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Abrantes

MIAA recebe exposição de Daniel Nave (c/áudio)

9/12/2023 às 17:44
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Fernando Figueiredo Ribeiro com Luís Dias; Daniel Nave e Ricardo Escarduça

O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIAA) inaugurou esta sexta-feira, 8 de dezembro, numa das suas salas de exposições temporárias os trabalhos de Daniel Nave, que abordam a relação do homem com o mundo natural e os mundos artificiais.
Sob o título "Sou eu que desenho os meus pontos de fuga", a mostra reúne uma seleção de obras em técnica mista, escultura e instalação audiovisual criadas no período compreendido entre 1997 e 2023, sem adotar uma abordagem retrospetiva ou antológica, segundo a organização.

Com curadoria de Ricardo Escarduça, a exposição, resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal de Abrantes e a Coleção Figueiredo Ribeiro e vai estar disponível ao público até 23 de junho de 2024.

Esta mostra suscita uma interrogação sobre "a criação assombrosa da cidade e, com mais fervor, o ser que a cria", segundo um texto da curadoria relativamente ao trabalho do artista nascido em Belmonte, em 1955.

"Sem adotar as estratégias da representação e da indexação da obra de arte a um referente que reconhecemos por semelhança, no trabalho de Daniel Nave, a cidade é o território especulativo que opera a potência fulminante de um face a face íntimo: mais do que o nosso encontro com a presença da obra de arte, o nosso confronto, enquanto ser que conhece e que se conhece, com a persistência dos infatigáveis dilemas e desconcertos da nossa natureza, da nossa relação com o mundo natural e dos mundos artificiais […] que erguemos", realçou Ricardo Escarduça, no mesmo texto.

Ricardo Escarduça, na abertura deixou a nota que não iria avaliar ou explicar os trabalhos expostos, referindo antes que iria deixar isso para os visitantes. “A arte fala por si”, disse o curador, engenheiro de profissão, mas deixou algumas diretrizes descritivas. Por exemplo, que reuniu obras de três décadas, de 1997 a 2023, mas frisou que esta não é uma exposição antológica nem retrospetiva. E indicou, logo de seguida, que o trabalho do Daniel tem uma estrutura serial muito forte.

 

Ricardo Escarduça, curador

As obras, que invocam a esfera das relações entre o ser humano e o mundo natural, remetem também para o pensar o sofisticado complexo urbano: "Os espaços imaginários de Daniel Nave demarcam regiões afetivas, apaziguando formas e forças, luminosidades e mistérios, matérias e ambientes".
Daniel Nave começou por referir que um artista é um recoletor de imagens, de elementos que vai encontrando na sua vida. E destacou que é nesse campo que o artista vai recolher os elementos que interessam. É aqui que Daniel Nave recolhe os elementos que transforma mais tarde. Depois vincou que esta ideia de recoletores já vêm da pré-história.

Depois indicou que estes elementos são aglutinados até ao momento em que começa a construir o seu trabalho. Há um trabalho isolado do artista no atelier. “Por vezes começamos obras (no atelier) que deixamos de lado e vamos retomar mais tarde”, explicou acrescentando de seguida que esse retomar pode abrir campos e caminhos para conceber a obra que está a ser feita hoje.

 

Daniel Nave

Sobre esta exposição no MIAA, que incluiu obras da Coleção Figueiredo Ribeiro e da sua coleção pessoal, o artista disse que o curador entrou no atelier e escolheu trabalhos, alguns que estão pela primeira vez em público.

Daniel Nave indicou ainda que algumas destas obras até foram feitas a título experimental. Mesmo algumas que, aparentemente nada têm a ver umas com as outras, num olhar mais atencioso podem ser encontrados pontos de ligação.

“A minha obra está em permanente construção, ou desconstrução…”

 

Daniel Nave

Daniel Nave, que vive e em Sintra, é licenciado em artes plásticas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (1979) e foi professor de artes visuais entre 1980 e 2013, desenvolvendo atividade como artista desde a década de 1980, nas áreas do desenho, da pintura, da escultura, da performance e do cinema experimental e documental.

De entre as mais recentes exposições individuais, realizou "Places of War", na Galeria Filomena Soares, em 2021, em Lisboa, "Bestiário", no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, em 2019, e "Inside Out", na Fundação Portuguesa das Comunicações, em 2018, em Lisboa.

Fernando Figueiredo Ribeiro voltou a marcar presença na abertura de uma exposição que tem a base na sua coleção pessoal. Até porque foi a partir desta coleção “com sede em Abrantes” que o curador partiu à descoberta de toda a obra de Daniel Nave.

O colecionador notou que a sua presença no MIAA é pelo Daniel e não pela coleção. E indicou que não foi a amizade que criou este laço que permitiu esta exposição em Abrantes, foi a qualidade.

Figueiredo Ribeiro confidenciou que o entrosamento entre artista e curador foi notório a que se juntou depois a equipa de produção do Museu e criou este trabalho de elevada qualidade.

 

Fernando Figueiredo Ribeiro

Luís Filipe Dias, vereador com o pelouro da Cultura começou por evocar o segundo aniversário do MIAA, inaugurado a 8 de dezembro de 2021, em pandemia, que este ano já conquistou o prémio Museu do Ano e já tinha arrecadado outro troféu pelo trabalho de requalificação do convento de S. Domingos pelo Arquiteto Carrilho da Graça.

O vereador destacou depois, e ainda antes de entrar na exposição, o trabalho da equipa do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte que tem coletado elogios enormes de todos os artistas que ali expõem os seus trabalhos. Esta sexta-feira não fugiu à regra e o vereador fez questão de destacar esse empenhamento da equipa que considera fundamental para que depois surjam os aplausos de artistas e visitantes.

Sobre a exposição, Luís Dias afirmou não conhecer pessoalmente o Daniel Nave, mas vincou o facto de já conhecer o seu trabalho. Deixou ainda uma palavra de reconhecimento ao colecionador Figueiredo Ribeiro, que é uma ponte para os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos ao longo destes 24 meses.

Depois elogiou os trabalhos em exposição, que catalogou de elevada qualidade e permitem ao MIAA continuar a trilhar o seu caminho com um dos polos culturais mais importantes da região.

Luís Filipe Dias, vereador CM Abrantes

Sob o título "Sou eu que desenho os meus pontos de fuga", a mostra reúne uma seleção de obras em técnica mista, escultura e instalação audiovisual criadas no período compreendido entre 1997 e 2023, tem a curadoria de Ricardo Escarduça e vai estar disponível ao público até 23 de junho de 2024.

O MIAA conta também com outras duas exposições temporárias de Matilde Marçal e do Mestre Gil Teixeira, para além da sala permanente de Maria Lucília Moita e das salas de arqueologia e arte sacra.

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