Sociedade Mouriscas: Rota cultural e etnográfica mostra um “grande potencial que estava praticamente inacessível”
António Louro, de Mouriscas, no concelho de Abrantes, foi um dos responsáveis dos 38 projetos vencedores da 1ª edição do Orçamento Participativo (OP) Portugal, com a proposta “A Rota cultural e etnográfica das ribeiras da Arcês, Rio Frio e Rio Tejo”.
O Governo da República disponibilizou 3 ME para projetos propostos por cidadãos.
António Louro explicou à AL que a ideia surgiu por parte de um grupo de mourisquenses, já “com dezenas largas de aderentes”, que começaram o projeto pela limpeza de vários trilhos, nomeadamente na proximidade da ribeira da Arcês.
“Esta proposta está intrinsecamente relacionada com a tentativa de criarmos uma rota cultural e etnográfica das duas ribeiras, Arcês e Rio Frio. Esta última confina com o concelho de Mação e a de Arcês confina com o concelho de Sardoal e liga com o rio Tejo na zona onde existiu a Mata Real aqui em Mouriscas”, referiu.
Segundo António Louro, naqueles locais onde está prevista a implementação da rota “existe uma grande diversidade patrimonial, cultural, etnográfica, com açudes, azenhas, ruínas,”etc. O responsável lembrou ainda que os locais têm um “grande potencial que estava praticamente inacessível e que só existia nas memórias das pessoas mais antigas”.
Segundo a página oficial do OP de Portugal, a proposta prevê a “criação de uma rota pedestre de cariz cultural e etnográfica em zonas de intensos vestígios de património antigo e outro mais recente, nomeadamente: pontes e calçadas romanas, grutas, castelos, antas, lagares, azenhas, levadas, etc. Além de uma forte ligação cultural esta rota abrangerá também o domínio turístico e terá ainda uma componente religiosa, prevendo-se que a mesma possa passar na zona das capelas de Nossa Senhora da Lapa (Sardoal), Nossa Senhora da Tocha e Nossa Senhora dos Matos (Mouriscas-Abrantes). Esta rota fará ligação com duas rotas existentes no concelho de Sardoal (a PR3 e a PR5) e ainda com uma grande rota existente na margem direita do Tejo (a GR12)”.
Junto da Ribeira da Arcês é possível encontrar “cerca de 15 lagares e azenhas, vários açudes, vários quilómetros de levadas, 4 grutas, 2 pontes romanas, 1 barragem, 1 praia fluvial, 1 calçada romana, vestígios de um antigo castelo, inscrições antigas, vários destes locais são descritos em lendas que se encontram publicadas em livros”.
Por sua vez, na Ribeira de Rio Frio é possível passar por “cerca de 10 lagares e azenhas, uma ainda em funcionamento, vários açudes, vários quilómetros de levadas, uma anta, vestígios de extração mineira, uma grande charca e outros vestígios antigos”.
No Rio Tejo encontra-se “o canal de Alfanzira do tempo dos Filipes, restos do que foi a Mata Real de Alfanzira, muitas oliveiras milenares incluindo a mais antiga de Portugal com 3.350 anos, muitas pesqueiras, etc”, pode ler-se na informação disponível na página oficial do OP de Portugal.
O projeto tem a duração de 12 meses e um investimento de 80 mil euros.