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Constância: Bombeiros Voluntários com dificuldades financeiras e em risco de parar serviço

19/12/2016 às 00:00
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Uma denúncia anónima chegou esta manhã à Antena Livre, a dar conta que os Bombeiros Voluntários de Constância têm em falta os ordenados referentes ao passado mês de novembro.

Na denúncia, enviada por email, é possível ler-se que os “Bombeiros Voluntários de Constância (…) até ao dia de hoje, 19 dezembro, ainda não receberam os seus ordenados do mês de novembro e supostamente subsídios de Natal”.

“É vergonhosa esta situação, pois se há alguém que merece o nosso respeito são estes soldados da paz (…) esta situação já se repetiu várias vezes e ultimamente tem-se arrastado nestes últimos meses”, acrescenta a denúncia.

“O caos instala-se e os trabalhadores já pensam em ter de parar de transportar os doentes exigindo assim os seus recebimentos...é uma vergonha esta situação”, pode ler-se.

Em declarações à Antena Livre, Adelino Gomes, comandante dos Bombeiros Voluntários de Constância, avançou que os vencimentos “não estão em atraso na totalidade (…) neste momento, falta pagar perto de um terço dos vencimentos e alguns prémios”.

Questionado sobre os vencimentos do próximo mês e subsídios de Natal, “vai ser muito complicado para já. Não é má vontade nossa, tem a ver com o facto de termos faturado para o CHMT cerca de 150 mil euros, que não têm sido ressarcidos. Não estou a dizer que neste momento é isto que nos devem, estou a dizer que é o que está faturado.  O que nos devem são dois meses que já deviam ter sido pagos, agosto e setembro”.

“O IPO de Lisboa deve-nos 45 mil euros. Entidade que temos pressionado fortemente para nos pagar”, acrescentou o responsável.

“O serviço de saúde, de onde provém a nossa principal fonte de rendimento, não tem cumprido com os seus deveres e nós percebemos que há aqui engenharias financeiras por causa do défice, etc, mas o que é certo é que estão asfixiar todas as associações e empresas que estão ligadas ao sistema de saúde”, fez notar.

Sobre os fogos florestais, Adelino Gomes disse que a cooperação também tem de ser ressarcida: “já pagámos muitas despesas que tivemos e estão por receber perto de 40 mil euros, que normalmente são pagas até ao fim do mês de novembro. Não foram ainda e não há previsões”.

O comandante disse que no futuro poderá estar em causa o transporte de doentes: “temos feito um esforço muito grande, para ultrapassar isto. Para podermos faturar e para poder cumprir os compromissos que temos com o CHMT, mas temos de ter combustível para pôr nas ambulâncias. Nós já alertámos que a situação está a complicar-se e que isto é uma bola de neve. Pode acontecer e, devido ao facto de não podermos pôr combustível, podemos ter de parar os transportes de utentes. Quem sofre são os doentes e quem carece do Serviço Nacional de Saúde”.

As ajudas para com a situação são constantes, mas começam a esgotar-se. Adelino Gomes avança mesmo que, depois do Natal, a prestação de serviço pode estar em causa: “até ao Natal, e numa boa vontade, talvez acabemos por conseguir aguentar. Depois do Natal não sei se vamos conseguir suportar mais, porque entretanto esgotam-se as ajudas possíveis, da Câmara, de alguns amigos, etc”.

Sobre a denúncia anónima, o comandante disse que a pessoa que a fez “tem pouca noção do problema. Eu percebo que queiram resolver o problema e eu também estou no mesmo barco, mas temos de ter aqui alguma compreensão”.

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância tem a receber 320 mil euros pelo serviço de saúde prestado e reúne uma dívida de cerca de 110 mil euros.

“Tínhamos um rácio de conforto muito grande se nos pagassem”, finalizou o comandante.