As novidades não são muitas. O futuro da fábrica da norte-americana Tupperware, continua incerto. Há uma semana a empresa apresentou às autoridades de Orlando, na Florida (Estados Unidos da América) o processo de falência. De lá até esta semana há apenas um contacto do vice-presidente para a Europa e África que dá conta da situação em três pontos muito curtos. “Não sabe o futuro da empresa”, que estão “em fase de negociação com os investidores” e a “trabalhar para criar uma estratégia para que empresa seja mais atrativa para investidores”. E acrescentou que a empresa parou “a produção na Tupperware Portugal, Bélgica e África do Sul porque têm muito stock”.
Esta foi a informação prestada pela empresa a um pedido de esclarecimento do presidente da Câmara de Constância feito logo após o conhecimento das notícias sobre a falência da empresa. É certo que nunca os responsáveis americanos falaram em despedimentos ou encerramentos das unidades na Europa e África, mas as preocupações vieram à tona. A Tupperware é uma empresa que não paga impostos no Município de Constância, pois tem ali apenas a fábrica, mas há uma preocupação social porque emprega 200 pessoas. E trata-se de uma unidade que, a encerrar, não cria apenas problemas sociais em Constância.
Sérgio Oliveira confirmou que contactou de imediato com o Ministério da Economia e que tem, neste momento, um canal aberto com o governo. E adiantou que já falou com o secretário de Estado da Economia, mas que neste momento há que esperar para perceber os desenvolvimentos da situação, na empresa.
Sérgio Oliveira, questionado pelos jornalistas, realça o período difícil para os trabalhadores, principalmente pelas incertezas que têm pela frente. Apesar de tudo o autarca diz que não tem conhecimento que existam processos de despedimentos ou até salários em atraso. E reforçou a informação que lhe foi transmitida de que há negociações com investidores por forma a encontrar uma solução para a empresa.
Quando questionado sobre o impacto de um eventual encerramento da fábrica, o autarca disse que se irá refletir socialmente e não economicamente. “O que mais nos preocupa são os 200 postos de trabalho e o seu impacto.”
Sérgio Oliveira diz estar otimista e acreditar que haverá uma solução, mas sem querer criticar a empresa lamenta que os esclarecimentos tenham vindo tão tarde.
Neste momento o autarca de Constância confirma que pediu algumas informações à empresa que não lhe chegaram. Por exemplo, de onde são os trabalhadores da Tupperware. Com esses dados poderá haver uma melhor noção do impacto de um eventual encerramento da fábrica.
Já quanto ao processo de falência diz ser muito técnico e aponta as diferenças legais entre os dois países, pelo que não pode haver comparações ou leituras simplistas sobre o futuro.
O presidente da Câmara de Constância indicou que o seu Município tem um conjunto de apoios sociais às famílias mais carenciadas e indicou que assim que se falou da falência da empresa tece um contacto do presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Neste contacto aquele dirigente deixou a disponibilidade de poder instalar um gabinete em Constância para apoiar os trabalhadores, no caso de a decisão da empresa apontar ao encerramento da fábrica.
A fábrica da Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980 em Montalvo, Constância, depende a 100% da casa-mãe norte-americana, com o anúncio do pedido de declaração de insolvência a poder ter consequências na unidade portuguesa, hoje com cerca de 200 trabalhadores efetivos.
A Tupperware Brands, conhecida mundialmente pelos seus recipientes de plástico para guardar alimentos, iniciou voluntariamente o processo do Capítulo 11 no Tribunal de Falências de Delaware, o que fez cair as ações em mais de 50% na Bolsa de Nova Iorque e levou à posterior suspensão.
A empresa já tinha adiado as suas contas anuais de 2023 em março deste ano e, em junho, anunciou planos para encerrar a sua única fábrica nos EUA e despedir quase 150 empregados.
De acordo com os meios de comunicação social, a Tupperware procurará obter a aprovação do tribunal para facilitar um processo de venda da empresa e continuar a funcionar durante o processo de falência.
Uma década depois de ter iniciado a sua atividade nos Estados Unidos, a Tupperware expandiu-se para a Europa e, em meados dos anos 60, estava presente em seis países europeus, tendo depois dado o salto para os mercados da América Latina e da Ásia.