Especial Constância Há uma vila antes e outra depois da Praia Fluvial
As Festas mantêm a matriz religiosa a que se junta o artesanato e as tasquinhas, mas a grande mudança é a aposta num cartaz musical mais comercial nos quatro dias e a abertura oficial na sexta-feira. Com um centro histórico cada vez mais de cara lavada, a vila prepara a praia fluvial para o verão e a Ribeira do Carvalho para mostrar, em outubro, num Trail que promete ter centenas de participantes. Só falta mesmo ter a ponte sobre o Tejo com trânsito nos dois sentidos, mas o presidente da Câmara, Sérgio Oliveira, fez o pedido ao primeiro-ministro.
Entrevista por Jerónimo Belo Jorge
Neste regresso das Festas da nossa Senhora da Boa Viagem à normalidade, sem restrições da pandemia, o que é que vai ser este ano?
Estas Festas têm sempre uma matriz estática: a Procissão; as Bênçãos; o atletismo; a mostra de artesanato e doçaria; a tarde de folclore. Estas são as chaves da nossa Festa. Para além disto o que se altera são os cabeças de cartaz, que voltamos a fazer uma aposta num programa muito comercial para voltar a encher as Festas. Alterámos a abertura oficial de sábado para Sexta-feira Santa. Sabemos que é um dia muito especial para os católicos, mas a abertura das Festas foi decidida em comum acordo com a Paróquia para não haver sobreposição de atividades ou qualquer atrito.
Esta ligação entre o Município e a Paróquia é fundamental ...
... sim. Só é possível por esta Festa de pé porque a Câmara dá “a cara”, mas, porque temos as associações, a Paróquia, alguns moradores que participam e que fazem com que seja uma Festa de todo o concelho.
Os barcos enfeitados vão voltar a subir o rio?
Já fizemos o pedido para libertação de água nesse dia. Penso que não teremos o problema do ano passado que, face à pouca água, os barcos não conseguiram subir o rio da forma mais célere. Temos essa promessa.
As Festas têm a componente de pôr os visitantes a deambular pelo centro histórico. Um centro que está este de cara renovada com a requalificação da Avenida das Forças Armadas? Assim como uma taxa elevada de requalificação de Imóveis?
Sim, vamos ter umas Festas com a avenida das Forças Armadas e o Largo Heitor da Silveira renovados, a zona ribeirinha já tinha sido renovada. E junta-se a requalificação de muitos imóveis no centro histórico. Tirando uma ou duas situações o centro começa a deixar de ser uma preocupação. Mas não é só aqui. Na zona alta também temos loteamentos que começam a ser desbloqueados e começam a mexer com o mercado da habitação. Falo do loteamento do Frei Miguel, o loteamento da Quinta de Santa Bárbara e o loteamento do Pinhal D’El Rei. Em Santa Margarida também temos um loteamento pronto para venda e em Montalvo também há movimentações no mercado.
Isto quer dizer que Constância tem oferta de habitação?
Começamos a ter mais oferta. Em Santa Margarida temos casais que viviam na zona de Lisboa e optaram por comprar casas antigas pare recuperar. Mas continuamos a ter disponibilidade de lotes e casas. Nota-se o aumento da procura. No loteamento Frei S. Miguel em meio ano foram vendidas várias frações, tanto mais que a empresa já pondera avançar para a construção de outro bloco.
A Praia Fluvial, que foi um sucesso no ano passado, vai abrir na normalidade na época balnear?
Vai abrir. Vamos repor a areia que o rio levou no inverno. Não posso garantir que consigamos fazer o acesso para pessoas de mobilidade reduzida, mas iremos fazer a requalificação paisagística dos taludes. A praia o ano passado teve muita gente. Eu esperava muita gente, mas não tanta como teve. Sou sincero, também não esperava que tivesse a projeção que teve. Fomos notícia em todos os órgãos de comunicação social de âmbito nacional e nalguns internacionais. Tivemos fins de semana de muita gente. Ainda há dias falava com alguns comerciantes que me diziam, o que eu pensava, e digo-o com humildade, que há uma Constância antes da praia e outra depois da praia...
...pode dizer-se que há uma Constância (centro histórico e zona ribeirinha) de semana e outra ao fim de semana?
Sim. Mas mesmo durante a semana já se vê muitos grupos a visitar a vila. Mas aos fins de semana é outra Constância.
“o que pedi ao primeiro-ministro serve o concelho, as populações, a Caima, o Campo Militar e a região”
Não tem a ver com a praia, nem com o Zêzere, mas há uma obra que tem a ver com a qualidade das águas do Tejo. Está concluído o novo emissário das águas residuais da vila para a ETAR da Caima?
Confesso que, para mim enquanto presidente de Câmara, foi um grande descanso. A solução adotada no tempo do presidente António Mendes foi uma solução assente em estacaria, com uma margem de vida de 15 anos. Já em 2007 já tinha tido uma reparação. Depois no mandato da presidente Júlia (Amorim) foi construído um novo emissário assente em estacaria. A verdade é que passado pouco tempo o tubo rebentou e aplicamos um paliativo. Mas os esgotos não tiveram nem um mês a correr a céu aberto para o rio. Depois de um ano com caudais elevados no Tejo o tubo voltou a rebentar e como abriu uma linha de financiamento para reparar prejuízos causados pelas cheias aproveitámos. Foram 50 mil euros do estado, mais 80 mil euros da Caima e o restante com receitas do município. E o que foi feito foi uma perfuração do rio e colocar as tubagens por baixo do rio, a uma profundidade de 18 a 20 metros, numa zona de rocha, e conto que a solução dure, pelo menos, 50 anos.
O primeiro-ministro veio, no início de março, ver as obras da caldeira de biomassa da Caima. O presidente da Câmara fez um pedido muito direto para o Governo ajudar a resolver o problema da ponte sobre o Tejo, ou seja, abertura a pesados e alargamento do tabuleiro para dois sentidos. No discurso António Costa não deu nenhuma resposta. E em privado, repetiu estes pedidos?
Falámos em privado, mas como foi uma conversa privada entre o presidente da Câmara e o primeiro-ministro entendo que não devo revelar o teor dessa conversa. Posso apenas dizer que repeti o que disse o discurso que é uma solução ao alcance do país, que não é nenhum investimento faraónico. O que digo agora é que o que pedi ao primeiro-ministro serve o concelho, as populações, a Caima, o Campo Militar de Santa Margarida e até da região. Tirando viaturas militares, transportes escolares ou uma, ou outra viatura dos Municípios de Constância ou Barquinha não há autorização para outro trânsito pesado, apesar de termos alguns pedidos a chegar aos serviços.
E como é que está o processo das barreiras sonoras, na Capareira, à beira da A23? A Infraestruturas de Portugal (IP) continua a recusar a sua instalação?
Este é um processo que o próprio presidente de Câmara tem dificuldade em entender. Foram colocadas barreiras a montante e jusante, e Constância ficou uma ilha, sem barreiras. A IP diz que fez um estudo de ruído e que não é necessário colocar barreiras. Não vamos deixar cair este assunto e iremos voltar a trazê-lo para cima da mesa. A autarquia plantou lá uma barreira de árvores para minimizar o ruído, mas que nunca foi uma solução definitiva. Até vou dizer uma coisa, apenas da boca para fora, mas o que me dava vontade era cortar todas as árvores e depois pedir o estudo de ruído. Obviamente, não vou fazer isto. Este processo não foi correto por parte da IP. Acho que houve aqui uma embirrice que ainda não percebi porquê. Até pode ser a Câmara a pedir um novo estudo de ruído.
Duas perguntas sobre turismo. As obras o Hotel, à entrada da vila, ainda estão paradas. O processo está no Turismo de Portugal, à espera de investidores. Há novidades?
O Turismo de Portugal continua com esse objetivo porque o hotel é importante para Constância e para a região. Vamos continuar a acompanhar o processo.
O Confluência Trail, a estrear em outubro, pretende promover uma outra zona de Constância, de muita natureza?
Sim, temos ali uma zona muito bonita, que é o Ribeiro do Carvalho, no norte do concelho, na fronteira com o concelho de Abrantes, à beira Zêzere. Esperamos muitos participantes nas várias provas por forma a promover esta zona. É uma aposta forte do Município.