de trezentos e sessenta mil quilómetros). Por este motivo a lua cheia de dia vinte e nove, será ligeiramente maior do que é habitual, tratando-se da última das quatro superluas deste ano.

Boas observações!

Fernando J.G. Pinheiro (CITEUC e FCTUC)