Igreja S. Vicente Abrantes: Igreja de S. Vicente teve obras de requalificação do edifício e restauro de dois altares (C/ÁUDIO e FOTOS)
Um “trabalho de relojoaria”, foi assim que o responsável da NC Restauro, Nuno Proença, apresentou as obras de conservação e restauro do património Integrado da Igreja de São Vicente.
As obras realizaram-se no âmbito de uma parceria entre a Câmara Municipal de Abrantes e a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e também com a Diocese de Portalegre-Castelo Branco e contou com o apoio do Programa Operacional do Centro. O investimento total, que incluiu a beneficiação exterior, efetuada em 2018, a conservação e restauro dos dois altares laterais do lado do Evangelho e ainda a conservação de cinco esculturas da Igreja, foi de 441 mil euros. O financiamento foi garantido pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) em 375 mil euros, através de uma candidatura aprovada pelo Programa Operacional Regional do Centro 2020. Neste contexto o Município de Abrantes e a DGPC assumiram a componente nacional no valor igual. Ou seja, 33 mil euros a cada uma das entidades.
Neste sentido esteve presente na inauguração deste conjunto de intervenções a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) Centro, Isabel Damasceno.
Uma cerimónia que começou com o descerramento de uma placa, no exterior, e que continuou com música. Ana Elias fez tocar o carrilhão da Igreja de S. Vicente antes dos discursos. Aliás, voltou a tocar um outro órgão da Igreja abrantina no final da cerimónia oficial.
Regressemos à explicação técnica de Nuno Proença. Há diversos materiais e como tal houve uma necessidade de ter vários especialistas a trabalhar na recuperação. Ao todo foram 18 técnicos de áreas diferentes do restauro. E há, porventura, três pormenores que foram explicados e que podem sintetizar o trabalho de “relojoaria”. No altar de Nossa Senhora da Conceição a madeira das talhas foi “comida por térmitas”, tendo ficado as matérias orgânicas. A presença das térmitas já não está ativa, mas de acordo com o especialista pode voltar.
Segunda nota para o altar de Nossa Senhora de Fátima. A tela superior do altar tapa a original, policromática e pintada na superfície de pedra. Ao ser detetada esta pintura original a mesma foi documentada e mostrada em fotografia onde se pode “ver o Deus Pai”. A tela foi recolocada no conjunto, mas de forma a que não tenha prejuízos para a pintura original. De referir que este altar tem cinco telas, de três autores desconhecidos.
Por ultimo os pormenores da abóbada, cujas linhas mais escuras são, afinal, as bases daquilo que foi uma decoração a folha de ouro. Disse o especialista que, pelo que se pode ver, noutros tempos esta igreja terá sido muito rica e “forrada a ouro”.
Nuno Proença
O objetivo desta intervenção na Igreja, classificada como Monumento Nacional, foi “salvaguardar, valorizar e divulgar o nosso património cultural arquitetónico e religioso que nos permitirá de forma efetiva preservarmos o passado, projetando o futuro da nossa cidade, nomeadamente, através do desenvolvimento turístico no nosso território”, salientou o Presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos.
Manuel Jorge Valamatos
Presente na cerimónia de inauguração das obras da Igreja de S. Vicente, em representação do Bispo D. Antonino Dias, esteve o Cónego Emanuel Matos Silva. Natural de Abrantes, o Vigário Episcopal agradeceu a intervenção no espaço.
Por sua vez, António Castanheira, pároco da Igreja de São Vicente, destacou a importância deste espaço para além do culto, também como elemento cultural, salientando a disponibilidade em alargar essa abertura do templo para ser visitado por todos e agradeceu “o cuidado que tiveram com esta Igreja que é de todos nós”.
Padre António Castanheira
E o pároco lembrou que há a outra Igreja da cidade, de D. João que é igualmente rica em património, igualmente a necessitar de intervenção urgente. Apenas com a diferença que é mais pequena, logo por muitos considerada mais acolhedora.
E deixou a abertura da paróquia para um entendimento futuro com autarquia e, em sabe com a DGPC, para uma nova parceria. É que a Igreja de S. João é, igualmente, Monumento Nacional.
Padre António Castanheira
Isabel Damasceno apenas falou na inauguração seguinte, do Panteão dos Almeida, na Igreja de Santa Maria do Castelo, mas congratulou o Município pela ação de valorização realizada e salientado que “é com enorme satisfação que vemos a obra feita depois de aplicados os fundos comunitários”, deixando o desafio para que outras iniciativas neste âmbito de recuperação do património possam ser apoiadas.
Nota final para o que o presidente da Câmara de disse a propósito destas inaugurações na área do património. Revelou que as mesmas se juntam, em breve, “a várias outras grandes obras que estão neste momento em curso. Daqui a um mês inauguraremos o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte; no próximo ano, o Museu de Arte Contemporânea Charters de Almeida; em 2023, o Cineteatro São Pedro e, de seguida, o Multiusos de Abrantes. Obras que reforçarão a nossa rede de equipamentos museológicos e culturais e que servirão de complemento ao nosso reconhecido património religioso, às nossas infraestruturas desportivas e de lazer, ao nosso Parque de Ciência e Tecnologia ou ao nosso parque escolar de excelência”.