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Tagus

Associação do Ribatejo Interior inicia projeto de valorização das artes e ofícios tradicionais

13/01/2023 às 17:05
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Identificar, proteger e valorizar as artes e ofícios tradicionais dos municípios de Abrantes, Constância e Sardoal é o objetivo da Tagus - Associação do Ribatejo Interior, que hoje apresentou o resultado do levantamento histórico efetuado pelo antropólogo Paulo Lima.

“O trabalho de recolha do antropólogo Paulo Lima é, sobretudo, um trabalho técnico de uma pessoa que é experiente nesta área do levantamento e do reconhecimento da importância que as artes e ofícios têm no território pela sua experiência a nível nacional, mas focada aqui no território do Ribatejo interior, nos concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal”, disse hoje à Lusa Conceição Pereira, técnica coordenadora da Tagus, depois da apresentação pública do levantamento efetuado e que decorreu em Sardoal (Santarém).

Este levantamento é o primeiro trabalho onde assentará um conjunto de ações no âmbito do projeto global que tem por objetivo “valorizar as artes e ofícios tradicionais do Ribatejo interior, enquanto elementos diferenciadores deste território, que contribuem para o aumento da sua competitividade territorial, dinamização turística, cultural e económica”, bem como “adaptar as artes e ofícios às tendências atuais de mercado e a novas áreas de expressão, criação cultural e artística” na região, realçou a responsável.

“E porque é que este levantamento é tão importante? Porque é o fio condutor do trabalho nestes três concelhos, ele é o elemento aglutinador da análise que nós fomos fazer ao Ribatejo interior e vai ser com base neste levantamento que nós vamos fazer um progresso maior deste projeto, porque este levantamento acaba por ser a primeira fase”, disse Conceição Pereira.

A responsável deu conta de algumas das leituras que o levantamento permite descortinar, “como o artesanato descontinuado, o que está vivo e o que surge como inovador”, além de ter permitido identificar os vários artífices que trabalham no território e sobre os quais vão recair as próximas fases, ao nível da capacitação e formação, entre outros.

“Há, efetivamente, artesanato que está descontinuado e que é necessário valorizar, se possível revitalizar, e temos o bom exemplo do que tem a ver com as redes de pesca em Constância, e outros que, estando ainda vivos, importa melhorar ou reinventar, como as malas de folha de Flandres de Sardoal, ou o caso da Sifameca nas Mouriscas (Abrantes), com as ceiras e capachos ligados aos lagares”, exemplificou.

Para Conceição Pereira, estes “são três bons exemplos de uns que estão vivos, mas que precisam ser reinventados, melhorados, ou de outros que já estão completamente descontinuados e que é preciso revitalizar e criar novas dinâmicas, e é este o papel importante que tem este projeto e que é necessário aqui lançar o desafio, por um lado aos novos artesãos que queiram surgir, e, por outro lado, também salvaguardar a identidade”.

Paulo Lima, o antropólogo responsável pelo levantamento dos artesãos em atividade, comparou a atividade existente nos anos 70 com a dos dias de hoje, dando conta de existir “uma diferença brutal”, onde “há muitas artes e ofícios que desapareceram, mas por outro lado”, notou, este levantamento também permite perceber a diversidade existente e o que poderá ser, no futuro ou no presente.

Por outro lado, Paulo Lima relevou o facto de as artes e ofícios tradicionais “continuarem a desenvolverem-se, articulando-se com novas linguagens, novos equipamentos e procurando mercados, com artesãos que se estão também a configurar para o presente e para o futuro, ou seja, com conhecimento de onde vão buscar as matérias-primas, como transformar, como usar as novas tecnologias, e como usar as redes sociais para colocar os seus produtos, procurando novos mercados”.

Para o investigador, este levantamento “mostra que existe uma atividade em constante reflexão e em constante renovação, com preocupações ambientais e de sustentabilidade”, tendo elogiado um projeto que “pode ser uma enorme mais-valia identitária para o território”.

Depois da apresentação do levantamento histórico das artes e ofícios do Ribatejo interior e identificação do “saber fazer” dos artesãos e das entidades a envolver, os passos seguintes passam por um concurso de ideias, pela criação de oficinas de formação e capacitação de artesãos, de oficinas criativas – do artesanato tradicional à inovação, pela criação de um percurso turístico integrado de artes e ofícios do Ribatejo Interior e experiências imersivas, culminando na promoção e divulgação do projeto e envolvimento da comunidade.

Dinamizado pela Tagus – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, e pelos três municípios da sua área de ação, o projeto AO.RI – Artes e Ofícios do Ribatejo Interior visa a valorização do património identitário dos territórios no âmbito do desenvolvimento local de base comunitário, representando um investimento na ordem dos 72.500 euros, sendo financiado a 85% no âmbito do Programa Operacional do Centro do Portugal 2020 e pelo FEDER - Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional.

Lusa