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Abrantes

Ministra veio ver a capacidade da Unidade de Apoio Militar de Emergência que está preparada para lidar com catástrofes (c/áudio e fotos)

15/09/2023 às 21:00
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A ministra da Defesa Nacional considerou hoje, em Abrantes, que o Exército, com unidade especializada do Regimento de Apoio Militar de Emergência, está preparado para lidar com situações de catástrofe, como sismos ou cheias.

“O que vi hoje demonstra que estamos prontos, estamos preparados, e tenho vindo a verificá-lo no terreno nas visitas que tenho feito aos contextos onde essas capacidades têm vindo a ser mobilizadas, seja durante os incêndios e em contextos de emergência variada, como inundações ou sismos, tal como aconteceu recentemente com Marrocos, com a evacuação de nacionais durante a emergência sísmica”, disse à Lusa Helena Carreiras, à margem de uma visita ao RAME, cujo comando operacional está sediado em Abrantes (Santarém).

A governante visitou o Centro de Operações de Apoio Militar de Emergência e verificou presencialmente, um a um, todo o dispositivo e capacidades do Exército instaladas para responder a “ameaças cada vez mais complexas”, em cenários “críticos” e que vão para além das “atividades militares tradicionais”, sendo as mesmas compostas por nove valências e 37 módulos, divididos por 32 unidades militares em todo o país, continente e ilhas. 

 

Helena Carreiras

O trabalho do RAME assenta em 3 pilares, conforme foi explicado à ministra pelo Coronel Estêvão da Silva, comandante da mais recente unidade do Exército, e aponta ao apoio militar de emergência com a formação geral comum de praças, com a gestão e comando da UAME (Unidade de Apoio Militar de Emergência) e com a presença de um destacamento CIMIC, nomeadamente uma companhia CIMIC ("civil-military co-operation").

E neste trabalho há uma componente que ultrapassa a operação bélica. Trata-se da salvaguarda de pessoas e bens, procurar promover e bem-estar e o desenvolvimento. Ou seja, é uma unidade que pode apoiar operações militares, mas que tem uma base de apoio a operações civis, nomeadamente da Proteção Civil.

Não é por isso de estranhar que haja uma interoperabilidade entre a UAME e a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o INEM, a PSP ou a GNR. O Exército, por exemplo, quando avança para o terreno em operações táticas ou de exercícios usa a base de comunicações SIRESP, mas mantém sempre o seu nível próprio de comunicações.

E acrescenta neste apoio, num cenário de catástrofe, em que as comunicações desaparecem uma unidade 4G que cria uma bolha de comunicações numa determinada área que o comandante Estêvão da Silva classificou como uma espécie de mini operadora.

Na explicação feita para a ministra, foi explicado que desde 2018 foram adotados vários planos parcelares que acabaram por dar origem ao Plano de Apoio Militar de Emergência do Exército.

Neste contexto há várias situações de emergência que são tidas em conta. “O sismo na Turquia e agora em Marrocos faz-nos olhar para este cenário que é o mais complexo que temos.”

As nove valências de Apoio Militar de Emergência são compostas pela Defesa NBQR, Apoio Sanitário, Segurança e Vigilância, Engenharia Militar, Comando, Controlo e Comunicações, Manutenção e Transportes, Reabastecimento e Serviços, e Busca e Salvamento Terrestre, integrando um total de 37 módulos, que estiveram hoje todos em Abrantes.

Estevão da Silva destacou algumas capacidades que são únicas no país no âmbito da UAME. A capacidade de evacuação em viaturas todo-o-terreno, mesmo em cenários com problemas químicos. A existência de um hospital de campanha com farmácia, bloco operatório, cuidados intensivos e produção de gases medicinais. A capacidade de lançamento de cargas (pessoas ou bens), capacidade única no país, por via aérea com apoio da Força Aérea. E deu um exemplo, o Exército tem médicos ou equipas cinotécnicas de busca e salvamento que podem ser projetadas para zonas inacessíveis através de lançamento com recurso a paraquedas.

 

Helena Carreiras

Esta “montra” antecipou o exercício nacional Fénix 2023, que vai decorrer em novembro, e onde todas as valências vão testar de forma conjunta a capacidade de resposta aos efeitos de um sismo.

O exercício Fénix 2023 vai testar, de 20 a 24 de novembro, um “cenário de resposta a um evento sísmico com ocorrência de tsunami, caracterizado por sub cenários com multivítimas, risco de contaminação/poluição industrial e quebra no normal funcionamento das infraestruturas civis”.   

Na visita ao RAME, acompanhada do Chefe de Estado Maior do Exército, do comandante da unidade militar de emergência e do presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Helena Carreiras afirmou que o RAME representa uma “expansão das atividades militares tradicionais” que “tem vindo a revelar-se cada vez mais importante dada a natureza das ameaças (…), cada vez mais complexas, e que ultrapassam a tipologia militar tradicional”.

 

Helena Carreiras

E ainda neste âmbito foram divulgados dados de três sismos para enquadrar aquilo que é uma equação que nunca se tem até acontecer uma catástrofe. S. Francisco (Estados Unidos) em 1989 causou 3 mil mortos e teve grau 8 na escala de Richter. De-pois este de Marrocos, da semana passada, com (até agora) 2.900 mortos e com um grau 6.8 na escala de Richter e o do início deste ano, 2023, na Turquia/Síria com 45 mil mortos e uma intensidade de 7.8.

Criado em novembro de 2016, com o início da atividade operacional no Quartel de São Lourenço, um espaço de 37 hectares situado em Abrantes, no Centro do país, o RAME prepara e coordena o apoio em situações de emergência que envolvam um número elevado de desalojados, riscos tecnológicos, atos terroristas, contaminação do meio ambiente, incêndios florestais, cheias e inundações, sismos e erupções vulcânicas.

Mas na emergência, apesar de toda a rapidez que existe, a UAME só entra em ação após existir um pedido da ANEPC, entidade que tem a gestão destes teatros de operações.

Estevão da Silva revelou que os módulos da UAME estiveram sempre de prevenção na Jornada Mundial da Juventude, num trabalho invisível.

Nesta matéria junta-se ainda a prevenção dos incêndios rurais. Em 2023 até agora (15 setembro) o Exército empenhou 3.353 militares nas várias ações. Estas equipas permitiram detetar 23 focos de incêndio e “que, felizmente, não deram origem a nenhum dos grandes incêndios do país”.

De notar que o comando da UAME e dos 37 módulos no Apoio Militar de Emergência é feito através do posto de comando instalado em Abrantes.

Helena Carreiras

A governante destacou ainda a importância da formação em ciência e tecnologia, e da partilha de experiências com outras entidades, destacando que Portugal está a coordenar o projeto europeu ‘AMIDA’, que envolve também Espanha, França e Áustria, e que visa criar um programa tecnológico de “automatização do mapeamento sobre os terrenos urbanos”. 

Segundo fonte do Exército, o AMIDA-UT pretende que “um ou vários drones, atuando em coordenação e sobrevoando a área de atuação, isoladamente ou em conjunto, captem imagem e dados requeridos, que são depois fundidos com informação de outras fontes (imagem satélite, cartografia digital, Google/Bing/Apple Maps) para criar modelos digitais do terreno, detetando, identificando e caracterizando automaticamente as infraestruturas existentes”.

O comandante do RAME Estevão da Silva concluiu a apresentação do RAME e UAME à ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, ao Chefe do Estado-Maior do Exército, Mendes Ferrão, ao presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, e outros convidados com uma frase do Tenente-General Vaz Antunes: “… a cada dia que passa, falta menos um dia para que Portugal seja atingido por uma grande catástrofe.”

Jerónimo Belo Jorge c/Lusa