Ponte de Sor Air Summit veio para ficar. Interior do país não precisa de ser só rural - ministro da Coesão (c/áudio)
O Portugal Air Summit começou esta quinta-feira, dia 10 de outubro, e vai decorrer até dia 12 no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor, sob o tema ‘Flying 4 Change’.
O evento é promovido pelo município em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Ponte de Sor (ACIPS) e tem como objetivo servir de “debate e inovação” para o setor, reunindo especialistas, decisores e entusiastas nesta área.
A abertura contou com a presença do ministro da Coesão Territorial.
Manuel Castro Almeida começou por fazer uma quase aula de desenvolvimento dos territórios do interior. E começou pelo papel dos serviços e instituições públicas, e ao papel câmaras municipais ou juntas de freguesia, nessa área.
“As pessoas sabem qual o papel dos municípios na sua vida, nas ruas, na limpeza ou no abastecimento de água. O que não sabem é que os municípios estão a tomar funções que não estão nas funções que lhe estão delegadas por Lei.” Ou seja, os municípios estão a assumir o desenvolvimento económico e social dos seus concelhos, sem estar na Constituição ou na Lei das Autarquias. “Os municípios, uns mais do que outros, assumem a competência de agentes de desenvolvimento económico dos seus concelhos. Aqui tenho de felicitar o presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, que assumiu este papel para o seu município.”
E o ministro acrescentou que daqui a uns anos os autarcas vão querer mostrar quantas empresas captamos e quando postos de trabalho foram criados. E acrescentou “não é por acaso que caem aqui empresas de um setor, tão concorrencial e tão inovador, como é o da aeronáutica. Hoje ponte de Sor é a capital do mundo da aeronáutica. É muito mérito seu. Estão criadas raízes que já não de-pendem do presidente de câmara”, numa referência ao Air Summit.
Manuel Castro Almeida entrou depois na sua área, de olhar para a Coesão Territorial. E afirmou que olhamos para o país e dividimos o litoral com desenvolvimento e o interior rural. “Mas o interior não está condenado a ser o mundo rural. É bom que tenha uma boa agricultura, faz falta ao país. Por isso é que são necessárias políticas públicas, porque senão Ponte de Sor não tinha esta aposta na aeronáutica.”
E o governante aportou, depois, a números sem falar do Orçamento do Estado. Os fundos europeus dão fundamentais para “acabarmos com esta diferença entre litoral e interior.”
Os fundos europeus são, hoje, muito mais direcionados as zonas menos desenvolvidas. Quem tiver de optar onde montar a sua em-presa, se optar por uma zona de baixa densidade tem muito mais apoios de fundos comunitários.
E referiu-se depois, novamente, a Ponte de Sor que, afirmou “tem sabido atrair fundos europeus. Estão associados a três agendas mobilizadoras. São excelentes ideias com péssimo nome. Agrupar grandes empresas com academia. Era uma dificuldade que tínhamos em apoiar grandes empresas que depois trazem atrás de si pequenas empresas. Depois juntam o conhecimento científico. E isto transforma o conhecimento em faturas. Em crescimento.” Manuel Castro Almeida concluiu a deixar a pergunta: “Quem diria há 20 anos que Ponte de Sor ia ser um centro de aeronáutica. Alguém teve de sonhar.”
Manuel Castro Almeida, ministro Coesão Territorial
Aos jornalistas o ministro esclareceu que é possível um município do interior estar no topo da tecnologia. A ambição é decisiva para o crescimento. E indicou o exemplo do papel desempenhado pelas autarquias. Depois disse que as autoestradas digitais estão em andamento. Está a decorrer um concurso para levar a fibra ótica a todas as aldeias do país. Quanto a acessibilidades, como autoestradas, Manuel Castro Almeida apontou mais dificuldades. É que os fundos comunitários já não apoiam esse tipo de obras. A serem feitas terá de ser sempre com o orçamento nacional.
Manuel Castro Almeida, ministro Coesão Territorial
Na sessão de abertura o presidente da Câmara de Ponte de Sor, Hugo Hilário, traçou a linha que foi seguida para este projeto sonhado, já lá vão mais de dez anos. Referiu-se às empresas quem têm vindo, gradualmente, a escolher aquele ponto para se instalar. Este avanço baseou-se uma “estratégia de desenvolvimento sustentado, com propósito de atrair empresas investimento e aumentarmos população.”
Em Ponte de Sor, disse o autarca alentejano, o “aeródromo não tem restrições de operação. Pode, por isso, ser fundamental no ensino do voo assim como na atração de população.” Logo de seguida referiu um dado estatístico com orgulho, pois Ponte Sor teve a taxa de desemprego mais baixa da sua história recente.
Depois frisou ainda as parcerias conseguidas com instituições do ensino superior.
O Air Summit já vai com sete edições. EM 2017, ano de arranque, começou com 65 expositores e hoje tem mais de 100. Começou com 60 a 70 conferências, em 2022 teve 203 oradores. E nos visitantes teve em 2022 cerca de 24 mil pessoas. Duplicou os números da edição anterior.
Mas é nos impactos económicos da iniciativa que Hugo Hilário mais sorri. Em sete edições o impacto económico passou de 7 Milhões de Euros para 122 Milhões de Euros.
Hugo Hilário, presidente CM Ponte de Sor
O presidente não esqueceu o arranque do EuRoC, o concurso de rockets numa parceria com a Portugal Space. “É um evento com projeção mundial. Temos 25 equipas de universidades de toda a Europa a planear e montar rockets em Ponte de Sor. Numa cidade do interior de Portugal e qualquer coisa fantástica.”
Mas nem tudo são rosas. Hugo Hilário disse que o caminho tem sido repleto de boas conquistas, mas de grandes desafios. “Vivemos tempos especiais em Ponte de Sor. Vivemos as dores de crescimento. Temos de investir mais e melhor. Apostar mais e melhor em áreas como saúde, educação, cultura, desporto e habitação. E queremos o cluster da aeronáutica com mais presença.”
Hugo Hilário, presidente CM Ponte de Sor
Aos jornalistas o autarca destacou a importância do crescimento das empresas criadas e instaladas à volta do aeródromo. E quando questionado sobre o projeto do LUS 222, o avião ligeiro bimotor de passageiros ou carga, com capacidade máxima de nove passageiros ou 2 mil quilos de carga, notou que está a andar e que em 2026 estará pronto a arrancar. E esse projeto que terá a parte científica na Universidade de Évora e a fábrica em Ponte de Sor, vai criar mais umas centenas de postos de trabalho
Hugo Hilário, presidente CM Ponte de Sor
Hugo Hilário esteve no último Air Summit como presidente de Câmara, pelo que aproveitou para fazer alguns agradecimentos pessoais, a quem esteve com ele neste projeto que coloca a cidade norte-alentejana no mapa da aeronáutica internacional.
Ministro da Coesão conheceu o LUS 222, o avião ligeiro que vai começar a ser construído em Ponte de Sor em 2026
Os visitantes vão ainda poder visitar o pavilhão de exposições, assistir a ‘talks’ no palco de Ponte de Sor, sobre vários temas estratégicos para o concelho, usufruir de oportunidades de ´networking B2B` (contactos entre empresas) e de um conjunto de atividades lúdicas.
Após os dois primeiros dias mais dedicados a conferências, no sábado, dia 12 de outubro, o espetáculo de ´airshow` promete levar ao aeródromo municipal “acrobacias, animação e cor aos céus” daquela cidade alentejana.
Foguetões criados por universitários europeus vão ser lançados em Ponte de Sor e Constância
Cerca de 600 estudantes universitários, de 20 nacionalidades, participam este ano no European Rocketry Challenge (EuRoC), concurso europeu de lançamento de foguetões que começou esta quinta-feira em Ponte de Sor.
A iniciativa, que vai na 5.ª edição, é promovida pela agência espacial portuguesa, Portugal Space, e, além do Aeródromo Municipal de Ponte de Sor, decorre também no campo militar de Santa Margarida, em Constância, prolongando-se até 15 de outubro.
Em comunicado, a organização indicou hoje que o EuRoC, “a única prova do género na Europa”, que desafia jovens europeus a lançaram os seus foguetões, reúne este ano “cerca de seis centenas de jovens universitários de vários países europeus”.
Os participantes, de 20 nacionalidades e distribuídos por 25 equipas universitárias, vão competir entre si em lançamentos de foguetões que alcançarão entre os três e os nove quilómetros de altitude, segundo a Portugal Space.
Os foguetões, pensados, desenvolvidos e construídos pelos jovens, “podem ultrapassar os 10 metros de comprimento”, adianta o comunicado.
Nesta edição, “pela primeira vez na história da competição” vai estar presente uma equipa australiana.
Portugal estará representado com uma equipa do Instituto Superior Técnico e outra da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Segundo Marta Gonçalves, gestora de programas educativos da POrtugal Space, o EuRoC “oferece um ambiente único para o desenvolvimento de tecnologia e o fortalecimento de colaborações internacionais” e “impulsiona não só o futuro de Portugal no espaço, mas também contribui para o avanço da Europa neste setor estratégico".
A cerimónia de abertura da competição aconteceu esta quinta-feira, pelas 11 horas, no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor. Os os lançamentos dos foguetões estão agendados para o Campo Militar de Santa Margarida, em Constância, entre o dia 11 (sexta-feira) e o dia 13 (domingo).