Pesquisar notícia
domingo,
30 jun 2024
PUB
Almaraz

CIM Médio Tejo satisfeita com anúncio do encerramento da central nuclear (c/áudio)

28/06/2024 às 10:06
Partilhar nas redes sociais:
Facebook Twitter

O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo classificou hoje de “absolutamente extraordinária” a notícia do encerramento da central nuclear espanhola de Almaraz, anunciada pela empresa pública ENRESA, responsável pela gestão dos resíduos radioativos de Espanha.

“É uma notícia absolutamente extraordinária e, se o Tejo verdadeiramente se pudesse manifestar, daria pulos de alegria. Eu acho que é uma notícia absolutamente extraordinária para o país, para a região, para o futuro das novas gerações”, disse à Lusa Manuel Jorge Valamatos (PS).

Para o autarca, que também preside à Câmara de Abrantes, “ter a expectativa que, até 2030, venha a acontecer o desmantelamento desta central nuclear, que tem uma relação de grande proximidade com o rio Tejo (…) é uma notícia que nos deixa a todos muito otimistas relativamente ao futuro e às questões do próprio equilíbrio ambiental que importa ter a todo o tempo presente”.

A empresa pública espanhola Enresa, responsável pela gestão dos resíduos radioativos, anunciou na terça-feira o início do processo de concurso para serviços de engenharia destinados ao desmantelamento da central nuclear de Almaraz, situada na província de Cáceres.

De acordo com o programa de operação e desmantelamento de instalações nucleares em Espanha, as datas de cessação de funcionamento das Unidades I e II de Almaraz estão previstas para novembro de 2027 e outubro de 2028, respetivamente.

A partir destas datas, será aberto um prazo de três anos para realizar a transferência de propriedade da central, atualmente nas mãos da Iberdrola, Endesa e Naturgy, para a Enresa para tratar de aspetos do desmantelamento, cujo prazo decorre nos 10 anos seguintes, ou seja, entre 2030 e 2041.

O presidente da CIM Médio Tejo sublinhou que a decisão de desmantelamento da central nuclear de Almaraz “defende o Tejo e protege-o, e às populações envolventes, de algum acidente nuclear”.

“Do ponto de vista também ambiental, é uma notícia absolutamente extraordinária para ter um planeta mais sustentável e mais equilibrado”, disse ainda, acrescentando que “vem potenciar e valorizar no futuro este ativo tão relevante para o nosso país e para a nossa região”.

Manuel Jorge Valamatos, presidente CIM Médio Tejo

A CIM Médio Tejo integra os concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha, todos do distrito de Santarém.

Em linha com esta posição estão os autarcas dos municípios ribeirinhos de Constância, Mação e Vila Nova da Barquinha, tendo todos declarado a importância da notícia em termos de sustentabilidade ambiental, turística e económica.

“Saudamos e felicitamos esta decisão do Governo espanhol. O rio Tejo é uma parte fundamental da estratégia de desenvolvimento destes concelhos que por ele são banhados, que têm atividades ligadas ao mesmo, como a pesca e o lazer, e qualquer problema que existisse ali iria inviabilizar toda a vida que o rio tem atualmente. É uma notícia muito positiva e que recebemos com agrado”, disse à Lusa Sérgio Oliveira (PS), presidente da Câmara de Constância.

O autarca de Mação, Vasco Estrela (PSD), disse por sua vez ter recebido a notícia “com natural agrado”, tendo indicado que a mesma “representa o início do fim de uma ameaça, de uma inquietação, para as populações”.

“Havia sempre aquele perigo de algo correr mal, de algum desconhecimento daquilo que podiam efetivamente ser as consequências para as populações e para o nosso ambiente”, em caso de um acidente ou derrame de resíduos nucleares, explicou.

Mais a jusante do Médio Tejo, o presidente do município de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire (PS), disse que o desmantelamento da central nuclear é “uma excelente notícia” porque o território “vive muito da parte turística, quer do próprio castelo do Almourol, quer do Parque de Escultura Contemporânea, quer também dos recursos endógenos, nomeadamente os festivais gastronómicos dedicados ao peixe” do rio.

“Penso que será uma excelente notícia para a nossa região, para o ambiente, para todos nós e para a saúde pública, essencialmente”, declarou.

A central de Almaraz está situada junto ao rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.

Em operação desde 1981 (operação comercial desde 1983), a central está implantada numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.

Lusa