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Entrevista JA: “Será uma enorme desilusão se as pessoas não entenderem que este estado de coisas tem de mudar”

4/11/2021 às 16:26
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Vasco Estrela está a iniciar o seu terceiro e último mandato como presidente da Câmara Municipal de Mação. Fomos conhecer as propostas para os próximos quatro anos e falar dos desafios que o concelho enfrenta com a criação das novas Áreas Integradas da Gestão da Paisagem que podem vir a mudar o rosto de um concelho devastado pelos incêndios.

Entrevista por Patrícia Seixas

 

Passadiços, Núcleo Museológico, Museu, Arqueoparque... a estratégia do Município passa por projetar Mação agora para o exterior?

Também passa muito por isso mas tem aqui um fio condutor com aquilo que foi o discurso que sempre tivemos. Estes são projetos que estão muito ligados ao nosso património, à nossa paisagem, ao que sempre defendemos como a essência do concelho de Mação e é a concretização do nosso discurso. O Arqueoparque não tanto, foi uma oportunidade que surgiu no âmbito dos projetos do Museu. Mas estamos a valorizar as margens do rio Tejo com os passadiços. Se fizemos o Núcleo Museológico de Ortiga para preservar e perpetuar a memória daqueles que viveram do rio, estamos, no fundo, a ser consequentes com aquilo que dissemos. É evidente que também ajuda a projetar o concelho, a que se fale de Mação de uma maneira um bocadinho diferente, para melhor, do que aquela que infelizmente habitualmente se fala. Acho que são projetos de futuro que podem ajudar muito a promover e a desenvolver o concelho.

 

Os passadiços já têm data para inauguração? E para além dos passadiços, há uma novidade...

Irá haver um miradouro que será chamado de Miradouro da Boavista. Foi um projeto que surgiu na decorrência dos passadiços, que estão praticamente prontos. Não quisemos forçar uma inauguração e publicitação no período pré-eleitoral para que não ficassem algumas pessoas preocupadas por ganharmos mais um voto ou perdermos mais um voto com os passadiços. De modo que, em princípio, em novembro/ dezembro, devemos inaugurar toda aquela obra. Pelos ecos que nos têm chegado, das pessoas que já lá foram, penso que vai ser do agrado de todos.

 

Tem-se verificado um aumento de turistas?

Sim, muito claramente, isso é muito notório na restauração, no parque de campismo, nos alojamentos locais... um aumento muito substancial também nas praias fluviais, principalmente nestes últimos dois anos, fruto, evidentemente, também da pandemia (não vale a pena dizer o contrário). Mas já no passado isso se verificava, portanto, acho que há aqui boas razões para estarmos otimistas. No entanto, conforme eu sempre disse, acho que não devemos embandeirar em arco, nem acharmos que somos aqui um destino turístico de excelência, nem fazer grandes parangonas... em todo o caso, também acho que não nos devemos acanhar e temos que aproveitar aquilo que temos, divulgar, fazer bem, caprichar, saber tratar bem as pessoas. Claro que para isso também precisamos da ajuda de outros pois ninguém vem a Mação usufruir das paisagens, das rotas, dos passadiços, se depois não tiver onde comer com qualidade, onde dormir ou onde tomar um café. Tudo isto tem que ter outros acompanhamentos.

 

Percebe-se que Mação está na moda, agora e felizmente pelas melhores razões. Um sinal claro disso é o florescimento dos alojamentos locais um pouco por todo o concelho...

Em praticamente todas as freguesias do concelho de Mação existe um espaço de alojamento local e creio que estão todos satisfeitos com o investimento que fizeram. Isso é bom sinal. Veremos, e acho que isso está a acontecer, se a qualidade se mantém e que as pessoas gostem. Como sabemos, a melhor publicidade é o passa palavra e se as pessoas forem bem tratadas é muito normal que recomendem. Compete-nos a nós, Câmara, fazer o que temos feito e melhorar algumas coisas que precisem de ser melhoradas mas também aos agentes económicos e aos empresários no sentido de tratarem bem, receberem bem para que os negócios possam ser sustentáveis no futuro. Como referi, ninguém investe num alojamento local se não houver motivos de interesse turístico, que a Câmara está a promover, mas também não faz sentido a Câmara promover nada ligado ao turismo e à promoção do concelho se as pessoas optarem por ir para outros locais, fora do nosso concelho.

 

Largo dos Combatentes já está, Cineteatro está quase. É devolver a vila à população do concelho?

É, passa muito por aí. Eu estou neste cargo há oito anos e requalificámos três edifícios onde funciona a Sede das Associações, no centro histórico de Mação. Requalificámos um outro edifício na Rua Monsenhor Álvares de Moura onde neste momento funciona o CLDS do Centro de Dia de Aboboreira, requalificámos o Jardim Municipal, o antigo Quartel dos Bombeiros, o Cineteatro Municipal, o Largo dos Combatentes, o Largo onde homenageamos o José Costa, em frente aos Bombeiros, a Escadaria do Calvário, a Escadaria de Santo António... são coisas que parece que não são nada mas são intervenções no centro da vila, que careciam dessa requalificação e que ajudam a tornar a vila mais agradável. Sob este ponto de vista, há ainda muito trabalho para fazer, nomeadamente no centro da vila, ao nível de requalificação de passeios, de calçada, e que está previsto no âmbito do PAMUS - Plano de Ação de Mobilidade Urbana Sustentável, que neste momento está em processo de avaliação na CCDR. Espero começar a concretizar neste mandato e é, sim, tornar a vila mais atrativa e dotá-la de equipamentos que, do nosso ponto de vista, faziam falta.

 

O Cineteatro ainda será inaugurado este ano?

Mantenho essa esperança. Neste momento estão a ser feitos trabalhos finais de tudo o que diz respeito à parte cénica, sistema de som e audiovisuais e, portanto, presumo que não havendo derrapagens, há condições para abrir no final do ano. Esta empreitada que está a decorrer terminará em meados de novembro.

 

A arqueologia tem sido um ponto forte nesta projeção de Mação. Os 20 anos da gravura do Vale do Ocreza são já um marco neste trabalho que tem vindo a ser feito e com cada vez mais inovação... Até onde pode ir Mação nesta área?

Pois, não sei até onde pode ir. Ainda esta semana esteve cá um reitor de uma universidade para firmar mais um protocolo com a equipa do Museu porque temos cá doutoramentos nesta área. Há, de facto, muito potencial ainda por explorar em termos daquilo que são as gravuras rupestres propriamente ditas, até para as tornar mais visitáveis, para criar um roteiro mais condizente com aquilo que é feito em termos de estudo. Provavelmente, teremos que fazer o que eu já tenho dito por várias vezes, que é virar o Museu um pouco mais para fora e não estar tão focado no meio académico, das universidades e dos investigadores. Há uma mudança de paradigma que tem sido tentado ao longo dos anos. O Arqueoparque vem um bocadinho nesse sentido e as obras de requalificação que, espero eu, vamos fazer no próximo ano no piso inferior do Museu. O objetivo é dar um aspeto mais digno ao edifício que não se parece nada com um Museu mas sim uma caixa que ali está e que não ajuda nada a passar esta imagem de modernidade que é preciso fazer. Espero que consigamos dar um impulso nesta área para que as pessoas sintam o Museu como algo seu e não só um centro de estudos, que é importante, mas funciona num circuito mais fechado. Os leigos, como eu, às vezes ficamos “a apanhar bonés” com o que ali se passa. É bom para a projeção do concelho mas temos que tentar fazer mais alguma coisa e o professor Luiz Oosterbeek está muito sensível a essa matéria. O Núcleo Museológico de Ortiga também veio ajudar.

 

Mas há mais Núcleos Museológicos previstos para o concelho...

Vamos iniciar os projetos para a reconstrução do Núcleo Museológico ligado à arte do presunto em Envendos e há também uma outra ideia para um Núcleo Museológico ligado aos ofícios antigos e manuais no Carvoeiro. Para além desta descentralização do Museu, que é importante para as pessoas sentirem que tudo é seu, também ajudar a preservar as nossas memórias nas localidades onde elas tinham mais impacto e aproximar as pessoas do Museu.

 

Estão em andamento no concelho vários investimentos de capital privado. Estes que já existem, vão potenciar o aparecimento de outros? Qual é a expetativa do autarca para os próximos tempos?

As expetativas são, efetivamente, boas. O que está em andamento já tem algum significado e na Ortiga e no Alto da Caldeirinha estes dois investimentos na área da cannabis são muito relevantes para a nossa realidade e para o que queremos em termos de desenvolvimento do concelho. Tenho ainda expetativas muito sérias de que, pelo menos, mais dois investimentos possam vir a ser concretizados nesta área da cannabis. Há negociações muito avançadas, posso dizer que ainda na semana passada tivemos uma visita de potenciais investidores canadianos. Para além deste contacto, há três empresas firmadas e um terreno cedido para uma quarta empresa. Há boas expetativas para que haja um bom desenvolvimento mas, mais do que isso, para que Mação seja conhecido como um sítio onde vale a pena investir. Não gosto falar de cluster mas, é o que é. E estes podem trazer outros e é isso que está a acontecer. Também há contactos avançados para outros investimentos interessantes na área do turismo e também na área dos presuntos. Ainda há pouco tempo firmámos um contrato para a cedência posterior de um terreno onde pode surgir uma nova fábrica na área da transformação das carnes, ou seja, no setor agro-alimentar em Mação. Há aqui alguns sinais positivos de que as coisas estão a mexer.

 

Outra forma de atrair mais gente para o concelho poderá ser o protocolo assinado com o Governo para os espaços de coworking? Como está a funcionar em Mação?

Temos o espaço definido, temos já algumas manifestações de interesse, temos o protocolo com o Estado firmado. Podemos dizer que hoje temos condições para receber as pessoas se houver já essa necessidade, contudo, vamos fazer um investimento na melhoria nalgumas condições de rede, internet e de comunicações na zona do Centro de Formação de Mação, onde vai funcionar o espaço de coworking para oferecer as melhores condições possíveis. Vamos ter espaço para 20 pessoas naquele local e creio que também uma boa forma de nos podermos posicionar nesse segmento que pode vir a ter algum sucesso.

 

E está previsto o alargamento da Zona Industrial das Lamas?

Sim, está previsto o alargamento mas está dependente da questão do PDM, que está em processo complicado de reformulação. Já adquirimos os terrenos necessários para essa expansão, os processos estão em curso e já fizemos as propostas aos proprietários para a compra. Agora vamos avançar porque é importante e é urgente e é um dos nossos objetivos.

 

Isso quer dizer que há interesse...

Porque há interesse e é um dos objetivos do mandato. Nós não podemos ter uma Zona Industrial com um ou dois lotes como temos neste momento. Os investimentos que já conseguimos captar ultimamente foram para outros locais que tinham apetência e que reuniam as condições legais para fazermos essas obras.

 

Outra aposta forte neste mandato prende-se com a regeneração urbana, mais propriamente nas freguesias...

Sim, ao longo do tempo temos tido atenção a essa matéria. Havia, e há, aquele sentimento de que só se fazem coisas na vila mas no anterior mandato requalificámos o Carvoeiro, requalificámos o centro de Aboboreira com a manutenção da calçada tradicional e criámos condições de segurança e de melhor urbanidade em Penhascoso, com a criação de passeios à beira da estrada, obra esta que está a terminar. Há a necessidade de fazer o mesmo em Envendos, onde há o mesmo problema com a estrada e também requalificar a parte mais antiga da sede de freguesia de Cardigos, que está em péssimo estado. É claramente a sede de freguesia que, neste momento, mais carece de obras de requalificação.

 

Para além dos alcatroamentos e dos passeios, não se poderão criar incentivos para que os proprietários também requalifiquem os edifícios que estão degradados?

Pode e deve, daí o Município ter aprovado mais sete ARU's (Áreas de Reabilitação Urbana) para todas as sedes de freguesia, precisamente para darmos esse passo e esse sinal. Foram aprovadas em junho, vão estar em vigor e as pessoas podem e devem aderir a esse programa que é um enorme benefício para todas elas. Temos oito ARU's aprovadas e pensamos que é um bom instrumento para haver essa requalificação e também para haver o acompanhamento daquilo que é o esforço da Câmara. Chamar a atenção de que a ARU engloba toda a localidade.

 

Para fechar este tema, vai ainda haver reabilitação da Praia Fluvial de Ortiga e criação de uma zona de lazer na Barca da Amieira. O que é que se pretende com estas obras?

Na Ortiga, o projeto está praticamente concluído e terá que iniciar obra ainda este ano para efeitos de fundos comunitários. No fundo, é reabilitar o edifício que serve de âncora a todo aquele espaço, reabilitar as margens da praia, substituir as madeiras, criar um circuito facilmente identificável entre a praia e os passadiços, requalificar tudo o que é relva, espaços de jogos... enfim, dar uma imagem diferente da praia de Ortiga.

 

E poderá depois ser chamada oficialmente de Praia Fluvial?

Estamos neste momento a tratar desse assunto, no sentido de cumprir os requisitos legais que permitam que possamos oficialmente chamar de Praia Fluvial.

 

E na Barca da Amieira?

A Barca da Amieira é um local com muito interesse histórico e muito importante para as pessoas do concelho. Foi uma das grandes ligações ao norte do Alentejo, para muitas pessoas que iam trabalhar para aqueles campos e é um espaço com muito potencial que não tem sido devidamente cuidado. O que se pretende é fazer uma intervenção, não sendo nada de extraordinário, mas que dignifique o espaço. Uma zona de lazer onde se possa fazer um pequeno barbecue, uns bancos, zonas de sombra e onde se possa passar uns momentos de convívio. Basicamente, preservar a Barca e a memória de todos os que fizeram ali o seu trajeto.

 

Passemos aos desafios da floresta e às AIGP's (Área Integrada de Gestão da Paisagem). Qual vai ser o maior desafio da Câmara de Mação?

É iniciar o processo, convencer proprietários e ir para o terreno fazer o que tem de ser feito que é, basicamente, virar tudo ao contrário. Eu acho que isto é um projeto para uma década ou mais. Não é um projeto para mim enquanto presidente de Câmara. Compete-me iniciá-lo mas vai passar mais mandatos e todos temos que dar esse contributo. Se há projeto no concelho que é estruturante e que deve ser inequívoco, é a questão das AIGP's porque pode transformar por completo o concelho em termos de paisagem, da floresta, também de prevenção de incêndios florestais e do que pode significar em termos de desenvolvimento económico e de atração de pessoas. A Câmara já assinou os contratos que tinha de assinar e estamos agora a trabalhar no sentido de identificar as áreas onde vão ser feitas as intervenções e, mais do que isso, que tipo de intervenções é que vão ser feitas. Aquilo que tenho conversado com o vice-presidente António Louro, que acompanha mais de perto este processo, é em janeiro irmos ao terreno, aproveitando talvez a nossa Volta às Freguesias que iremos retomar, para podermos começar a falar sobre este assunto e perceber qual é o sentimento das pessoas. Sinceramente, não quero crer que as pessoas do concelho de Mação não queiram. Será uma enorme desilusão se as pessoas não entenderem que este estado de coisas tem de mudar. Se for essa a sua decisão, têm toda a legitimidade para a tomar, sendo certo que a Câmara, dentro do que for as suas competências atribuídas, irá até onde a legislação permite no sentido de forçar a que as coisas aconteçam. Mas há um limite a partir do qual nós, de todo, não poderemos ir. Há aqui algumas zonas brancas que convém preenchermos e que têm a ver com o papel que a Câmara pode ou não vir a desempenhar nesta matéria, nomeadamente a criação de uma sociedade gestora para a floresta. Saber se a Câmara pode ou não entrar, como é que os dinheiros públicos podem ou não aqui participar num projeto que é todo ele feito em propriedade privada.

 

Tendo, no entanto, a consciência que as primeiras experiências com as ZIF's não correram muito bem...

São coisas diferentes. Com as ZIF's havia a exigência da entrada de capital por parte dos privados e onde se facilmente percebeu que em minifúndio e nestas realidades onde os proprietários não estão e os que estão são pessoas idosas, os proprietários não tinham apetência para investir. As ZIF não estavam bem adaptadas a esta realidade.

 

É a comunicação que tem de funcionar muito bem...

A comunicação tem de funcionar melhor e as pessoas têm de perceber ao que vão. E desta vez não estamos só a falar de floresta mas também de paisagem. Estamos a falar de diversificar muito mais a génese do projeto. E temos uma coisa que não tínhamos, que é a alavanca da bazuca e que vai ajudar a concretizar estes projetos. Agora há oportunidades que não existiam no passado. Contudo, se entenderem que este não é o caminho, eu não estou a ver qual será.

 

Está aí o seu terceiro e último mandato à frente da Câmara de Mação. O que é que lhe falta fazer? Qual é a marca que quer deixar no seu concelho enquanto autarca?

Eu quero fazer aquilo com que me comprometi com as pessoas no programa eleitoral. Nunca tive aquela ideia de ter “a obra do mandato” ou alguma coisa do género. Acho que tenho várias obras e já fiz várias obras de mandato. Não preciso de as mencionar mas quem estiver atento e quiser ver as coisas de forma desapaixonada, verá o que foi feito. Como disse várias vezes ao longo dos anos e muito agora em campanha e na tomada de posse, quero sair como alguém que tentou cumprir na íntegra aquilo a que se comprometeu. Nunca fiz grandes promessas relativamente ao que iria ser a minha atuação mas sim de alguém previsível do ponto de vista do relacionamento com as pessoas, com os compromissos que são assumidos a serem para cumprir e acho que, de uma forma geral, o consegui fazer. Sair como alguém que cumpriu a sua missão de acordo com os princípios que anunciou. Quanto a ter algo que gostaria de deixar de marca... acho que tornar o nosso concelho mais conhecido pelos bons motivos o que, mais ou menos, estamos a conseguir. Gostava de deixar a vila de Mação com outro aspeto, as sedes de freguesia com outro aspeto, que as nossas zonas de maior potencial turístico e outro fossem facilmente identificáveis pelas pessoas como um lugar para onde vale a pena vir e estar e passar algum tempo. Gostava de perceber que ao fim de 12 anos as coisas ficavam um bocadinho melhores do que como as encontrei, o que é normal que aconteça pois o Saldanha Rocha durante oito anos já deixou melhor do que encontrou e quem vier a seguir a mim fará outro tipo de coisas noutras áreas. Também não podemos é esquecer muito daquilo que não se vê e que são os apoios sociais que damos aos mais carenciados, ao Agrupamento de Escolas, na área da saúde. Há um nível de apoio transversal que hoje em dias as pessoas já encaram como sendo normal quando o que fazemos é “anormal” do ponto de vista das nossas competências. Se saísse hoje, saía com a consciência muito tranquila, de muito, muito trabalho feito que, por vezes, até nós próprios nos esquecemos que fomos nós que fizemos.

 

E por falar em trabalho que não se vê, como está a situação do município com a Tejo Ambiente?

Infelizmente, não está a correr bem. O processo não está acabado e é um assunto a que vou dedicar muita atenção nos próximos tempos. Contudo, volto a dizer, não vale a pena pensar que vamos resolver o nosso problema com os dinheiros da Câmara, com as tarifas que a Câmara tinha isso é de todo impossível. Os investimentos para resolver esta situação são brutais e esta era, e para mim é, a única e melhor solução. No entanto, já o disse, acho que houve, por parte da administração da empresa, uma forma de gerir que quanto a mim não foi a correta, pois devia ter havido uma repartição dos investimentos de forma mais equitativa e não houve. Bem sei que os investimentos no concelho de Mação são muito elevados para a população que temos mas os pressupostos eram conhecidos de todos no início do processo. Também é certo que as coisas na Tejo Ambiente não correram como esperávamos, daquilo que estava previsto em termos de dinheiros, mas temos que ir em força e tentar resolver porque penso que, neste momento, Mação não tem outra alternativa a não ser continuar na Tejo Ambiente e fazer a pressão que tem que fazer para resolver os assuntos.