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Tancos: Em aniversário da Arma e do Regimento de Engenharia Nº1, CEME diz que é preciso implementar “rigorosas medidas de controlo”

15/07/2019 às 00:00
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Créditos: Carolina Ferreira | Antena Livre

No dia 12 de julho, comemorou-se o 372º aniversário da Arma de Engenharia e o 207º aniversário do Regimento de Engenharia Nº1, em Tancos.

Uma cerimónia que foi presidida pelo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), General José Nunes da Fonseca e que contou também com a presença do Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Tenente-General Rui Davide Guerra Pereira, do Diretor Honorário da Arma de Engenharia, Major General Aníbal Alves Flambó, e do comandante do Regimento de Engenharia Nº1, Coronel de Engenharia Leonel José Mendes Martins, entre outras altas entidades.

Algumas das entidades presentes na cerimónia, com o Chefe do Estado-Maior do Exército ao centro

O dia começou com uma missa e uma homenagem aos militares de engenharia mortos ao serviço da pátria, com a colocação de uma coroa de flores no monumento em memória do “sacrifício supremo daqueles que deram a vida pela pátria”.

Pelas 10h45 deu-se início à cerimónia militar, com a tradicional continência ao CEME, seguida pela integração do Estandarte Nacional perante as forças em parada, constituídas por pelotões do Regimento de Engenharia Nº1, constituída por pelotões da Primeira Companhia de Engenharia de Apoio Geral, da Companhia de Pontes e da Companhia de Defesa Nuclear Biológica, Química e Radiológica e uma Companhia Mista constituída por um pelotão do Regimento de Engenharia Nº3 e um pelotão da Companhia de Engenharia de Combate Pesada da Brigada Mecanizada e também pela Banda do Exército.

Um dos momentos altos foi a condecoração do Estandarte Nacional à guarda da Direção de Infraestruturas, com a Medalha de Ouro de Serviços Distintos.

Momento de imposição de condecoração

Houve também a imposição de condecorações a militares e funcionários que servem ou serviram no Exército, bem como o desfile das forças em parada.

Na alocução alusiva à cerimónia, o Diretor Honorário da Arma de Engenharia, Major General Aníbal Alves Flambó, destacou a presença do CEME na cerimónia como representativa do “reconhecimento e incentivo do trabalho que, de uma forma competente e dedicada, diariamente é desenvolvido pelos soldados de Engenharia nos quatro cantos do mundo, desempenhando várias tarefas, dignificando e prestigiando o Exército de Portugal”.

Num dia em que se celebrou “um passado de 372 anos" da Arma de Engenharia e “um passado de 207 anos de um dos mais antigos Regimentos do exército português, o Regimento de Engenharia Nº1”, o Major General destacou também o “excelente relacionamento institucional entre os Municípios e a Arma de Engenharia, relacionamento que tem vindo a ser cada vez mais aprofundado, tendo como objetivo comum do desenvolvimento e bem-estar das populações” e a presença de várias entidades do Exército como "um forte estímulo às gerações mais novas".

Diretor Honorário da Arma de Engenharia, Major General Aníbal Alves Flambó

O Diretor Honorário da Arma de Engenharia disse também que é preciso viver “o presente com os olhos postos no futuro” e que “se relativamente ao passado o papel desempenhado pela Engenharia Militar foi primordial importância, podemos dizer que essa importância no presente não diminuiu”. Destacou também o apoio a várias unidades do Exército prestado pela Engenharia Militar, nomeadamente a nível de apoio no âmbito de infraestruturas, com 152 obras de construção e reabilitação no último ano, num total de 18 milhões de euros, bem como o apoio concedido a entidades como o ICNF, a ANEPC, a vários municípios e a participação em exercícios nacionais e internacionais, como foi o caso do trabalho desenvolvido em Moçambique, aquando do Furacão Idai e das cerca de 80 missões de inativação de granadas e outras tantas ações em países como RCA, Afeganistão e Iraque.

O responsável destacou, no entanto, que “O Exército, em geral, e a Engenharia, em particular, são confrontados com significativas limitações, no âmbito de recursos humanos, em praças, e também no âmbito de equipamentos [viaturas] e armamento”, mas salientou que é preciso “olhar para a frente, procurando garantir as condições necessárias ao cumprimento da nossa missão. Conscientes, por um lado, das dificuldades e desafios que temos que ser capazes de enfrentar. Mas por outro, mantendo a legítima expectativa do desenvolvimento futuro das capacidades da nossa área e assim preparar o legado para aqueles que nos vão suceder”.

DISCURSO DO CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

Discurso do Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Nunes da Fonseca

No seu discurso alusivo à cerimónia do aniversário da Arma de Engenharia e do Regimento de Engenharia Nº1, o Chefe do Estado-Maior do Exército fez uma alusão pessoal para referir “a elevada satisfação de retornar a um ambiente bem conhecido, onde as memórias se nutrem de pessoas e momentos marcantes e de enriquecedoras experiências adquiridas” e classificou a Engenharia Militar como um “corpo com tradições seculares e obra feita, abrangente e multifacetado, aberto à inovação e ao futuro”.

O General José Nunes da Fonseca deu destaque ao trabalho e empenho dos militares portugueses, afirmando que “também hoje é notória a ação da engenharia militar (…) e os militares de engenharia têm-se destacado no cumprimento de missões de paz e estabilidade no exterior do território nacional, na melhoria das condições de vida e no bem-estar das populações, da proteção animal e nas áreas de defesa nuclear, biológica, química e radiológica, assim como na inativação de explosivos”. Um esforço que tem sido “metódico, quase anónimo, e parcimonioso, sempre na estreita observância das prioridades fixadas e dos limitados recursos disponíveis, nomeadamente financeiros” e que tem permitido “responder aos requisitos de racionalização, renovação e adaptação das infraestruturas do exército, enquadrando-as nos moldes próprios ao século XXI”.

No entanto, o caso do roubo das armas de Tancos não ficou esquecido e está até bem presente na memória de todos.

A este propósito, o CEME referiu que “importa consolidar as lições extraídas de uma realidade negativa recente e de grande impacto mediático, implementando para tal as mais adequadas práticas e rigorosas medidas de controlo, interiorizando que nada deve ser deixado ao acaso ou ao esquecimento, pois eventuais desaires começam eventualmente por aquilo que devia ser feito e acabou por não ser”.

O responsável disse ainda que um dos desafios atuais do Exército é “atrair e reter” pessoas, “tornando-as tecnicamente bem preparadas, inovadores e com possibilidades de realização profissional”.

É também necessário “dar enfoque ao reequipamento”, esse que é um dos objetivos do Sistema de Combate de Soldado, um projeto transversal a todo o Exército que pretende ser uma mais-valia para os militares de Portugal numa altura em que, diz o CEME, “vivemos tempos de mudança”.

 

Reportagem: Ana Rita Cristóvão

Fotorreportagem: Carolina Ferreira