Especial Constância Investimento privado e público requalifica centro histórico
Na década de 90 era usual visitar as Festas do Concelho de Constância e percorrer as muitas tasquinhas (chegaram a ser mais de 20) que pululavam pelas ruas e ruelas. Era, à época, uma forma de “ocupar” garagens, edifícios degradados, casas abandonadas. Qualquer pessoa podia candidatar-se a vender umas bebidas e uns petiscos, desde que tivesse um qualquer canto.
Depois as coisas foram mudando, até chegar a uma altura em que as tasquinhas passaram a ser apenas numa tenda e promovidas pelas associações do concelho.
A vila, as ruas e os edifícios estão hoje diferentes. A vila aparece de “cara lavada” e aos investimentos públicos na requalificação de ruas e praças, os mais recentes foram o Largo Cabral Moncada, a avenida das Forças Armadas e o Largo Heitor da Silveira, junta-se a recuperação de edifícios e imóveis privados. Cresce o alojamento local e alguns destes edifícios podem albergar espaços comerciais.
Sérgio Oliveira, presidente da Câmara de Constância, indica haver apenas um ou dois casos de imóveis no centro histórico a necessitar de intervenção, mas sem apresentar um diagnóstico de alto grau de gravidade.
Mas a juntar ao esforço público houve um abrir de portas do setor privado que, “de pantufas” e sem grandes alaridos foi caminhando, foi alargado os seus braços.
O centro histórico começou com esta recuperação há já alguns anos. Sérgio Oliveira faz questão de dizer o nome das duas pessoas que alavancaram este trabalho no setor privado. Um foi Paulo Andrade. Começou por recuperar um imóvel por baixo dos CTT, depois foi comprando um edifício a seguir ao outro e recuperou-os. Sempre numa linha de alojamento local e habitação própria, quando está na vila.
Mas o grande “boom” da recuperação de imóveis em Constância foi dado com o arquiteto Raul Reis que começou, com um conjunto de investidores de Cascais/Estoril, a comprar imóveis e a reabilitá-los com vista a alojamento e “a partir daí começou a bola de neve. Veio mais um, mais outro”, revela o autarca que diz notar uma grande vivacidade no centro histórico.
Depois, Sérgio Oliveira, diz que o Município tem estado alinhado com várias intervenções de requalificação, desde a zona ribeirinha e praia fluvial, passando pelas ruas e praças. “Às vezes já nem nos lembramos como era o Largo Cabral Moncada”, diz Sérgio Oliveira recordando que o espaço aberto que ali está era, há três ou quatro anos, um espaço de ruínas.
E agora começam a entrar comércio e serviços. Por exemplo, um centro de explicações na rua Luís de Camões, num espaço municipal e com uma renda residual, abriu uma imobiliária, uma barbearia, agora há um gabinete de contabilidade, em abril vai abrir outro café, e depois um restaurante. “Só assim podemos dar mais vida ao centro histórico.”
A requalificação de que está a ser alvo o Centro Histórico de Constância, está a deixar a vila sem capacidade energética. A existência de cabos que estarão a atravessar a avenida das Forças Armadas foi levantada em reunião do executivo e a explicação veio do presidente da Câmara Municipal. Sérgio Oliveira que revelou que os cabos terão que ficar para que seja possível a realização das Festas do Concelho.
Depois, o autarca explicou a reabilitação de edifícios, destinados ao alojamento local, que provocou esta falta de capacidade energética. A solução passará pela instalação de um novo PT para reforçar a capacidade energética que está a ficar saturada.
E o autarca nem entra pelas limitações da chamada cota 35, sobre obras nas zonas consideradas de leito de cheia. É uma legislação que impede certos tipos de intervenções nas zonas que estão nos leitos de cheia