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Tramagal

Mitsubishi Fuso aumenta volume de produção e atinge neutralidade carbónica (C/ ÁUDIO)

17/10/2022 às 20:33
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A fábrica da Mitsubishi Fuso Truck Europe (MFTE), instalada em Tramagal, no concelho de Abrantes, anunciou hoje um aumento de produção superior a 20% e o reforço do número de trabalhadores, num ano em que, assegura, alcançará a neutralidade carbónica.

“Este é o primeiro ano em que vamos alcançar a neutralidade carbónica e o grande desafio para 2023 é a produção do modelo elétrico da eCanter”, disse hoje aos jornalistas o alemão Arne Barden, que assumiu a presidência executiva da Mitsubishi Fuso Truck Europe (MFTE) em janeiro deste ano, à margem da visita à fábrica de Tramagal do secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz.

Segundo afirmou o CEO da fábrica no Tramagal, citado em comunicado, “a transição energética e a descarbonização estão a acontecer muito mais rápido” do que inicialmente era pensado, tendo sublinhado que “este novo produto [eCanter] vai permitir “responder a muitos dos desafios do transporte urbano e da logística ‘last mile’ de uma forma amiga do ambiente”.

O novo eCanter terá apenas dois centros de produção a nível mundial: a fábrica do Tramagal e a de Kawasaki, no Japão.

O diretor de operações da MFTE, Rui Correia, deu conta, por sua vez, que a fábrica está a atravessar um “período de crescimento”, e que se reflete num “aumento de produção de mais de 20%”, relativamente ao ano passado, o que implicou também um investimento em recursos humanos, que passou de 480 trabalhadores, no final de 2021, para os atuais 585 postos de trabalho.

“Para 2023, se tudo correr como se perspetiva, e apesar das incógnitas inerentes à situação que se vive no mundo, vamos manter o atual nível de produção, num crescimento que assenta ainda no atual modelo [da Canter] com motor a combustão”, afirmou, tendo feito notar que o os investimentos “estão muito centrados na neutralidade carbónica e também na criação de uma base para o futuro, em termos de produto, com o lançamento da eCanter”, a nova geração do camião produzido no Tramagal, com motor elétrico.

Na visita de hoje à fábrica do Tramagal, no centro do país, a fechar um ‘périplo’ nacional do secretário de Estado da Internacionalização pelo setor automóvel, a convite da Mobinov, cluster que agrega vários ‘atores’ da indústria automóvel nacional, Jorge Rosa, presidente da plataforma, falou dos desafios que se levantam ao setor e de alguns problemas que subsistem ao nível das cadeias de distribuição de componentes.

“O grande desafio que o setor atravessa é o da transição energética, a par do da transição digital e da questão demográfica, fatores decisivos para a próxima década”, afirmou, tendo feito notar que o setor automóvel, nomeadamente construtores e fabricantes de componentes ligados à Mobinov, “sentem-se acompanhados pelo Governo” no âmbito das suas preocupações.

Questionado sobre se existem atrasos na entrega de componentes e até que ponto a guerra na Ucrânia afeta hoje a produção automóvel nacional, Jorge Rosa disse que “as cadeias de distribuição ainda estão em fase de estabilização e a situação tende a normalizar”, depois dos problemas derivados da pandemia de covid-19, e que é nos “combustíveis e no preço da energia” que os fatores da guerra na Ucrânia mais se fazem sentir, tendo manifestado otimismo relativamente ao futuro do setor em Portugal.

O secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, que foi alertado pelo autarca de Abrantes para alguns dos constrangimentos em termos de acessibilidades à fábrica do Tramagal, e para a necessidade de uma nova travessia sobre o Tejo, de ligação à A23 (conclusão do IC9), reclamada há muitos anos, enalteceu o trabalho desenvolvido na fábrica da MFTE e do posicionamento das empresas nacionais do setor.

“Foi a primeira vez que visitei esta fábrica e o que vi foi o Portugal moderno, bem integrado, que gera emprego, gera riqueza, que fornece para a Europa e para o mundo, que está atento e a fazer a sua transição energética, que está praticamente neutral em emissões de CO2, e que está a fazer a transição da produção, dos motores a combustível fóssil para carros elétricos”, destacou, tendo apontado a MFTE como um “exemplo de gestão, modernidade e capacidade”.

O governante disse que “as dificuldades e os desafios são comuns a toda a gente” e que “o grande desafio que se levanta à indústria automóvel, e à sociedade em geral, para 2023 e anos seguintes, é o da transição energética”, tendo manifestado otimismo relativamente ao posicionamento português.

“Somos um país europeu, atlântico e de economia aberta”, destacou, como vantagens, tendo afirmado que a estratégia nacional “assenta num tripé: crescimento económico, sustentabilidade ambiental, e desenvolvimento social”.

 

Já o presidente da Câmara Municipal de Abrantes deu conta que, no âmbito do Funda da Transição Justa, “não existe nenhuma candidatura do setor automóvel para o concelho de Abrantes e julgo que nem para a região do Médio Tejo”. No entanto, Manuel Jorge Valamatos confirmou que, “na fase de apresentação de intenções, a Mitsubishi Fuso Truck Europe esteve ligada a uma proposta na área da investigação”. O autarca tem esperança que essa candidatura, bem como outras, possa ser efetiva numa fase posterior quando abrirem avisos que contemplem empresas nas áreas da inovação, ciência e tecnologia.

 

A Mitsubishi Fuso Truck Europe (MFTE) emprega hoje 585 trabalhadores e fechou o ano de 2021 com uma produção na ordem das 10.000 unidades dos modelos Canter e eCanter, e uma faturação superior a 206 milhões de euros.

A MFTE, empresa do grupo Daimler Truck, resultado da divisão do grupo Daimler, reclama a liderança “mundial no mercado de pesados” e engloba sete marcas: Mercedes-Benz, FUSO, Setra, BharatBenz, Freightliner, Western Star e Thomas Built Buses.

C/ Lusa