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Saúde

Novais Tavares: “Não estamos mal, já estivemos pior, mas penso que é possível melhorar”

27/12/2017 às 00:00
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António Novais Tavares é o Coordenador das Unidades de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal, cargo que acumula “com todo o meu ficheiro porque disse que não deixaria as minhas consultas para trás”.

À pergunta de como anda a saúde dos utentes da região, é perentório: “já esteve pior!”

“Apesar de, neste momento, as coisas estarem bem melhores, ainda esperamos que fiquem muito melhores”, afirma, convicto.

Os médicos são um dos fatores principais para melhorar a saúde. “E não só médicos como também enfermeiros, na medida que também estamos à espera de enfermeiros novos, num concurso que abrirá este ano”.

Quisemos saber como está a situação da colocação de médicos na região e Novais Tavares explicou que “em Constância, o doutor Fernando Siborro foi substituído, e neste momento Constância está com três médicos o que, para já, é suficiente para a população”.

Em Sardoal, o médico de família que estava e saiu, teve que ser substituído por um médico contratado “pois não tivemos hipóteses de ser aberto concurso em tempo útil”. No entanto, em relação a um passado próximo, “está muito melhor”.

A situação em Abrantes também se alterou. “Em concurso, recebeu mais quatro médicos especialistas em medicina familiar, tendo ficado uma médica no Rossio, duas em Tramagal (uma delas tendo ficado também com S. Miguel do Rio Torto) e um médico em Bemposta. Neste momento, Abrantes só tem um médico contratado, que faz Carvalhal e Pego. Logo que haja outro concurso, poderá ter que ser substituído por outro médico de família”.

O concurso, espera-se que seja em março ou abril.

Relativamente à mudança do Centro de Saúde de Abrantes para o edifício da antiga Casa de Saúde, também deverá ocorrer durante o ano de 2018, até porque se iniciarão as obras de requalificação e aumento do Serviço de Urgência na unidade hospitalar.

Com o edifício que vai acolher a Unidade de Saúde Familiar (USF) em Rossio ao Sul do Tejo praticamente concluído – espera-se que a obra seja entregue no início deste ano – fica a faltar o equipamento, responsabilidade da Administração Regional de Saúde (ARS), e a equipa médica e de enfermagem. Esse é, para já, um processo que ainda está aberto.

Quanto à prevalência de doenças na região, são “essencialmente, doenças associadas ao envelhecimento. São doenças degenerativas, osteoarticulares, hipertensão, diabetes... porque temos taxas de envelhecimento muito grandes em todas estas unidades”.

O facto de, nos últimos tempos, aparecerem casos de tuberculose e outras doenças epidemiológicas “fica a dever-se a várias situações. No caso de pessoas mais novas, tem muito a ver com casos de toxicodependência. Mas ao nível da população em geral, não há prevalência de casos desses. Quando aparece é muito esporádico e já há algum tempo que não temos nenhum. Quanto às infecto-contagiosas, são as doenças banais, desde a gripe à amigdalite e coisas do género”.

Ultimamente, cada vez mais nos defrontamos com casos de Demência, Parkinson e Alzheimer e “isso nota-se mais nos diabéticos. Tem a ver com as novas condições de vida, comportamentos, alimentação... estão a aparecer mais e mais cedo”.

A população idosa é sempre um dos grupos de risco que mais preocupação acarreta. Em Mação, a resposta social tem uma “excelente oferta em termos de instituições de apoio”. Nos outros sítios, também temos capacidade de oferta. Mas nem toda a população idosa está institucionalizada. “Uns porque não querem, outros porque a família não quer. Claro que tem vantagens o facto de as pessoas estarem em casa, desde que sejam bem tratadas. Mas também sabemos que muitos ficam nessa situação para não pagarem, porque a reforma dá jeito”, revela António Novais Tavares.

Já os idosos que vivem em populações mais isoladas, estão mais desprotegidas e “é muito importante que as unidades de saúde dêem resposta, pelo menos em termos de domicílio. E na nossa zona estão a dar”.

No mês de janeiro está previsto que se atinja o pico da gripe mas, para já, nas Unidades de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal, não há um plano de contingência “porque as Unidades de Mação e de Abrantes vão dar resposta”, afirma Novais Tavares.

E explica que “em Mação, temos consulta de recurso três dias na semana e estamos abertos sempre aos sábados, domingos e feriados. Damos resposta. Em Abrantes, todos os dias, de manhã e de tarde, vai haver consultas de recurso e consegue perfeitamente dar resposta. Já em relação a Sardoal e Constância, foi um bocadinho mais problemático mas consegui que todos os médicos façam alguma intersubstituição entre eles, no caso de algum não estar, para haver sempre médico”.

Já a taxa de vacinação da gripe na região é bastante elevada, “estando os grupos de risco praticamente todos vacinados. E temos também muitas pessoas que se vacinaram, mesmo sem pertencerem a nenhum dos chamados grupos de risco”.

Conversa puxa conversa, quisemos saber a opinião do Coordenador das UCSP acerca da «moda» da não vacinação das crianças. António Novais Tavares informa que “isso é um problema grave a que estamos a assistir em toda a Europa. É que a vacina em si, não tem a consequência que tem a doença. E algumas doenças podem ser graves, inclusivamente podem deixar sequelas e até serem fatais”.

“Nas nossas Unidades, não temos assim um problema tão grave em termos de vacinação, o que não quer dizer que não comecem a aparecer. Porque já aparecem alguns casos. Felizmente, as restantes crianças estão vacinadas”, informa o Coordenador das UCSP.

Como prognóstico para 2018, Novais Tavares pensa “que vamos melhorar em termos de médicos. Não estamos mal, já estivemos pior, mas penso que é possível melhorar”.

Patrícia Seixas