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Arte

Hospital de Abrantes com exposição de trabalhos de alunos do pintor Massimo Esposito (c/áudio)

26/02/2024 às 12:26
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O espaço de entrada da Unidade Hospitalar de Abrantes da ULS Médio Tejo está a receber, nas suas paredes, uma exposição de pintura com trabalhos dos alunos do "Atelier do Massimo". A exposição mostra 31 obras dos seus alunos, dos 8 aos 80 anos, com técnicas tão distintas como carvão, aguarela, acrílico, óleo e ainda técnicas mistas.

Já não é a primeira vez que esta parceria entre o artista italiano e a Liga dos Amigos do Hospital de Abrantes é feita, numa forma de mostrar o trabalho dos alunos e, por outro lado, de permitir que as paredes da galeria de entrada do Hospital ganhem mais cor.

Os trabalhos estão espalhados aleatoriamente por dois corredores entre a sala da Liga e a Biblioteca do Hospital. Todos têm o título, o nome do autor e a técnica utilizada na conceção do mesmo.

Massimo Esposito explicou que a exposição mostra trabalhos dos seus alunos, de vários pontos do distrito, de várias idades “temos a dª Fernanda que tem 80 anos”, explica o artista, ao mesmo tempo que diz que esta é mais uma oportunidade de poder mostrar os trabalhos feitos.

“O nosso trabalho é muito escondido. Estamos lá atrás do cavalete, mas as pessoas não estão a ver o que é feito. Estamos a fazer coisas muito bonitas e de ano para ano há uma evolução muito grande”, revela Massimo Esposito que acrescenta “as paredes brancas são muito bonitas, mas as cores ajudam a ter uma visão positiva da nossa vida. Vamos ver se encontramos outro tipo de locais para poder mostrar os trabalhos e dizer que Abrantes é uma cidade de cultura.”

O responsável pela escola de pintura e “curador” desta exposição lamentou que Abrantes, ultimamente, tenha poucos espaços expositivos e desejou que estejam disponíveis rapidamente porque o “povo pede, como se pode ver (e apontou ao número de pessoas presentes na sessão de inauguração).”

Graça Bento, dirigente da Liga dos Amigos do Hospital de Abrantes, destaca que a Liga não é só voluntariado e que, por isso, é um gosto estar a receber pelo segundo ano a iniciativa. A Liga também é social e ajuda as famílias que usam o espaço. Depois chega o agradecimento ao Hospital pela disponibilidade de acolher a iniciativa e, claro, aos alunos do “Atelier do Massimo” por mostrarem os seus trabalhos.

Já Piedade Pinto, enfermeira-diretora, diz que o hospital é um prolongamento da cidade por isso, “é com gosto que o hospital recebe os trabalhos destes artistas.” E revela ainda que a pintura é importante para a saúde mental, “faz bem à psique e vocês que fazem a pintura, os mais pequeninos (dirigindo-se às crianças que andam na escola e têm trabalhos expostos) sabem isso mesmo, é bom pintar, é bom descobrir aquelas coisas que conseguem fazer com os pincéis e com as tintas.”

Massimo Esposito explica que o laboratório “Atelier do Massimo” já tem 26 anos e que esta exposição é o resultado desse trabalho, dos trabalhos dos alunos. Os alunos são diferentes, muitos que passaram já deixaram e agora é mostrar o trabalho desta “nova leva” que estão a aprender as técnicas para desenvolver a arte.
Esta exposição é pintura e desenho. “São tudo técnicas académicas que vão do lápis ao óleo. Agora pinturas sobre telha, cerâmica, tecido ou vidro não há. Aquilo que domino, deste sempre, é esta técnica”, explica o artista. E acrescenta que depois de aprenderem, cada um ganha asas e voa por onde quer, artisticamente falando.

E sobre o arranque das aulas, Massimo diz que não há um arranque igual. “Se há um aluno que chega e diz que gosta de aguarela então começamos por aí. Entretanto, aprendem outras técnicas e acabam por se mostrar surpreendidos. O meu dever é mostrar as ferramentas e depois eles escolhem o que fazer.”

Sobre a exposição, mostra trabalhos de 31 alunos, dos 8 aos 80 anos, literalmente. “Não há idade na arte”, sublinha o pintor italiano que explica que só trabalha em Abrantes. “Vivo em Abrantes há 26 anos. Casei aqui. Há um potencial muito grande para a pintura. E Abrantes mostra, agora, uma aposta na arte. Temos o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte. Temos a Galeria. Vamos ter o outro Museu de Arte Contemporânea. O que quero é mostrar que há pessoas interessadas. Recebo pessoas da Concavada, Fátima, Leiria. E isso está representado aqui nas paredes.”

E explica mais ao referir que todos os trabalhos na exposição são escolhas dos alunos. Sejam rostos, paisagens, retrato de quadros antigos. “Eles escolhem o que pintam, eu só lhes dou a técnica”, salienta o professor, que se desdobra em cumprimentos e em fazer fotografias que registam o momento.

 

Massimo Esposito

Sofia Oliveira, de Mouriscas, tem um quadro nesta exposição que classifica de muito importante porque e a “forma de mostrar o nosso trabalho” ainda por cima num sítio que, assim, pode ter mais luz e mais ânimo às pessoas. “Podem vir aqui e ver que há aqui coisas diferentes, que há aqui arte.”

A Sofia tem um trabalho em acrílico sobre Abrantes. “Eu pintei a cidade de Abrantes, inspiração dia a dia da nossa bonita cidade. E achei que era importante para as pessoas poderem ver que temos mais ângulos da nossa cidade e que qualquer coisa pode ser uma inspiração para nós”, explica a Sofia exemplificando que um simples candeeiro pode ser um momento de inspiração.

Para esta exposição no Hospital escolheu um trabalho a acrílico, mas diz que gosta de outras técnicas como a pintura a óleo, carvão. “Tenho várias técnicas que vou testando.”

E afinal de contas porque é que a Sofia Oliveira foi bater à porta do “Atelier do Massimo”: “Eu sempre gostei de pintura e quis aprender mais, principalmente para distração. Algo que me motivasse para outras coisas. Comecei com algo muito simples, com lápis, até evoluir para acrílico e óleo.”

Todos os trabalhos estão guardados em casa e a Sofia tem muito a ambição de ter uma exposição em nome próprio.

 

Sofia Oliveira

António Paredes, natural de Vale das Mós, mas residente em Santarém, tem 66 anos, e mostra nesta exposição uma “napolitana”. Explica que sempre gostou de fazer uns bonecos e desenhar, mas “tinha uma certa curiosidade em saber como é que era a pintura”. Revela que sempre desenhou, principalmente em almoços e jantares, aproveitava as toalhas de papel para desenhar caricaturas, mas não sabia nada de pintura. “Eu tenho de ir aprender a pintar. Foi assim que tudo começou.”
Entrou no “Atelier do Massimo” e explica que ao saber desenhar, o básico, começou pelo acrílico, técnica a que se agarrou e até lhe causou algum receio em saltar para o óleo. “Mas quando passei para o óleo nunca mais quis outra coisa.”

António Paredes explica que não tem um tema específico, “pinto tudo”. E depois acrescenta que tem trabalhos não para uma, mas para várias exposições. “Os quadros na minha casa são todos meus e na garagem devo ter uns 50 arquivados”, revela o aluno.

E deixa uma confidência: “Eu desenhei um pão de forma a óleo e aquilo saiu-me muito bem. Um amigo do meu filho perguntou-lhe onde é que tinha comprado ’o póster’. O meu filho disse-lhe ‘aquilo foi o meu pai que pintou.’ Foi um elogio que sabe muito bem.”

 

António Paredes

A exposição pode ser visitada no hall de entrada do Hospital de Abrantes, na entrada principal, até ao dia 24 de março. São 31 de trabalhos de alunos do “Atelier do Massimo”, do pintor italiano Massimo Esposito.

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