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Educação

Abrantes: Escola Dr. Manuel Fernandes lidera o ranking nacional do Ensino Profissional - COM SOM

5/02/2018 às 00:00
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A Escola Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes, está em primeiro lugar no ranking nacional do Ensino Profissional relativo a 2015/2016.

Os resultados foram dados a conhecer no dia 3 de fevereiro, pelo Ministério da Educação e reportam-se ao ano letivo 2015/2016.

O diretor Alcino Hermínio referiu que foi “com surpresa” que a Escola recebeu a notícia, dando conta que o lugar no pódio nacional resulta do trabalho dos alunos e dos docentes e de toda a comunidade educativa.

“Nós recebemos a notícia há cera de uma semana e recebemos com uma grande surpresa. Não porque desconhecêssemos que estávamos a fazer um trabalho com qualidade e com muito empenho, mas porque não tínhamos a mínima noção que, em termos nacionais, esse trabalho tivesse tanto relevo e, por isso, foi com um grande misto de surpresa e satisfação”, afirmou o diretor à Antena Livre.

“A Escola Dr. Manuel Fernandes, enquanto antigo Liceu e ao contrário do que aquilo que dizia um dos jornais que publicou os rankings que nos antigos Liceus os resultados tendiam a ser piores nos cursos profissionais, no nosso caso foi a exceção. Nós não temos em termos de instalações capacidade para diversificar a oferta dos cursos profissionais portanto, os cursos profissionais são para nós um nicho, mas um nicho com muita qualidade. E nós temos tratado bem deste nicho”, fez notar o responsável.

Os alunos do ensino secundário inscritos em cursos profissionais têm mais sucesso nas escolas onde existe apenas esta oferta do que aqueles que estão em estabelecimentos onde coexistem vários tipos de cursos, como acontece nas secundárias públicas. Esta é uma das conclusões que sobressaem dos novos dados disponibilizados pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) que, pela primeira vez, permitem espreitar, escola a escola, quais as características e o desempenho dos alunos dos cursos profissionais.

Um exemplo: dos 100 estabelecimentos com ensino profissional com melhor desempenho, 65 são escolas exclusivamente profissionais — que na maior parte dos casos são privadas. Em 2015/2016, ano a que reportam estes dados, existiam cursos profissionais no ensino secundário em 687 escolas de Portugal Continental, das quais 224 eram escolas profissionais. Destas últimas, só 16 eram públicas.

Por sua vez, os resultados na Escola Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes, contradizem a conclusão retirada pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, sendo que é uma escola pública que dispõe do ensino geral e profissional.

Alcino Herminio explicou o sucesso comprovado no ranking nacional: “A satisfação a este primeiro lugar é muito grande (…) No ensino profissional, o ranking não é feito em função dos resultados nos exames, pois não há exames. Só há se os alunos quiserem fazer exame. Então, são feitos em função do desempenho que os alunos e a escola têm”.

Apuram-se vários fatores: “quantos alunos a escola consegue que façam o seu percurso escolar no ensino profissional; quantos alunos é que a escola perde pelo caminho, porque desistiram; quantos alunos os cursos têm ou reprovam anualmente. E é tendo estes fatores em consideração que se estabeleceu o ranking. Isso significa que no ano letivo em questão a nossa escola foi aquela que mais alunos conseguiu levar sem reprovar e desistir em três anos de curso”, explicou o diretor.

“Isto é serviço público de qualidade no seu melhor” - Alcino Herminio

“Isto não depende de explicações, não depende do contexto socioeconómico, porque ele é dos mais desfavoráveis, isto é serviço público de qualidade no seu melhor. Há um empenhamento dos alunos, dos professores e assistentes e porque também não são muitos alunos, é uma turma por ano com dois cursos, que permite uma proximidade e um acompanhamento muito grande”, aludiu o docente.

Em 2015/2016 existiam cursos profissionais no ensino secundário em 687 escolas de Portugal continental, das quais 224 eram escolas profissionais. Na Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes frequentaram o ensino profissional 71 alunos.

“Nós não temos mais do que dois cursos profissionais em cada ano letivo e eles vão variando ao longo do tempo em função das nossas capacidades, recursos humanos e também em termos da procura que há no mercado de trabalho. E em termos da coordenação que se faz no concelho e no Médio Tejo em relação à oferta das várias escolas. Portanto, neste conjunto de variáveis nós vamos alterando os cursos”, salientou Alcino Herminio.

No ano letivo de 2015/2016, no 12º ano estava a ser ministrado o curso de Técnico de Engenharias Renováveis e o Curso Técnico de Apoio à Infância. E no 11º e 10º anos existiam os cursos de Engenharias Renováveis e de Artes de Espetáculo e Interpretação.

Atualmente, o diretor avançou que a escola suspendeu “o Curso de Apoio à Infância. Quando fizer sentido voltaremos a abri-lo. Suspendemos também o de Engenharias Renováveis pois esgotou o mercado e não fazia sentido continuar a insistir nele. Este ano apostámos no técnico de Soldadura e apostámos muito bem porque nunca tínhamos tido um curso com tanta procura”.

“Nós temos 21 alunos a frequentar o curso de Soldadura e não temos mais porque fechamos, porque se não tínhamos mais. Um curso destes não pode ter muitos alunos e além disso estes cursos funcionam de forma associada a outro curso, neste caso, ao de Artes de Espetáculo e Interpretação pois têm disciplinas comuns. No máximo eles podem ter 30 alunos e, por isso, não podíamos ter mais”, justificou o responsável.

Para concluir um curso profissional é necessária a realização de um estágio numa empresa. Na Secundária Manuel Fernandes, o objetivo é agora o de “tentar reforçar a ligação dos alunos às empresas, logo a partir do primeiro ano do curso”.

 “Nos contactos que temos com as empresas, todas nos dizem que um aluno que acabe o curso [de Soldadura] rapidamente terá emprego na região, no país ou até no estrangeiro, pois é um curso com muita saída”, vincou o docente.

No entanto e apesar destes resultados no mercado de trabalho, “continua a ser muito difícil, no final do 9º ano, encontrar alunos para o ensino profissional uma vez que os pais e os alunos consideram que este ensino não tem a dignidade e o interesse do ensino geral. E, portanto, continua a ser muito difícil”.

“O que nós tentamos é com a orientação escolar no 9º ano encontrar os alunos que tenham mais vocação para estes cursos e motivá-los fortemente”, salientou.

No que diz respeito aos restantes resultados do Ministério da Educação e no que se refere à área de cobertura da Antena Livre o destaque vai também para a Escola Secundária de Mação, que é a primeira escola pública com melhores resultados nos exames de Português neste ciclo de ensino, a nível nacional. Como também a Escola Básica e Secundária Dra. Maria Judite Serrão Andrade, no Sardoal, obteve ainda um 8º lugar nacional nos resultados dos exames de Matemática Aplicada às Ciências Sociais.