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Concelho Vila de Rei garantido na Unidade Local de Saúde do Médio Tejo (C/áudio)

22/06/2023 às 11:38
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A mudança de Vila de Rei do Médio Tejo para a Beira Baixa, no que diz respeito à administração territorial das comunidades intermunicipais, criou um problema na área da saúde. Apesar de Vila de Rei pertencer ao distrito de Castelo Branco e, logo, na saúde deveria caminhar para o Hospital Amato Lusitano, desde 2013 que tinha um estatuto especial que permitia que o hospital de referência fosse o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT).

Num concelho com problemas com os médicos de família, com apenas uma médica a tempo inteiro, e depois com 3 clínicos a fazer umas horas por semana, deslocar os doentes para Castelo Branco, cerca de 90 km, quando há dois hospitais distritais, do mesmo centro hospitalar, a 25 e 30 km, acarretaria um conjunto de outros problemas à população. 

Ricardo Aires, presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, já tinha confirmado à Antena Livre que o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, lhe tinha dito, de forma informal, que o município iria continuar a ter o CHMT como referência. Apesar disso o autarca disse sempre esperar por uma decisão ou informação oficial e que só nesse dia iria ficar mais descansado.

Em abril, o grupo do PSD na Assembleia Municipal de Vila de Rei apresentou uma moção em que exorta o governo a decidir a manutenção do concelho na sua ligação ao CHMT.

Apesar de, formalmente, o município de Vila de Rei ter sido deslocado da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo para a Beira Baixa e da conversa entre o presidente da Câmara e o ministro ter acontecido logo em fevereiro, só no dia 15 de junho é que houve a boa notícia.

Casimiro Ramos, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo, informou o autarca que por indicação do Ministério da Saúde o concelho de Vila de Rei deverá juntar-se aos 11 do Médio Tejo na “construção” do Plano de Negócios da futura Unidade Local de Saúde (ULS) desta região. Ou seja, a 1 de janeiro de 2024 Vila de Rei passa a integrar em qualquer regime de exceção a ULS do Médio Tejo, deixando a ULS de Castelo Branco, onde está inserida.

Quer isto dizer que tanto ao nível de cuidados hospitalares como ao nível dos centros de saúde, a partir de janeiro, passa a ser a nova estrutura de saúde do Médio Tejo a gerir os 12 territórios (11 concelhos do Médio Tejo e Vila de Rei).

Ricardo Aires salientou que não tem nada contra a ULS ou o Hospital de Castelo Branco, mas que há aqui uma posição de defesa da população e de a colocar mais próxima dos cuidados de saúde, tanto nos cuidados primários como nos cuidados hospitalares.

Para o autarca este é o fim, a confirmar-se a criação da ULS do Médio Tejo, a uma situação que vem desde 2013 com um regime de exceção definido na altura pelo Ministério da Saúde.

Ricardo Aires, presidente CM Vila de Rei

Este tema é transversal a todos os partidos e instituições do concelho, passando pelos cidadãos. Mesmo na Assembleia Municipal de 21 de junho uma cidadã residente no concelho, Lígia Cardiga, deixou bem clara a sua opinião de ser contra uma deslocação dos doentes para o Hospital de Castelo Branco.

A moção aprovada em abril que defende a ligação ao CHMT

A 11 de abril deste ano, na Assembleia Municipal de Vila de Rei, a bancada do PSD apresentou uma moção de censura sobre uma eventual mudança do concelho do Médio Tejo para o Hospital de Castelo Branco.

Nesse texto, os social-democratas, lembram que “em 4 de setembro de 2013 foi realizada uma proposta de Resolução para a referenciação Hospitalar dos Utentes do Concelho de Vila de Rei, proposta pelo Presidente do Conselho Diretivo da ARSLVT, I.P. Dr. Luís Cunha Ribeiro e pelo Presidente do Conselho Diretivo da ARS Centro Dr. José Manuel Azenha Tereso, na qual se propõe no seu ponto 1: ‘o acesso à consulta hospitalar e serviços de urgência para os utentes do supracitado concelho passe a efetuar-se para o Centro Hospitalar do Médio Tejo.’ O mesmo foi homologado pelo então Secretário de Estado da Saúde Dr. Manuel Teixeira a 27 de setembro de 2013.”

No mesmo texto, aprovado pelo órgão, revela que “em face do exposto, bem como dos repetidos testemunhos que temos recebido, é com profunda indignação que assistimos ao facto de várias utentes Vilarregenses terem sido encaminhadas para o hospital de Castelo Branco para a realização de exames, bem como, consultas de encaminhamento durante a gravidez.”

E na moção apresentam a proposta de moção “para que seja respeitado a proposta de resolução homologada pelo Sr. Secretário de Estado da Saúde em 2013, bem como que o Governo determine de uma vez por todas, com a força de Lei, a referenciação dos nossos utentes para o Centro Hospitalar do Médio Tejo.”

No mesmo texto é referido que obrigar os Vilarregenses a deslocarem-se 90km quando poderiam apenas fazer 25km não é próprio de quem “deveria conhecer o território e as suas gentes.”

Mas o PSD é mais crítico e endurece o discurso ao salientar que a medida (de colocar Vila de Rei no Hospital de Castelo Branco)é “reveladora da incapacidade do Governo em pensar e executar um plano estratégico de promoção da natalidade e de valorização do Interior. Encaminhar grávidas para unidades mais longínquas, onde não existe uma rede de transportes públicos eficaz, e onde até hoje se aguarda pela redução das portagens da A23 é disso revelador.”

O PSD de Vila de Rei através da presente moção pretende “que Governo tome medidas imediatas para resolver este problema e garanta que os utentes de Vila de Rei tenham acesso a cuidados de saúde no hospital mais próximo e adequado.”