Ensino Ensino básico perdeu 170 mil alunos numa década
As escolas do ensino básico perderam quase 170 mil alunos na última década, revela o relatório "Estado da Educação 2019", hoje divulgado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
A diminuição gradual de alunos ao longo dos últimos anos é um dos pontos referidos no relatório anual do CNE, que traça um retrato do sistema educativo português no ano letivo de 2018/2019 e faz uma análise da evolução registada nos últimos dez anos, com base em estudos nacionais e comparações internacionais.
O documento recorda que no ano letivo de 2018/2019 havia cerca de 950 mil crianças e jovens no ensino básico - entre o 1.º e o 9.º ano de escolaridade - e que, em dez anos, estas escolas perderam quase 170 mil estudantes.
Em setembro, a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) dava conta de uma redução superior a 420 crianças e jovens nas escolas desde o pré-escolar até ao ensino secundário, na última década.
Segundo os dados do "Perfil do Aluno 2018/2019", publicado pela DGEEC, nesse ano havia cerca de um milhão e meio (1.527.987) de crianças e jovens inscritos no pré-escolar, ensinos básico e secundário.
No entanto, no ano letivo de 2008/2009, as creches e escolas tinham quase dois milhões de alunos (1.952.114). Ou seja, em apenas uma década, houve uma redução de 424.127 crianças e jovens.
Mas o "Estado da Educação 2019" não se foca apenas na redução de alunos. Também mostra que a maioria dos alunos gosta da escola, mas que são muito menos do que eram há 20 anos.
O documento do CNE refere o inquérito internacional da Organização Mundial de Saúde que indica que 70% dos alunos portugueses gostam da escola, mas que ao longo dos anos este foi sendo um sentimento partilhado por cada vez menos jovens.
O inquérito feito a jovens de 11, 13 e 15 anos - Health Behaviour and School-Aged Children (HBSC) - revelou que na mudança de século a percentagem de alunos portugueses que gostavam da escola rondava os 85%.
Entre os aspetos que os alunos portugueses gostavam menos estava a comida do refeitório (58%), seguindo-se as aulas (35%) as atividades extracurriculares (27%) e os professores (22%).
No que toca aos trabalhos da escola, as principais queixas foram "a matéria ser demasiada', ser aborrecida e muito difícil.
Apesar de se sentirem mais pressionados pela escola, os portugueses sentem-se globalmente satisfeitos com a sua vida, em linha com a média internacional, que mostra que os mais jovens (11 anos) tendem a ser mais positivos do que os de 13 e 15 anos.
"O sistema de ensino português registou progressos na última década, mas há ainda problemas que merecem a melhor atenção", sublinha o relatório do CNE, lembrando que a taxa de abandono precoce diminuiu dois terços e a taxa de conclusão do ensino superior passou de 21,3% para 33,5%.
No Programa Internacional de Avaliação de Alunos da OCDE (PISA), os alunos portugueses têm vindo a revelar melhorias nas três disciplinas testadas: leitura, matemática e ciências.
No entanto, ainda existe um elevado nível de reprovações e taxas de abandono escolar, assim como há uma elevada percentagem de adultos que não concluiu o ensino secundário.
Lusa