Ucrânia Abrantes tem tudo preparado para receber refugiados ucranianos (C/ÁUDIO)
O Município de Abrantes está com uma campanha de ajuda aos refugiados da Ucrânia, até esta sexta-feira, dia 14. O objetivo inicial, apresentado, foi juntar todo o tipo de ajuda, entre roupa, alimentação, artigos de saúde e alimentação para animais no sentido de os enviar para a fronteira da Ucrânia na próxima semana.
De acordo com a vereadora Raquel Olhicas, quando foi lançada a campanha, cujos donativos podem ser feitos nas sedes das juntas de freguesia do concelho e na Cruz Vermelha de Abrantes, nos horários de funcionamento, e 24 horas por dia nos Bombeiros Voluntários de Abrantes, o objetivo apontado era a recolha de, pelo menos, 24 toneladas de ajuda humanitária. Na altura a vereadora com a tutela da Ação Social no Município de Abrantes apontava a colaboração das farmácias do concelho, assim como empresas que estavam a fazer campanhas internas para recolha de bens.
Esta quinta-feira, a um dia do final desta campanha e à margem de uma Vigília pela Paz na Ucrânia, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, disse que está a ser “uma manifestação extraordinária, com muitas doações a chegar às juntas de freguesia e a todos os locais onde estamos a recolher. A comunidade abrantina está junta, está unida e mais uma vez, quando é preciso manifestar-se fá-lo com este sentido de união.”
Recorde-se que Abrantes vai receber refugiados ucranianos, ainda não se sabendo o número certo, mas há uma capacidade para acolher cerca de meia centena de cidadãso que fogem da guerra.
No sábado, dia 12, chegou a Abrantes um grupo de cerca de duas dezenas de refugiados que pernoitou na cidade antes da última etapa da sua viagem, que foi a cidade de Portimão. Tratou-se de um grupo de mulheres e crianças que vieram com os ex-militares de Abrantes que empreenderam uma viagem a Lublin, na Polónia, e depois à fronteira daquele país com a Ucrânia. Se dos 22 cidadãos que foram recolhidos pelos ex-militares, dois ficaram no Luxemburgo, três rumaram a Mação, para junto da família, os restantes jantaram no Centro Social do Pessoal da Câmara de Abrantes que lhes preparou uma refeição quente depois de cinco dias de viagem.
Manuel Jorge Valamatos esteve no sábado junto a estas pessoas, muitas crianças. E disse que sentiu que estas pessoas “estão perdidas, confusas pela complexidade desta situação.”
E o autarca acrescentou que todos nós poderemos imaginar como seria connosco: “de um momento para o outro sermos afastados das nossas casas, perdendo tudo, os laços de afinidade, os laços familiares, as suas casas (...) e as pessoas estão perdidas e muito fragilizadas. E estão cansadas. E todo o nosso carinho é sempre pouco.”
Manuel Jorge Valamatos
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) tem em trânsito vários autocarros que devem recolher na fronteira da Ucrânia com a Polónia cerca de uma centena e meia de refugiados, num grupo com idosos, mulheres e crianças.
Manuel Jorge Valamatos notou que os serviços do Município estão a acompanhar com as entidades governamentais estes fluxos e em estreita ligação com as entidades oficiais.
O presidente da Câmara de Abrantes voltou a repetir a disponibilidade do Município para poder fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que “estas pessoas tenham dignidade, quer no seu alojamento, quer na sua vida, como já fizemos com jovens, colocando-os na escola o mais rápido possível, para provocar uma reação positiva e possam ser integrados e, quem sabe, esquecer tudo aquilo que está a acontecer.”
Manuel Jorge Valamatos
O Centro Paroquial de Abrantes já manifestou disponibilidade para acolher cerca de três dezenas de refugiados. De acordo com o padre António Castanheira as obras de adaptação da casa paroquial de Abrantes e de um outro edifício na cidade estão praticamente concluídas para receber cidadãos ucranianos. A casa paroquial tem condições para receber oito a dez cidadãos enquanto que o outro edifício pode receber entre 20 a 22 pessoas.
O pároco revelou ainda que o Centro Social Paroquial irá providenciar as refeições já confecionada ou os alimentos para que estas pessoas possam tratar da confeção das refeições. Dependerá do tipo de refugiados, já que uma grande maioria serão crianças.
Padre António Castanheira
A CIMT tem em trânsito três autocarros que deverão trazer para esta região 150 refugiados que depois serão distribuídos pelos concelhos que já deixaram indicações sobre o número de pessoas que podem receber.