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13 out 2024
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Abrantes

Pouca procura, alojamento e atual edifício da ESTA discutidos na reunião do Executivo

9/09/2024 às 18:21
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A baixa percentagem do colocação de alunos que a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) obteve na primeira fase de acesso ao ensino superior, foi tema debatido na reunião do Executivo Municipal de Abrantes no dia 3 de setembro.

O vereador Vítor Moura, eleito pelo PSD, deu conta das colocações e disse que, perante este cenário, é importante continuar a discutir o ensino Superior em Abrantes pois, como afirmou, não se trata apenas de instalações.

“Sobre a ESTA, à semelhança do que vem acontecendo em anos anteriores, a primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior mostra que a nossa Escola Superior é pouco procurada. À exceção do curso de Comunicação Social, que normalmente é bastante preenchido - é porque ele tem boa reputação a nível nacional, é a conclusão que se tira - e que de novo foi preenchido logo nesta primeira fase do concurso nacional em 100% das vagas, nos restantes três cursos, das 73 vagas, apenas se preencheram cinco”, disse o vereador. Vítor Moura deu ainda conta que “curiosamente, o curso de Engenharia Mecânica, que seria aquele que tanto pela tradição como por aquilo que ainda hoje industrialmente se vive no concelho de Abrantes, que mais atividade tem no nosso concelho, a verdade é que Engenharia Mecânica só teve uma vaga preenchida”.

Para o social-democrata, “isto vem dar razão àquilo que nós dizíamos já até em campanha eleitoral, portanto, há mais de três anos, que é importante refletir-mos sobre isto. Porque não precisamos apenas de novas instalações para a ESTA, continuamos a achar que é preciso continuar a discutir o Ensino Superior em Abrantes e, sobretudo, a garantir a qualidade desse ensino superior em Abrantes. Isto é para nós, e será sempre para nós, o mais importante deste assunto”.

Também o vereador Vasco Damas, eleito pelo movimento Alternativacom, tocou no tema, com números e percentagens, afirmando que há, aparentemente, “um retrocesso” na procura pela ESTA e questionou se o assunto preocupa a maioria socialista.

“Relativamente ao ano letivo 2024/2025 que em breve se inicia, os números disponíveis mostram que a ESTA ofereceu este ano menos vagas do que nos últimos dois anos, ou seja, a oferta de vagas no Ensino Superior em Abrantes, caiu este ano cerca de 12%, passando 126 para 111”, afirmou o vereador. Vasco Damas lembrou também que “como se sabe, o curso Superior de Cinema Documental não abriu este ano na ESTA, e apesar de sabermos que este curso está em fase de reestruturação e que é possível que vá surgir um novo curso ligado ao cinema, neste momento e com estes dados, achamos que este cenário é a todos os títulos contraditório com a intenção anunciada pelo Município de Abrantes em 25 de outubro do ano passado, por altura do Congresso da Federação Portuguesa de Escolas de Cinema e Audiovisual, de vir a realizar uma bienal do Cinema e Audiovisual em Abrantes, após a conclusão das obras de requalificação do Cine-Teatro São Pedro”.

O vereador eleito pelo movimento Alternativacom adiantou ainda que “a agravar esta realidade, o número de alunos colocados na ESTA nesta primeira fase é o menor nos últimos quatro anos, tendo sido preenchidas apenas 39% das vagas, contra um conjunto de indicadores que tem vindo a decrescer desde 2021”. Concluiu dizendo que “esperamos e desejamos que nas próximas fases de colocação se verifique uma recuperação e perguntamos ao senhor presidente como interpreta estes números e se, à semelhança do movimento Alternativacom, também está preocupado com este aparente retrocesso no Ensino Superior em Abrantes”.

O presidente da Câmara de Abrantes assumiu que há essa preocupação mas que a Câmara está a fazer a sua parte. Manuel Jorge Valamatos disse que ninguém pode acusar a autarquia pelo não crescimento da ESTA.

“As vossas preocupações são as nossas preocupações e é por isso que nós temos que fazer o nosso trabalho. Ninguém nos pode acusar de que a ESTA não cresceu, não se desenvolveu, porque nas condições estruturais onde está, isso não lhe é permitido”, afirmou o autarca. Segundo Manuel Jorge Valamatos, “esta é a voz do senhor presidente do IPT, é a voz da senhora diretora da escola, é a voz dos docentes, é a voz dos alunos, e eu tenho falado com alguma frequência com a Associação de Estudantes da ESTA, e os alunos sentem isto, sentem esta fragilidade das condições físicas”. Acrescentou que, “obviamente, todos tem razão, também porque não é só as condições físicas que fazem o seu todo, mas as condições físicas são aquilo que nos diz mais respeito a nós. A parte científica, pedagógica da escola, a promoção da própria escola, tem muito a ver com a gestão do Politécnico”.

 

O alojamento e residências para estudantes

O vereador Vasco Damas questionou também o presidente da Câmara acerca das condições de alojamento para estudantes e sugeriu um programa inter-geracional, como tem sido adotado por alguns municípios.

“E deixe-me ligar aqui um outro tema”, disse, aproveitando para referir “um dos problemas que pode ajudar a explicar os assuntos anteriores”. Para o vereador, um dos maiores obstáculos “é a inexistência de habitação para estudantes” e lembrou que “há neste momento municípios a estudar ou já a implementar programas inter-geracionais para o alojamento de estudantes em casas de idosos isolados, em parceria com IPSS e organizações não governamentais, associações académicas locais e serviços sociais de estabelecimentos de ensino superior”.

“Senhor presidente, queremos perguntar, ou eventualmente até é uma pergunta com alguma sugestão, é se no executivo municipal já foi ponderada alguma solução de habitação partilhada com seniores, para mitigar o problema de falta de habitação, onde o custo do arrendamento em Abrantes é elevado para os estudantes do ensino superior e profissional”, questionou Vasco Damas.

À margem da reunião de Câmara, em declarações à Antena Livre, Manuel Jorge Valamatos falou da questão da ESTA, da atratividade da escola, do trabalho que a Câmara está a desenvolver, bem como a questão da criação de mais uma residência para estudantes na cidade.

“Se assim não fosse, não andávamos a trabalhar de forma tão intensa com esta questão do financiamento para a nova Escola Superior de Tecnologia”, disse o presidente. Questionado se com novas instalações, a atratividade da ESTA será maior, Manuel Jorge Valamatos disse “com certeza, não é só com a escola mas com tudo o que está associado”.

O presidente da Câmara de Abrantes voltou a afirmar que “cada um tem que fazer o seu trabalho. Ao Município compete de facto a questão das instalações e compete à gestão do IPT, à gestão da Escola, do ponto de vista científico e pedagógico”. O autarca revelou que “estamos muito preocupados porque temos vindo a falar há anos com as diferentes Associações de Estudantes, há anos que falamos com os diferentes diretores da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, há anos que falamos com os presidentes do Instituto Politécnico de Tomar e há muito tempo que percebemos que, para continuarmos a ter a Escola Superior de Tecnologia em Abrantes, para continuarmos a ter uma escola com capacidade e atratividade, temos que melhorar as suas instalações. As instalações atuais não servem hoje o interesse dos alunos, não servem o interesse das suas famílias, não servem o interesse do pessoal docente e não docente, não interessa à comunidade”.

Manuel Jorge Valamatos relembrou que “estamos a fazer um trabalho intenso com a CCDR Centro e já conseguimos fazer a reprogramação do Fundo de Transição Justa à Europa e isso já foi apresentado. Estamos à espera que a Europa nos dê essa boa noticia, e muita tem sido a pressão dos diferentes agentes do território, não apenas de Abrantes, até de todas as autarquias do Médio Tejo sobre esta matéria. Era muito importante que o fundo de Transição Justa fizesse justiça e deixasse aqui esses oito milhões de euros que precisamos para a nova Escola Superior de Tecnologia. A par disso, estamos a trabalhar numa candidatura para uma nova residência de estudantes, para criar melhores condições para atratividade dos alunos. Estamos a falar da residência do Liceu e, obviamente que estamos a pensar na Pousada da Juventude poder vir a ter capacidade de resposta para os alunos”.

O presidente da câmara reconheceu que “existe alguma pressão” no alojamento e lembrou “que já temos uma residência de estudantes, é bom que se diga isso. Nós temos uma residência de estudantes num edifício municipal que tem a gestão do IPT, mas nós achamos que, tendo em vista uma nova Escola Superior de Tecnologia, tendo em vista novos cursos, tendo em vista mais alunos, que é isso que nós queremos, também temos que criar melhores condições de atratividade. Creio que até ter mais uma residência de estudantes, com umas largas dezenas de quartos, com boas condições, isso é seguramente uma forma de atração, é uma mais valia para todo este processo”.

 

Bolsas de Estudo, colocações e as atuais instalações

Manuel Jorge Valamatos esclareceu que este ano letivo “até as bolsas de estudo aumentámos, criámos bolsas de estudo específicas para alunos da ESTA e, obviamente desenvolveremos com a comunidade escolar, com o IPT, com a Escola Superior de Tecnologia, todas as ações que estiverem ao nosso alcance. Eu julgo que os números desta primeira fase concursal estão mais ou menos de acordo com os últimos anos. O curso de Comunicação Social ficou obviamente completo logo nesta primeira fase e nós queremos crer que nas próximas fases concursais, os diferentes cursos que temos na nossa escola fiquem obviamente preenchidos como tem vindo a acontecer aqui nos últimos anos”.

Contudo, o presidente da Câmara reforçou que “há uma coisa em que eu acredito: uma nova Escola Superior de Tecnologia poderá trazer mais cursos e uma maior dinâmica em cada um dos cursos que já existem. É nisso que nós acreditamos e essa é a nossa parte. O Município fará de tudo para ter uma grande Escola Superior de Tecnologia aqui em Abrantes, que sirva verdadeiramente Abrantes e o território do Médio Tejo e, obviamente, toda a região, e é isso que nós faremos. Nós faremos a nossa parte e depois o IPT e os diferentes agentes, em cada uma das suas responsabilidades, que façam o seu trabalho. Nós estamos a fazer o nosso e acreditamos muito que a Europa nos vai dar essa justeza do financiamento para esta Escola Superior de Tecnologia, tão importante para fixar mais alunos, para trazer novos cursos e uma nova dinâmica que precisamos para a Escola Superior de Tecnologia”.

No final, Manuel Jorge Valamatos fez questão de referir que “não deixo de agradecer, não deixo nunca de reconhecer todo o esforço, quer dos alunos, quer da comunidade educativa, que têm feito para aguentar esta Escola Superior nas condições físicas como ela está”.