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Incêndios

Área ardida mais do que triplicou este ano face a 2021 e é a maior desde 2017

12/10/2022 às 18:49
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A área ardida mais do que triplicou este ano em relação a 2021, tendo os incêndios rurais consumido até ao final de setembro 109.514 hectares, o valor mais elevado desde 2017, segundo os últimos dados oficiais.

O relatório provisório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), hoje divulgado, indica que, entre 01 de janeiro e 30 de setembro ocorreram 10.168 incêndios rurais que resultaram em 109.514 hectares (ha) de área ardida, entre povoamentos (54.557 ha), matos (43.872 ha) e agricultura (11.085 ha).

Em comparação com o mesmo período de 2021, a área ardida aumentou 309% este ano, tendo as chamas consumido mais 82.796 hectares, e os incêndios aumentaram 43%, ao registaram-se mais 3.060 fogos.

“Comparando os valores do ano de 2022 com o histórico dos 10 anos anteriores, assinala-se que se registaram menos 27% de incêndios rurais e mais 15% de área ardida relativamente à média anual do período. O ano de 2022 apresenta, até ao dia 30 de setembro, o quinto valor menos elevado em número de incêndios e o quinto valor mais elevado de área ardida, desde 2012”, lê-se no relatório.

Os dados provisórios mostram que os anos com mais área ardida na última década, até 30 de setembro, foram 2017 (249.852 hectares), 2016 (162.848), 2013 (156.710) e 2012 (117.250).

Por sua vez, os anos com maior número de fogos foram 2012 (24.428), 2013 (21.477), 2015 (18.330), 2016 (13.995), 2017 (16.628) e 2018 (10.343).

Segundo o ICNF, o maior número de incêndios deflagrou nos distritos do Porto (2.452), Braga (1.136) e Vila Real (849) e foram “maioritariamente de reduzida dimensão” ao não ultrapassam um hectare de área ardida, mas o distrito mais afetado em área ardida foi o de Vila Real (25.384), representando mais de 23% da área total ardida até 30 de setembro.

Outros distritos com mais área ardida foram Guarda, com 25.378 hectares (cerca de 23% do total), e de Leiria, com 10.631 hectares (cerca de 10% do total).

O ICNF precisa que também foram os concelhos da Guarda, Manteigas, Covilhã, Vila Real e Ourém os mais afetados.

O documento mostra igualmente que, em 2022, os incêndios com área ardida inferior a um hectare são os mais frequentes, representando 82% do total de incêndios rurais, e até 30 de setembro registaram-se 17 grandes incêndios, com área ardida superior ou igual a 1000 hectares.

O maior incêndio até à data foi o que começou a 06 de agosto no concelho da Covilhã e que atingiu a zona da Serra da Estrela ao longo de 11 dias, tendo consumido 24.334 hectares de floresta, seguido do fogo no concelho de Murça (Vila Real) que em julho provocou 7.184 hectares de área ardida

De acordo com o documento, julho é o que apresenta maior número de incêndios rurais, com um total de 2.642 incêndios, o que corresponde a 26% do número total registado este ano, sendo também esse mês o que regista maior área ardida, 50.088 hectares, o que representa 46% do total.

O relatório dá também conta que mais de um quarto dos incêndios rurais registados este ano teve como origem o fogo posto, sendo a segunda causa mais frequente depois das queimas e queimadas

Segundo o ICNF, o incendiarismo, designadamente de pessoas imputáveis, foi responsável por 27% do total dos fogos registados até setembro.

As queimas e queimadas representam 41% do total das causas apuradas, nomeadamente as queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (21%) e queimadas para gestão de pasto para gado (13%).

De acordo o documento, 8% dos incêndios foram devido a motivos acidentais, como uso de maquinaria e transportes e comunicações, e a reacendimentos.

O relatório ressalva que 89% dos incêndios rurais verificados este ano foram investigados e têm o processo de averiguação concluído. Destes foi possível atribuir uma causa a 63%, ou seja, dos 10.168 fogos registados até 30 de setembro, a investigação permitiu a atribuição de uma causa a 5.731, responsáveis por 87% da área total ardida.

O ICNF refere ainda que o valor de área ardida real (109.514 ha) corresponde a 72% da "área ardida ponderada", o que significa que a área ardida no ano de 2022 é inferior à área ardida "expectável" tendo em conta a severidade meteorológica (temperaturas elevadas, vento forte, ausência de precipitação e humidade relativa baixa) verificada.

Lusa