JMJ Sardoal «constrói» tapete de flores junto ao palco-altar da Colina do Encontro (c/áudio e fotos)
Sardoal tem a tradição de fazer tapetes de flores nas capelas por alturas da Semana Santa. Mas este ano houve uma surpresa, a organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) convidou o Sardoal, através da Paróquia, primeiro, e depois com o Município, para poderem fazer um tapete de flores no Parque Eduardo VII, para a Missa de Acolhimento, presidida pelo Papa Francisco.
E foi o que foi preparado ao longo de semanas. Escolher flores, materiais para o enchimento de um tapete de 75 metros quadrados. Uma escala muito superior aos que são feitos todos os anos por alturas da Páscoa. E depois juntou-se uma outra dificuldade. As flores de agosto, no campo, não abundam, pelo que foi necessário olhar bem para o desenho, escolher os motivos e as cores para executar este trabalho.
E foi isso que aconteceu esta quarta-feira, dia 2 de agosto. Cerca das 17 horas, junto ao Centro Cultural Gil Vicente, juntavam-se meia centena de cidadãos de Sardoal, na maioria do sexo feminino. Este grupo, a que juntaram outras jovens que estavam em Lisboa e quiseram dar uma ajuda na empreitada.
A viagem
Foi na viagem, já no autocarro, que o grupo ficou a saber que o tapete de Sardoal iria ficar encostado ao palco/altar.
O ponto de encontro foi junto ao Centro Cultural Gil Vicente. Pouca bagagem. Saco cama e colchonete, para algum tempo de descanso, e uma pequena mochila essencial. Sem esquecer as garrafas de água.
E muita conversa sobre aquilo que já se viu pela televisão, das Jornadas, da Colina do Encontro.
Miguel Borges, presidente da Câmara de Sardoal, lidera a comitiva que segue bem-disposta e preparada para uma noite em branco.
São quatro os municípios a fazer o tapete gigante de 75 metros quadrados. "A nós calhou a parte superior. Mais perto do palco-altar", disse o autarca.
Outras as conversas são sobre aquilo que se tem visto na televisão. Ruas e praças cheias. E até as suposições: "O autocarro não chega lá perto. Temos de andar muito, a pé."
Mas este foi um autocarro que partiu com a Fé e Tradição de colocar na Colina do Encontro um pouco do que é feito, todos os anos, na semana Santa do Sardoal.
Já na A23 o Padre Carlos Almeida dá algumas indicações para o grupo de Sardoal. Nomeadamente relacionada com as questões apertadas de segurança.
Miguel Borges da conta de pormenores mais técnicos. Como é um tapete de dimensões superiores aos que são feitos todos os anos no Sardoal. Há 4 zonas, cada uma com um coordenador e com uma equipa de voluntários.
Depois há um pedido para ser cumprido o plano por forma a ganhar tempo e com a indicação expressa de que há uma barreira temporal, ou seja, o tapete tem de estar pronto às 7 da manhã.
"Esta é uma oportunidade única na nossa vida. É para fazer com muita alegria."
Há depois uma outra indicação de que as flores serão cortadas junto ao caule, não serão depenicadas, como é habitualmente feito nos tapetes da Semana Santa.
Numa paragem em Aveiras juntou-se a viatura de carga da cm Sardoal com os materiais necessários ao trabalho.
A chegada a Lisboa é rápida e antes da entrada no Parque Eduardo VII toda a comitiva faz o processo de acreditação e uma refeição.
A Colina do Encontro
O Parque Eduardo VII tem no topo o imponente palco-altar em tons de azul e lilás. É ainda mais imponente do que aquilo que se vê em fotografias ou na televisão.
Pouco a pouco os voluntários de Sardoal vão chegando para reconhecer o espaço em que vão trabalhar com um pedido expresso dos responsáveis da Câmara de Lisboa, para não passarem por cima das sebes de buxo, por forma a não as estragar.
Depois começam a chegar os materiais. Sacas de aparas de pinho, de casca de eucalipto e de carrasca de pinheiro. Baldes de margaridas e gerberas amarelas e vermelhas. Chegam ainda sacas com ramagem de cedro e buganvílias, para os lilases do tapete.
E chegam os moldes construídos em metal, para que os voluntários possam ir espalhando os materiais.
O vice-presidente da Câmara de Sardoal, Jorge Gaspar, e a vereadora Patrícia Rei, coordenam os trabalhos. Jorge Gaspar explicou como estava a ser desenvolvido o trabalho e as quantidades de flores e de outros materiais necessários para fazer o tapete de flores.
Jorge Gaspar, vice-presidente CM Sardoal
Fora do “quadrado” onde estavam os moldes, Emília e Fernanda depenicavam umas buganvílias lilases. Sempre com muito boa disposição, afinal de contas é uma honra estar ali a fazer o tapete para o Papa Francisco. E para mostrar ao mundo através das televisões.
Fernanda e Emília
Gregório Fernandes é outro sardoalense muito habituado a fazer os tapetes na Semana Santa. Mas este é diferente. É ao ar livre, o que acarreta outros desafios, como o vento. E é gigante. 75 metros quadrados. Mas é uma honra fazer parte deste desafio, em nome do Sardoal.
Gregório Fernandes
Carlos Almeida, o pároco de Sardoal, explicou à Antena Livre como é que foi feito este contacto. E frisou a importância do trabalho desenvolvido na Semana Santa para colocar o Sardoal no Parque Eduardo VII, designado por Colina do Encontro nesta JMJ e onde se estima que tenham estado mais de 250 mil peregrinos na missa de abertura da Jornada, na última terça-feira.
E confessou estar ansioso e nervoso para o momento em que o Papa Francisco entrar no palco-altar e olhar para o trabalho de toda uma noite.
Padre Carlos Almeida
Já Miguel Borges, presidente da Câmara de Sardoal, vincou a importância deste "trabalho" e que o convite acaba por ser o reconhecimento dos trabalhos feitos todos os anos. Por outro lado, é um apelo ao orgulho sardoalense e uma montra do que se faz todos os anos por alturas da Páscoa.
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
Ao longo da noite foram passando pelo espaço alguns curiosos, alguns peregrinos. Outros estavam espalhados pela encosta dentro dos sacos-cama a olhar uma lua cheia, também ela imponente.
Na zona central do Parque, os voluntários de Sardoal faziam o seu trabalho, sempre com boa disposição à mistura. Mais abaixo eram os de Vila do Conde, depois Viseu e depois Viana do Castelo.
O corredor com os tapetes de flores começava a ganhar vida. Das mãos dos voluntários destas localidades que quiseram dar o contributo para esta Jornada Mundial da Juventude. E aqui a idade não conta. Conta é a vontade de estar presente e mostrar ao Papa, ao país e ao mundo as tradições das suas terras.