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Patrícia Gaspar visitou Comando Sub-Regional do Médio Tejo e falou de um verão “com potencial de risco elevado” (C/ Áudio e Fotos)

7/04/2023 às 19:23
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A funcionar desde o dia 1 de janeiro de 2023, o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Médio Tejo, está a funcionar em Praia do Ribatejo, no concelho de Vila Nova da Barquinha. Sob o comando de David Lobato e tendo como segundo comandante sub-regional João Pitacas, o Comando Sub-Regional está instalado numa parte da Escola de Praia do Ribatejo que sofreu obras de adaptação para adequar os espaços às necessidades operacionais de uma estrutura da Proteção Civil.

Esta quinta-feira, 6 de abril, as novas instalações receberam a visita da secretária de Estado da Proteção Civil. Patrícia Gaspar gostou do que viu e não poupou elogios quer aos operacionais, quer ao Município de Vila Nova da Barquinha, bem como à Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT).

A cerimónia teve início com a presidente da CIMT, Anabela Freitas, a explicar que a instalação do Comando Sub-Regional do Médio Tejo partiu do desafio do presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, em 2019, ao disponibilizar as instalações e do desejo de ver ali estabelecido “algo relacionado com a Proteção Civil”.

Anabela Freitas agradeceu ainda a “todos os operacionais que, desde o dia 1 de janeiro, prestaram trabalho aqui, no Comando Sub-Regional”, ainda sem as condições que o edifício hoje apresenta, pois, como reconheceu, “ainda não era com as condições ideais, mas as condições ideais nunca as teremos porque procuramos sempre mais”. Destacou assim “o trabalho, o profissionalismo e a disponibilidade” de todos os que ali trabalharam porque, “apesar das condições que tinham, a parte operacional nunca falhou”.

Agradeceu ainda ao comandante David Lobato e ao 2.º comandante João Pitacas “que têm sido excecionais, não só a apoiar aquilo que tem sido o trabalho feito, mas também – e eu acho muito importante em matéria de Proteção Civil – a planear o futuro”.

 

Seguiu-se mais um momento de agradecimento. Anabela Freitas comunicou que, “por proposta do senhor comandante Sub-Regional, foi aprovado na Comunidade Intermunicipal, um Voto de Louvor à equipa que integrou o FOCON Chile 2023”. Trata-se dos seis elementos do Médio Tejo que estiveram na Força Operacional Conjunta Nacional (FOCON) que, em fevereiro, se deslocou ao Chile para ajudar a combater os fogos florestais que assolaram aquele país da América do Sul. A FOCON Chile contou com um contingente de 144 operacionais, entre bombeiros, militares da GNR e pessoal médico.

“Foram bombeiros nossos, que se disponibilizaram a ir para o Chile, em nome de Portugal, e a quem queremos fazer um Voto de Louvor público, agradecendo a sua disponibilidade”, referiu a presidente da CIMT.

Foram assim distinguidos Nuno Morgado, comandante dos Bombeiros Municipais de Sardoal e que comandou a equipa do Médio Tejo, Custódio Marques de Oliveira, dos Bombeiros Voluntários de Ourém, Rui Alexandre, sapador bombeiro dos Municipais de Sardoal, Fernando Massa, sapador bombeiro dos Municipais de Alcanena, Luís da Silva, bombeiros dos Voluntários de Caxarias e Rui Ferreira, sapador bombeiro dos Municipais de Tomar.

Anabela Freitas lembrou que nos estamos a aproximar de mais uma época DECIR (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais) e desejou a todos “que consigamos fazer o melhor, não só na prevenção, mas também no combate. Quanto mais fizermos na prevenção, menos faremos no combate”. A presidente da Comunidade Intermunicipal deixou ainda a garantia de que a Proteção Civil pode contar com o Médio Tejo, “não só para a nossa região, mas para o nosso país e além-fronteiras se for necessário”.

Falou depois o presidente da Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Duarte Costa, que começou por informar a sua ligação pessoal a Vila Nova da Barquinha pois foi, durante muitos anos, “desde 1994”, a sua segunda casa, “ou a primeira casa pois passava mais tempo aqui do que em casa”, quando se encontrava ao serviço do Regimento de Paraquedistas e da Brigada de Reação Rápida, em Tancos.

Dada a sua proximidade, confessou que a instalação do Comando Sub-Regional do Médio Tejo em Vila Nova da Barquinha é “o resultado de um sonho” mas assegurou que se tratava de um sonho “que eu não poderia assumir com muita veleidade, até porque estou sujeito àquilo que são as minhas responsabilidades de tratar toda a gente como igual, e lembro-me que quando começámos a falar de onde é que seria o Comando do Médio Tejo, mantive-me sempre calado e voltado para a frente. Mas fiquei muito contente quando, finalmente, chegámos aqui a Vila Nova da Barquinha”.

Evidenciou a obra feita em três meses quando só havia “uma estrutura de tetos, janelas e colunas de cimento para ter, verdadeiramente, aquilo que eu considero um dos melhores Comandos Sub-Regionais que o país tem”. Reconheceu “o esforço imenso” feito pela Autarquia, pela empresa responsável pela obra, pelo comandante David Lobato: “quem te viu e quem te vê, agora até obras fazes” e pelo Corpo de Bombeiros de Vila Nova da Barquinha. “Isto só prova que juntos somos mais fortes”, declarou.

O presidente da ANEPC relevou ainda “o importantíssimo papel das autarquias neste processo de edificação de capacidades”. Assegurou que não é possível haver Proteção Civil sem as autarquias e que a ANEPC “acarinha tudo o que as câmaras têm feito em prol da Proteção Civil”. Duarte Costa considerou “fundamental o papel das autarquias” pois, como afirmou, “promove o alinhamento dos cidadãos”.

Deixou ainda uma palavra de reconhecimento pelo “papel preponderante de portugueses que representaram Portugal numa situação difícil, numa situação extrema”, referindo-se aos operacionais que integraram a FOCON Chile.

O brigadeiro-general lembrou ainda que “temos à frente uma campanha que é capaz de não se afigurar fácil”. Deu o exemplo do que já está a acontecer em Espanha com os fogos florestais, uma situação “à qual não podemos deixar de tomar atenção aos indicadores que temos para as questões que têm a ver com o risco de incêndio”.

Dos últimos 10 anos, 2023 é já o “segundo ano com o número mais elevado de ignições, o segundo ano mais elevado de área ardida”. Duarte Costa afirmou que “isto não quer dizer que siga sempre esta rota, mas há uma coisa de que temos que ter a certeza: temos que estar alinhados, profundamente preparados, coordenados e responsivos para tudo aquilo que são as necessidades que têm a ver com os incêndios”.

A Proteção Civil não são só os incêndios, realçou, “mas nesta época temos que estar focados nos incêndios”. O Centro de Comando Sub-Regional representa “uma maior proximidade com a região, uma maior proximidade com as pessoas”. Duarte Costa disse que “estamos no caminho certo para um sistema de que todos fazemos parte, de Proteção Civil mais alinhado com aquilo que os portugueses precisam. Porque no fim da linha, voluntários ou não, quem nos alimenta, quem nos paga, são os cidadãos. Estejamos nós à altura da aposta que os cidadãos todos fazem em nós, em todos os graus e qualidades”.

 

“O momento é intenso. O momento é forte. Assim o sinto. Assim o comunico”. Foram estas as primeiras palavras de Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha. E foi, efetivamente. Sem conseguir esconder a emoção, o autarca lembrou a distinção que lhe foi atribuída no 16.º aniversário da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. Disse entender que a medalha recebida “e que muito me honrou”, também é “contributo dos diferentes órgãos autárquicos municipais e de freguesia, com especial destaque para dirigentes, comando e bombeiros da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova da Barquinha que na pandemia Covid19, nos incêndios, no socorro a naufrágios, nos acidentes rodoviários e ferroviários, no transporte de doentes, no auxilio a pessoas idosas, sempre, mas sempre, tiveram uma atuação caraterizada pela abnegação e pela notável solidariedade para com o semelhante”.

“Numa comunidade e numa cultura onde a generosidade humana e a grandeza indulgente do homem, e das Instituições, nem sempre obtêm a gratidão devida quero aqui deixar público, e merecido, agradecimento a todos, com um especial carinho - e vão-me perdoar - para o “meu” corpo de Bombeiros”, afirmou.

Referindo-se ao Comando Sub-Regional, Fernando Freire referiu que “nada nasce do acaso, tudo nasce da visão e do sonho, da capacidade de antever, de interligar esse sonho com a visão estratégica e com o conseguir de meios para a sua concretização. Ontem foi o sonho, hoje e aqui nasce a obra. Uma obra de e para a região do Médio Tejo”.

No quadro de investimentos intermunicipais e municipais “estamos a preparar uma resposta integrada aos riscos naturais e antropogénicos ou causados pela atividade humana. Uma solução intermunicipal consensual. Assim como o será a aquisição meios materiais para os nossos corpos de bombeiros municipais e voluntários”, atestou o presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha. 

Fernando Freire revelou ainda que “sonhamos com a futura Base de Apoio Logístico, e o caminho faz-se caminhando, porque não há caminho, porque este só se faz ao andar. Com generosidade e com sentido de responsabilidade, temos o dever de nos preocuparmos com o futuro”.

O autarca terminou dizendo que “a viagem do Comando Sub-Regional do Médio Tejo na nossa região começou com um passo. Está dado. Agora, juntos, vamos continuar a caminhar”.

 

Foi depois a vez da secretária de Estado da Proteção Civil se dirigir aos presentes.

Patrícia Gaspar começou por falar de “um dia feliz”, para Vila Nova da Barquinha, para os 11 Municípios que compõem a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, para os 14 corpos de Bombeiros da região, para a ANEPC e “um dia muito feliz para o sistema de Proteção Civil”.

A governante relembrou que uma das maiores mudanças do sistema de Proteção Civil aconteceu este ano, com o fim dos 18 comandos distritais de operações e socorro (CDOS) e a serem substituídos por 24 comandos sub-regionais.

“Esta rede nasceu com partos muito difíceis, num processo muito árduo e que envolveu a todos”, referiu a governante. Patrícia Gaspar explicou que esta mudança de sistema se deve ao facto de “estarmos a viver um período de mudança que é mais global e que é muito importante” e que visa dois objetivos: um nacional, “que é estarmos mais próximos das populações que servimos, estarmos mais próximos dos agentes de Proteção Civil que têm um papel absolutamente crítico neste sistema”, e, numa escala mais estratégica, “alinharmos com aquelas que são as políticas internacionais, europeias, no âmbito da redução do risco de catástrofe”.

A secretária de Estado da Proteção Civil teve também uma palavra de agradecimento e relevou “o esforço” das autarquias, “que é quem está próximo dos territórios, quem conhece de forma muito próxima e muito clara, as comunidades e populações que servimos”. São, nas palavras da governante, “quem nos permite estarmos hoje numa situação e num patamar muito melhor do que aquele que tínhamos há 10 ou há 20 anos”.

Patrícia Gaspar associou-se também aos votos de louvor e ao reconhecimento feito aos elementos que estiveram no Chile a quem deu os parabéns e agradeceu a “disponibilidade”. Disse que “cada vez que Portugal envia uma Força para ajudar um país amigo (…) estamos a cumprir um objetivo fundamental como o da solidariedade internacional, porque todos nós sabemos que vai haver um momento em que qualquer país pode ver-se na iminência de não conseguir resolver com os seus próprios meios a situação que tem em mãos”.

Dirigindo-se aos seis elementos que integraram a FOCON Chile, Patrícia Gaspar apelidou-os de “embaixadores da boa forma de trabalhar do nosso país”.

Mas “estamos também a cumprir um outro objetivo tão ou mais importante: o de melhorar as nossas competências, melhorar a nossa capacitação, para responder depois cá dentro”.

 

Patrícia Gaspar garantiu ainda que estão a ser ultimados os preparativos para enfrentar um verão que se adivinha, “para já, com um potencial de risco elevado”. A secretária de Estado salientou que “todos os indicadores que temos, quer nacionais, quer europeus, apontam para a probabilidade de um verão quente, de um verão seco e de um verão onde poderemos ter que enfrentar, novamente, importantes desafios”.

Patrícia Gaspar a assumir que “o problema” dos incêndios florestais “não está resolvido” e “se calhar, nunca vai estar resolvido. O trabalho de “preparar, capacitar, prevenir, organizar o território, limpar as nossas florestas” tem que ser feito todos os anos e “envolve a todos”.