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Sardoal

“Queremos que as pessoas se sintam bem, se sintam alegres, se sintam felizes no Sardoal”

22/09/2023 às 10:17
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No mês de setembro assinala-se o Dia do Concelho de Sardoal que este ano comemora 492 anos de elevação de Sardoal à categoria de vila. É também quando chegam as Festas do Concelho. O presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges, falou ao JA sobre a importância que teve este último ano para o Sardoal, das obras e projetos e estendeu o convite a toda a população para participarem dos festejos: “divirtam-se e venham à festa”.

Por Patrícia Seixas *

 

Comemoram-se 492 anos de foral. Que destacar das celebrações deste ano?

No meu aniversário, por exemplo, costumo fazer uma retrospetiva daquilo que foi aquele ano entre o espaço dos 365 dias entre um ano e outro. Eu acho que este é um dia que, da mesma forma que no nosso aniversário, é mais um momento. É um momento em que, como muitos que temos ao longo do ano, em que as pessoas se juntam, se envolvem e socializam, que é uma arte muito sardoalense. E isto acontece tanto nas festas do Concelho como na Semana Santa, assim como acontece noutras alturas. Aliás, por vezes as pessoas até confundem qual é o momento mais alto da nossa vida comunitária, se são as festas do Concelho ou se é a Semana Santa. Por isso, nós temos esta felicidade de ter vários momentos e que não se esgota num só. Mas eu acho que é um ano muito importante de coisas muito importantes que aconteceram.

 

Qual é o balanço que se faz destes 365 dias?

Claramente positivos. Por exemplo, foi o ano da inauguração da Escola e em que a obra da Escola ficou completamente concluída. É o ano da conclusão das obras do Externato Rainha Santa Isabel para Biblioteca Municipal, e o ano em que inaugurámos, também, o parque de auto-caravanas e o Centro Cyclin Portugal. É o ano em que temos uma grande quantidade de projetos no âmbito da habitação e de algumas aprovações de candidaturas que fizemos para a habitação, não só para a habitação a custos acessíveis como também no âmbito do 1.º Direito. O ano em que tivemos um palco mundial, quando fizemos na Jornada Mundial da Juventude aquele fantástico tapete, mesmo encostado no palco-altar, que foi visto por milhões de pessoas, em que alguém se lembrou que o Sardoal podia dar aí um bom contributo, e assim, tivemos 55 sardoalenses fazendo este trabalho naquele local. Este é um ano claramente positivo.

Também foi um ano com muitas dificuldades, mas que mesmo com as dificuldades, conseguimos manter uma dinâmica. Basta ver a edição de maio/ junho” do Boletim Municipal, para perceber a quantidade de atividades que tivemos: desde visitas de membros do Governo, desde o sr. Primeiro-ministro, o sr. Ministro de Educação, a sra. Ministra Adjunta... que vieram ver boas práticas feitas no Sardoal. E é o ano também em que a nossa festa da Semana Santa e do Bodo será reconhecida como Património Imaterial Nacional.

 

A comunidade continua envolvida com os festejos do Concelho ou, também aqui, se notou algum afastamento depois da pandemia?

Não, de modo nenhum. As nossas festas do Concelho não fazem sentido sem o envolvimento da comunidade e a comunidade está sempre muito envolvida. Principalmente ao nível do associativismo, porque as associações são compostas por pessoas da nossa comunidade e as associações têm sempre um papel muito importante. Desde Os Lagartos, com o desporto no âmbito do futebol, este ano temos também a novidade do ténis de mesa pela Associação de Valhascos, a nossa Filarmónica União Sardoalense que tem sempre uma presença fantástica e muitas outras associações que fazem um conjunto de atividades nesta altura e, quando não as fazem, colaboram com as associações que as fazem.

 

A Semana Santa de Sardoal está em vias de ser classificada como Património Imaterial pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). Com o período de consulta pública concluído, a DGPC tem agora um prazo para confirmar esta tão aguardada inscrição. Há alguma novidade do processo?

Não, o prazo da consulta pública não terminou assim há tanto tempo, por isso, a qualquer momento poderemos ter essa novidade da decisão da classificação.

 

Porque é que decidiram fazer esta candidatura?

Principalmente a salvaguarda deste nosso património. É muito importante que tenha esta visibilidade e este reconhecimento e, ao mesmo tempo, também a DGPC passa a ter uma responsabilidade sobre aquilo que é a salvaguarda deste nosso património. Não é só a nossa responsabilidade, mas quem classifica também vai ter essa responsabilidade de acompanhar, de verificar se as coisas estão a ser bem feitas e é isso que nós queremos. Queremos parceiros a este nível, queremos pessoas que, juntamente com os sardoalenses, deem a devida importância e o devido reconhecimento o que, na verdade, é de todo uma justiça a este Património Imaterial, que tem muitos anos e que foi tão bem exposto, como já disse, na Jornada Mundial da Juventude. Que possa ter esta classificação e, ao mesmo tempo, uma exposição diferente de aquilo que teria até agora. É mais um contributo para a valorização deste nosso património, a sua preservação e também, não podemos deixar de o dizer, como no âmbito do Turismo da Fé e da religiosidade, ser também importante reconhecermos tudo isto como um ativo turístico que traz gente ao Sardoal e que dá dinâmica à nossa economia local.

 

Se acontecer, qual é o sentimento que fica para o Executivo que liderou este processo e que demorou tantos anos?

Para nós, que demos início a este processo, uma sensação de dever cumprido e dizer que a nossa estratégia, juntamente com aquilo que tem sido a estratégia e a dinâmica das pessoas que têm feito os tapetes até agora, todos juntos, resulta. No fundo, aquilo que nós como políticos temos obrigação de fazer é promover, facilitar, agilizar, dar visibilidade àquilo que as pessoas fazem, muitas das vezes as pessoas também fazem-no de uma forma tão singela, de uma forma tão pura, que não têm essa intenção e não veem isso como tal. Mas também é importante que nós possamos ver este outro lado como um lado quase oportunista, é uma causa/efeito, no sentido de que aquilo que está ali a ser feito é um bom recurso que nós podemos transformar num bom produto turístico, e que todos nós estamos a ganhar.

Não podemos dissociar a tudo isto, o facto de há um ano ter sido inaugurado o Centro de Interpretação da Semana Santa e do Património, com o enorme sucesso que tem tido.

 

O projeto Voluntariado Jovem para a Natureza e Florestas continua a ser uma a oposta do Município de Sardoal. Têm recebido boas notas desta iniciativa?

Sim, nós fomos o primeiro município do Médio Tejo a aderir a este programa e dos primeiros do país. Esta é aquela iniciativa que tem a generosidade de ocupar os jovens neste período em que estão de férias, ocupado-os numa forma útil para a comunidade. Tem três vertentes, uma é uma parte de limpezas de determinados espaços, sempre na área da prevenção do combate a incêndios, outra é a vigilância feita na Torre Vigia do Mogão, mas outra é que os nossos jovens se deslocam pelas nossas aldeias distribuindo panfletos, falando com as populações, sensibilizando-os e, ao mesmo tempo, fazendo esta vigilância de proximidade passando pelos caminhos e tendo esta presença constante. Claro, antes, há uma formação e neste momento temos cerca de 50 jovens a participar neste projeto que vai até final de setembro, o que é muito bom.

 

Este ano o programa recebeu um reforço de 1,5 milhões de euros por parte do Governo e o Governo esteve de visita exatamente a este programa em Sardoal. O que é que lhe foi transmitido?

O reconhecimento do facto do município aderir a este programa. Foram eles que quiseram cá vir, recebemos o contacto através do Instituto da Juventude que era a vontade do sr. Secretário de Estado da Juventude e da sra. Secretária de Estado da Proteção Civil assim como da sra. Ministra Ana Catarina Mendes, visitar, estar, acompanhar e ver aquilo que estava a ser feito e assim foi. Tenho a certeza de que foram agradados com o que viram. Visitaram três pontos onde estavam grupos de jovens e, na verdade, é mais um contributo que nós damos na prevenção e nesta luta contra os incêndios. E também, como disse, na ocupação saudável dos nossos jovens, que são acompanhados pelo Gabinete Florestal, pela Proteção Civil que faz esta articulação, e também pelo nosso setor do desporto e da juventude que faz este acompanhamento.

 

Foi aprovado o início do processo de construção da nova creche. Já há melhores notícias quanto aos valores da comparticipação?

Ainda não. Os sardoalenses precisam de uma creche municipal, precisam de, nesta faixa etária, quando as pessoas vão trabalhar, ter onde deixar as crianças, por isso, com comparticipação elevada, com comparticipação baixa ou sem comparticipação, esta era uma obra que se exigia. Sendo certo que, na verdade, a comparticipação é baixa. O financiamento é feito a custo padrão e esse custo é de acordo com o número de utilizadores. Nós vamos ter 42 crianças e o valor é por criança, o que dá um valor de contribuição do PRR de 162 mil euros, sendo que o valor final da obra será de 919 mil euros. Recentemente tive uma reunião com o responsável pelo PRR, onde me foi dito que poderá haver uma majoração de mais 20%, 20% sob estes 162 mil.

 

O Município tem capacidade orçamental para fazer o resto da obra?

O Município tem capacidade de endividamento e tem capacidade para pagar esse endividamento e isto serve para ser utilizado naquilo que é útil para a comunidade. Não adiantava nada termos capacidade de endividamento e não o utilizar e deixarmos passar ao lado obras e momentos fundamentais para construirmos essas obras. Não quer dizer que daqui a dois, três ou quatro anos não pudesse vir um outro enquadramento comunitário onde pudesse ter até outra comparticipação, mas nada nos garante que isso seja assim. Agora, uma coisa é certa, sabemos que neste momento temos 162 mil euros de comparticipação e é com essa base que nós vamos partir para este equipamento que é fundamental e não pode estar à espera.

 

E vai ser construido onde? Já tem um lugar definido?

Sim, já tem. Vai ser precisamente no mesmo espaço da escola, ou seja, de um lado fica o Pavilhão Gimnodesportivo e do outro lado, onde era um antigo jardim que os jovens tinham ali e depois com as obras também deixou de ser, vai ser implementada aí a Creche Municipal.

 

E vai dar para aumentar a capacidade de crianças ou vai permanecer por volta das 40?

Neste momento as salas estão projetadas para aquilo que é a nossa realidade e sabemos que, demograficamente o número de crianças não aumenta assim tanto de forma a que pudéssemos fazer já um investimento tão grande para depois termos salas vazias. Agora, será uma estrutura e um espaço que se for preciso aumentar terá capacidade para isso, assim como a própria escola.

 

A creche vai permanecer municipal ou há a possibilidade de vir ser gerida por um IPSS? Os apoios da Segurança Social são diferentes...

Depende do que aí venha em termos legislativos. Aquilo que eu tenho tentado insistir com a sra. Ministra, e acho que ela está sensível a isso, é que não faz sentido e cria-se aqui uma injustiça, quando há a gratuitidade das creches só para as IPSS. Ora, a pergunta é: e num concelho como o Sardoal onde não há nenhuma IPSS com creche e tem que ser a Câmara a assumir devido a não criar aqui este vazio? Sendo assim, há uma tremenda injustiça porque as crianças do Sardoal só têm esta creche e há uma desigualdade, porque nos concelhos ao lado que tenham IPSS, essas crianças não pagam, os pais não pagam. Isso é uma injustiça. Nós não estamos a ser concorrenciais com ninguém. Isso faria todo o sentido se houvesse aqui uma IPSS a ter uma creche e o município criasse a sua creche também e tivesse a ser concorrencial, tirando as crianças a essa creche, mas não é isso que está a acontecer. Eu acredito que muito em breve tenhamos aqui uma igualdade entre crianças que vivem num concelho onde há uma creche numa IPSS e crianças que vivem num concelho onde não há IPSS com creches, mas há um município que não as abandona. Eu espero que isto seja uma realidade muito em breve...

 

E as obras do antigo colégio,quando é que iremos poder ver a nova Biblioteca?

Nesta fase falta-nos praticamente só aquilo que são os equipamentos. Estamos num processo de aquisição do recheio, digamos assim, do mobiliário. Há pequenos retoques a fazer, normais, de coisas que vão aparecendo, mas o mobiliário é o que está em falta. Depois vai haver um processo muito importante, que vai demorar um pouco e vai ser o processo de desinfestação e desinfeção de todo o material bibliográfico que existe nesta biblioteca e que vai passar para lá cima. Ou seja, vamos ter uma empresa que vai fazer este trabalho para que todo o material documental, quando for para a nova biblioteca, possa ir em perfeitas condições e não vá contaminar outros livros que para ali possam vir.

 

Pela dimensão do espaço, a nova Biblioteca irá ter outras valências?

Não é só uma questão de dimensão. Nós aqui também temos várias salas, mas é um edifício que não está, por exemplo, preparado para pessoas com mobilidade reduzida, é um edifício que era um edifício de habitação e que foi de certa forma adaptado a biblioteca. Ali não, ali temos um antigo colégio que foi construido como colégio e que foi todo ele pensado neste momento como uma biblioteca. E é isso que vamos ter, uma biblioteca agradável, uma biblioteca com espaços amplos, e como aqui, também vai ter o espaço juvenil, o espaço infantil, o espaço de Internet... tudo isso, mas de uma forma mais ampla e mais agradável do que o temos aqui no edifico mais antigo.

 

Falta aprovar o Plano Diretor Municipal, que está a ser construído e contempla o alargamento da Zona Industrial...

Não é um processo fácil. O prazo que está neste momento é até final do ano. Mas não dependemos só de nós para a aprovação do Plano Diretor Municipal, dependemos em muito de entidade externas que têm que dar os seus pareceres. E nós tivemos entidades externas e oficiais que demoraram mais de um ano a dar o parecer, e depois, tudo isto faz com que as respostas não sejam atempadas e que este processo se torne muito mais longo do que aquilo que devia ser.

 

Não está a colocar em causa o alargamento da Zona Industrial?

O alargamento da Zona Industrial tem que ser consequência da revisão do PDM até porque te um plano de pormenor. Mas pode ser neste, não precisa de um próximo, só que o próximo acredito que esteja para breve e, como tal, havendo essa necessidade do alargamento da Zona Industrial, poderá ser feito a qualquer momento. No entanto, neste momento também sabemos como é que estamos aqui de Zonas Industriais à nossa volta, todas elas estão longe de estar esgotadas. De qualquer das formas, aquilo que pusemos nos projetos 20/30 foi precisamente o alargamento desta Zona Industrial porque isto não é só comprar terrenos à volta, é criar infraestruturas, e estamos a falar de muito dinheiro. E aí, sim, se não houver uma comparticipação comunitária, nós podemos eventualmente comprar terrenos circundantes, mas não podemos fazer as infraestruturas necessárias para termos ali um parque empresarial.

 

Mas esse processo ainda não foi iniciado. A Câmara não começou a comprar terrenos...

Não, o que a Câmara fez foi apresentar dentro do quadro comunitário a intenção de haver financiamento para o alargamento das Zonas Industriais. Haverá aí uma percentagem, mas muito pequena, para a aquisição de terrenos.

 

Nesta altura festiva, que palavra fica para os sardoalenses?

É o primeiro grande ano pós-Covid. É um ano em que as nossas festas não têm muitos dias, têm três dias, mas que sejam três dias muito intensos, de muita alegria e de boa disposição. É isso que pretendemos, porque no Sardoal queremos que a festa seja uma realidade constante e não reduzida a dois ou três dias. Queremos que as pessoas se sintam bem, se sintam alegres, se sintam felizes no Sardoal, porque têm bons equipamentos, porque têm uma escola nova, porque têm um Encontro Internacional de Piano que foi um sucesso este ano, que ultrapassou tudo aquilo que eram as nossas expetativas, porque temos um protocolo com o Teatro Nacional Dona Maria, ou seja, temos animação, cultura, entretenimento, durante todo o ano, não nos cingimos só a estes três dias e temos também uma resposta, neste âmbito, também diversificada. Por isso, divirtam-se e venham a festa. 

* com Jade Garcia