Fritz Kahn and The Miracles “Freedom" é a música nova (Com video)
Depois de “Attila, the Crow”, editado no ano passado, Fritz Kahn and The Miracles regressa aos lançamentos com “Freedom”, um novo EP que explora, de forma clara e direta, a liberdade enquanto estado instável, ameaçado e, por isso mesmo, urgente. A acompanhar o disco, é lançado também o single “Love Knows”.
“Freedom” é uma obra de intervenção. Em tempos em que se normalizam discursos autoritários e se diluem direitos adquiridos, o projeto assume uma posição. A liberdade pode ser passageira — mas vale sempre a pena lutar por ela. A capa do EP, onde uma onda prestes a desfazer-se na areia transmite essa mesma ideia, sublinha que, mesmo efémera, a liberdade deixa marca.
O disco é composto por cinco temas, cada um com uma identidade própria, mas todos ligados por um mesmo fio condutor: a busca, a resistência e a dignidade.
“Love Knows” abre o EP com um olhar sobre a perda. Fala das vozes que desapareceram, das memórias que resistem e da fé num amor transformador, mesmo em contextos de violência e esquecimento. A letra e voz pertencem a Gonçalo Serras, criador do projeto, e a produção musical esteve a cargo de Rúben Alves, que também assina a orquestração e interpreta o piano. Mário Delgado assume as guitarras, Miguel Amado o contrabaixo e baixo acústico, e a captação de som ficou a cargo de Nuno Simões no Slow Music Studios. A mistura e masterização foram feitas por Samuel Nascimento, e o vídeo foi produzido nos EUA pela equipa da ViewManiac.
O disco prossegue com “Going Home”, tema que aborda o regresso, não necessariamente geográfico, mas emocional e simbólico — um reencontro com aquilo que permanece quando tudo o resto se desmorona. “The Great Escape” é um exercício sobre resistência individual. Fala de fuga e escolha, sobre manter a vontade de viver com sentido, mesmo quando o mundo parece ter perdido o seu. “Jeremy The Outlaw” dá voz a uma figura solitária que se recusa a desistir. Uma canção sobre coragem e insubmissão — alguém que canta, dança e questiona, mesmo quando a resposta é o silêncio ou a violência. “The End” encerra o EP com uma aceitação lúcida do fim. Não como derrota, mas como constatação — e, quem sabe, como ponto de partida para outra coisa.
Este novo lançamento consolida a linguagem musical e filosófica do projeto Fritz Kahn and The Miracles, fundado por Gonçalo Serras, compositor que questiona as fronteiras entre lógica e magia, ciência e espiritualidade. O nome é uma homenagem interrogativa ao médico e cientista judeu-alemão Fritz Kahn, e serve de ponto de partida para um universo onde o rigor harmónico da composição se funde com uma expressão emocional intensa e transformadora.
Depois de uma menção honrosa no International Songwriting Competition (2006) e atuações em palcos como o Super Bock Super Rock ou a Casa da Música, Gonçalo Serras viveu um longo percurso de reinvenção, agora espelhado neste trabalho: “Freedom” é um disco curto, mas claro. Não tem a intenção de ser neutro. É um gesto artístico e político. E uma afirmação de que, mesmo sabendo que a liberdade não dura sempre, há quem continue a escolhê-la.