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Sociedade

CTT: Central de Abrantes vai parar duas horas por dia. Autarcas da CIMT preocupados com constrangimentos

12/06/2020 às 00:00
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“A luta contra a desorganização da empresa” e “o pagamento do subsídio de almoço no cartão de refeição” são algumas das reivindicações que o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações de Portugal trazem para a greve que se está a verificar esta sexta-feira nas centrais de correios.

Víctor Narciso, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) disse à Antena Livre que a greve desta sexta-feira “está a decorrer com uma percentagem maior que a da greve anterior”, realizada a 29 de maio, “com uma adesão de 80,2%, referente a 4012 trabalhadores”. No entanto, o secretário-geral ainda não dispunha dos números oficiais de todo o país mas conseguiu acrescentar que, cerca do meio-dia, “temos mais 10% do que na greve anterior”.

 

As reivindicações

Quanto às reivindicações, “o número suficiente de trabalhadores para que o serviço postal universal e não só seja prestado com qualidade e atempadamente para que não haja aquilo que há agora, que são contentores de correio com registo e correio azul com quatro. Cinco, seis dias, encafuados nos centros de distribuição. Uma das reivindicações é exatamente essa: número suficiente de trabalhadores para seja prestado um serviço de qualidade”.

Outra das reivindicações “já está adquirida”, disse Víctor Narciso. “Os trabalhadores não aceitam e vão continuar a lutar pela questão do pagamento de subsídio de refeição através de um cartão de refeição. Com o pagamento que se fez o mês passado com o cartão de refeição, nós verificámos que os trabalhadores dos CTT estão a receber uma miséria. Há agora trabalhadores que, líquidos, passaram a receber agora 550€, outros 600€, 650€, e trabalhadores que já estão praticamente em final de carreira, com 35 e 40 anos de serviço, que recebem 1000€ ou 1050€. Estão, efetivamente, a ganhar pouco”. O secretário-geral adiantou que outra das lutas é pelos aumentos salariais onde “estamos a reivindicar aumentos de 90€ para todos os trabalhadores”.

Há ainda questões relacionadas com condições de trabalho “que têm a ver com instalações, higiene, falta de meios e uma desorientação que há neste momento na gestão dos CTT porque ninguém sabe o que é que anda a fazer”, denuncia Víctor Narciso, adiantando que “são os trabalhadores que vão para a rua e dão a cara”.

 

A luta em Abrantes

“Vamos lutar em várias localidades do país e Abrantes é uma delas”, afirmou Víctor Narciso que explicou depois que a greve local se vai realizar “de 29 deste mês a 10 de julho, duas horas por dia e com concentrações de trabalhadores em vários sítios da cidade que, atempadamente, serão indicados. E esta luta vai continuar”.

Com esta paralisação de duas horas durante 10 dias úteis, o secretário-geral do SNTCT diz que os trabalhadores de Abrantes pretendem “dizer à administração dos CTT que queremos ser geridos por gente séria, não queremos ser enxovalhados pelos clientes sem termos culpa”. Já aos clientes e utentes dos CTT, “às empresas e ao comércio, vamos dizer que esta greve, para além de questões internas dos CTT, é fundamentalmente para que o serviço de correios, quer o universal quer o restante, possa ser prestado com qualidade. Não é que os trabalhadores não saibam trabalhar ou não sejam profissionais, é porque não há trabalhadores em número suficiente”.

“Esta greve é para que as populações, empresas, comércio, tenham correio com qualidade e distribuído atempadamente”, assume Víctor Narciso.

Já à administração e acionistas dos CTT, “os trabalhadores têm ainda a dizer que queremos mais dinheiro porque não chega. Os aumentos salariais foram suspensos durante vários anos e depois passaram a ser de 0,7%, 0,8%, 0,9%... portanto, não chega”, declarou.

Questionado acerca dos trabalhadores necessários para que o centro de distribuição de Abrantes trabalhasse com normalidade, Víctor Narciso afirmou que, “em Abrantes, pelo menos mais seis trabalhadores na distribuição e pelo menos mais dois no atendimento”.

 

Autarcas do Médio Tejo preocupados com serviço deficitário do CTT

Na passada reunião do Conselho Intermunicipal desta CIM, realizada a 9 de junho, os autarcas demonstraram preocupação com o serviço deficitário que está a ser prestado pelos Correios de Portugal, situação, que se repete há já bastantes dias, e que nos tem vindo a criar alguns constrangimentos na nossa região, e na grande maioria dos municípios do Médio Tejo.

Num espaço de 15 dias, “os serviços dos CTT não estão a ser devidamente assegurados, estando vários setores afetados, não só através da rede de distribuição postal (carteiros), com também na rede de atendimento (lojas) provocando atrasos diversos na entrega de correspondência nos vários concelhos da nossa região”, informam os autarcas.

Esta preocupação prende-se com o facto dos atrasos que se têm verificado de uma semana, quinze dias, com a entrega de correspondência que acaba por chegar em alguns casos fora de prazo, e em algumas situações com pagamentos já vencidos.

“Numa altura em que o país já por si só se encontra fortemente debilitado fruto da pandemia que nos assola, a COVID-19, é de lamentar que situações destas aconteçam neste período. As empresas estão a passar por inúmeras dificuldades, muitas delas já em situação de layoff, e vêm-se condicionadas nas entregas e recebimentos de encomendas junto dos serviços dos CTT”, afirma a CIMT em comunicado.

Face aos constrangimentos diversos que se têm vindo a sentir nesta região, situação esta que é generalizada, os autarcas deliberam por unanimidade tornar pública esta preocupação, bem como transmiti-la aos CTT e à própria ANACOM”.