Doce DOCE: A irreverência, o sucesso e os escândalos..."BEM BOM", o filme a 8 de Julho
DOCE:
O grupo formou-se em Setembro de 1979 e era composto por um quarteto feminino: Fá (Fátima Padinha), Teresa Miguel, Lena Coelho e Laura Diogo. Também foi integrante da banda a cantora Fernanda de Sousa (atualmente com nome artístico de Ágata) que substituiu quer Lena Coelho, durante a sua gravidez (entre Maio e Outubro de 1985), quer, mais tarde, Fá que saiu do grupo em Outubro de 1985.
A ideia de criar um grupo de quatro mulheres surge através do compositor e cantor Tozé Brito, na festa da despedida dos Gemini, sendo também responsável pela sua criação o brasileiro Cláudio Condé, que era o Presidente da Polygram.
Com exceção da Laura Diogo, modelo e Miss Fotogenia no concurso Miss Portugal de 1979, o grupo era constituído por cantoras com experiência: Fá e Teresa Miguel, eram ex-integrante do grupo recém-extinto Gemini; Lena Coelho, tinha feito parte das Cocktail e na fase final também dos Gemini.[1]
As Doce foram sinónimo de sucesso, não só em Portugal mas também no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, França, Estados Unidos, Filipinas, não só junto das comunidades lusófonas mas também de muitos fãs estrangeiros. Este sucesso motivou a uma tentativa de internacionalização e foram lançando vários temas em inglês.
Concorreram quatro vezes ao Festival da Canção: 1980, 1981, 1982 (onde se consagraram vencedoras e permitiu representar Portugal no Festival da Eurovisão de 1982) e, pela última vez, em 1984.
Um dos grandes contributos para a popularidade do grupo foi a sua imagem. O visual era totalmente arrojado com roupas extremamente sensuais, sendo da responsabilidade do estilista José Carlos.
Outra característica foi a aposta na afirmação e sensualidade do corpo feminino, tendo uma postura ousada e provocante, aliado às fascinantes e meticulosas coreografias em palco, o que causou grande impacto mas uma importante e grande mudança de mentalidade no meio artístico.
Era habitual, naquela época, um certo formalismo por parte dos cantores, tanto na indumentária como nas atuações em especial na televisão.
Em Março de 1981, no Festival RTP da Canção, as Doce sofreram as consequências dessa ousadia onde vestidas de odaliscas e com uma coreografia sensual, interpretaram "Ali-Bábá - Um Homem das Arábias. O grupo foi desvalorizado pelo júri do concurso e foi alvo de imensas criticas nos jornais, embora tenha ficado em 4.º lugar e a edição em single foi um sucesso de vendas e um dos discos mais vendidos daquele ano.
Entretanto, estava consolidada a imagem das Doce, no seu papel inovador, entre nós, capaz de alguma agressividade e de provocar o desafio. Em termos estritamente musicais, pode dizer-se que nas suas canções se cruzam e combinam aspectos próprios da "pop", do "disco" e do "rock".
Muitas das canções das Doce transformaram-se em grandes sucessos sendo ainda hoje uma referência da década de oitenta no panorama musical. Tanto que é habitual, nos programa de televisão, nomedamente em concursos de canções, como os Idolos, A tua cara não me é estranha, Uma Canção para ti,..., os concorrentes interpretarem canções do grupo, nomeadamente a canção Amanhã de Manhã e Bem Bom.
Também, no meio cinematográfico, foram incluídas no telefilme da SIC, em 2000, "O Lampião da Estrela", protagonizado por Herman José e realizado por Diamantino Costa. Na série juvenil, Morangos Com Açucar, foi feita uma adaptação à canção Amanhã de Manhã. A canção "Bem Bom", com a letra alterada, foi usada num anúncio de publicidade da cadeia alimentar Jumbo - campanha "O Top das Promoções - 40 anos Jumbo", em Maio de 2010, interpretada pela cantora Carolina Torres.
Atingiram quase 250 000 álbuns vendidos e foram top de vendas por diversas vezes.
Paralelamente, foram capa de várias revistas e jornais, tanto nacionais como internacionais (com grande enfoque no Festival da Eurovisão de 1982), onde foram as mais fotografadas.
Trajetória artística
O primeiro single, "Amanhã de Manhã", saído em 1980, ganhou uma enorme popularidade e continua a ser até hoje das músicas que maior sucesso fizeram em Portugal. Ainda nesse ano, concorreram ao Festival da RTP da canção com "Doce". Obtiveram o segundo lugar, mas acederam, a nível nacional, a um lugar destacado no mundo da televisão e do espectáculo.
O primeiro álbum, saído ainda nesse ano, chamou-se "OK.KO." e foi o ponto de partida para várias incursões internacionais. Nesse álbum encontram-se uma série impressionante de êxitos: "Café com Sal", "O Que Lá Vai Lá Vai", "Depois de Ti" e o próprio tema "OK.KO.", single que foi editado antes do álbum.
Mas outro dos maiores êxitos do grupo teve lugar em 1981, graças a uma canção que apresentaram no Festival RTP: "Ali-Babá". Não ganharam o festival, mas viram a sua canção elevada a um grande sucesso comercial em termos da história deste evento da música portuguesa.
O segundo álbum, "É Demais", marca uma mudança radical da apresentação da banda e consolida-se a posição de grupo polémico, a imagem das Doce ultrapassa aqui todas as expectativas e ganham uma projeção nacional que atravessa todos os tipos de público. Fazem parte desse álbum temas cantados a solo como: "Uau", na voz de Lena, "Eu Sou", na voz de Laura, "Dói Dói", na voz de Fá e "Desatino", na voz de Teresa.
O primeiro lugar no Festival RTP da Canção, obtiveram-no em 1982, com "Bem Bom". O facto de representarem Portugal na Eurovisão constituiu um impulso para a experiência de um percurso internacional, tendo editado discos em espanhol e inglês, os singles "Bingo", "Bim Bom", "For the Love of Conchita" e "Starlight". Com a edição internacional destes discos as Doce dão a "volta ao mundo" visitando inúmeros países nos vários continentes. Das Filipinas aos Estados Unidos fizeram furor e foram notícia na imprensa internacional. Ainda em 1982, é lançado um single com os temas For The Love Of Conchita e Choose Again. O disco foi editado também no mercado holandês. No ano seguinte é lançado o single Starlight/Stepping Stone.
Regressando ao Festival em 1984, com "O Barquinho da Esperança", assinaram ainda nesse ano um novo sucesso chamado "Quente, Quente, Quente".
Em 1985, Lena Coelho engravida e é substituída por Fernanda de Sousa e, no ano seguinte, Fá decide deixar de fazer parte da banda. Foi o inicio do fim do grupo que, na fase final, apenas integrava três elementos: Teresa Miguel, Laura Diogo e Lena Coelho. Foi num programa de Júlio Isidro, que oficializam a extinção do grupo.
Em 1987 despedem-se com um duplo álbum "Doce 1979-1987", onde aparece "Rainy Day" gravado nas sessões da fase em inglês.
O filme…
Depois de dois adiamentos, causados pela pandemia, estreia finalmente a 8 de Julho nas salas de cinema de todo o país "Bem Bom", o filme que vem contar a história das DOCE Um filme realizado por Patrícia Sequeira.
Carolina Carvalho será Lena Coelho, Ana Marta Ferreira, a Laura Diogo, Bárbara Branco, a Fátima Padinha e Lia Carvalho, será Teresa Miguel.
No filme "Bem Bom", vão ainda participar entre outros Nuno Nolasco que fará de José Carlos e Eduardo Breda, Tozé Brito.
Referência ainda para a participação dos consagrados actores, José Raposo e Ana Padrão, que farão respectivamente de Carlos Coelho e Helena Tavares, dois grandes artistas já desaparecidos e pais de Lena Coelho.
A verdadeira história da Doce, do lado público ao lado mais privado, das quatro mulheres que marcaram a história da música em portugal e que praticamente viveram juntas enquanto a banda durou...por não terem tempo para estar separadas. Em "Bem Bom", há de tudo: das polémicas às alegrias. Uma história que vai ser contada com a aprovação das 4 cantoras"Essa foi uma das condições que impus a mim mesma. Se alguma delas me tivesse dito que não, eu nunca teria avançado", afirmou Patrícia Sequeira.
"Todas elas acharam graça a esta ideia de fazer uma história que, sendo ficção, lhes devolve alguma justiça, no sentido de não serem esquecidas. Diziam-me elas que só passam nas festas e não passam nas rádios. Agora, acho que este filme vai contribuir para voltarmos a falar delas".
Fruto de três intensos anos de trabalho e muita pesquisa, o filme junta curiosamente quatro jovens atrizes que quando as Doce terminaram ainda nem sequer tinham nascido. "Eu ainda nem era um projeto de gente" brinca Bárbara Branco, que dá corpo a Fátima Padinha. "Tudo isto nos obrigou a uma grande pesquisa sobre todas elas. No final percebemos que eram quatro mulheres com uma força imensa".
O título do filme é também o título de uma das canções popularizadas pelas Doce. Com “Bem Bom”, tema de Tozé Brito, António Pinho e Pedro Brito,
O grupo é ainda responsável por temas como “Amanhã de manhã”, “Quente quente quente” e “Ok ko”
O filme dará ainda origem a uma série na RTP1.