Assinalou-se esta segunda-feira, dia 9 de outubro, o Dia Europeu da Arte Rupestre e Mação recebeu uma palestra orientada por Virginia Lattao sobre o "Pigmento como expressão artística: História dos pigmentos e aplicações analítica".
A palestra teve lugar no ITM – Instituto Terra e Memória. A arte rupestre são as representações artísticas pré-históricas realizadas em paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e abrigos rochosos, ou mesmo sobre superfícies rochosas ao ar livre.
Os pigmentos de pinturas rupestres eram preparados de precursores naturais sendo que as cores eram obtidas a partir de ocres ricos em óxidos de ferro, carvão vegetal, ossos queimados e óxido de manganês, entre outros minerais.
Na palestra, Virginia Lattao explicou que o recurso a pigmentos para pinturas rupestres eram meios de afirmação, de identidade e de comunicação. Os pigmentos são importantes como significado de expressão, sendo que a sua utilização pode sublinhar, muitas vezes, uma escolha cultural ou uma mudança no conhecimento das matérias primas.
A Arte Rupestre em Mação
No concelho de Mação, o circuito de Arte Rupestre abarca três sítios diferentes: o vale do Ocreza, o abrigo pintado do Pego da Rainha e o sítio de Cobragança.
O sítio do Pego da Rainha corresponde a uma parede sub-vertical com barras e pontos de coloração vermelha e a um abrigo de médias dimensões localizado perto de um topo de maciço quartzítico no lado oposto ao Castelo Velho da Zimbreira.
As figuras pintadas nestes painéis correspondem a linhas, pontos, círculos, semicírculos e figuras antropomórficas. Esta iconografia corresponde aos típicos elementos que compõem a chamada Arte Esquemática da Península Ibérica, um estilo de arte rupestre que terá começado ainda no Neolítico Antigo e tem correspondências até ao final da Idade do Bronze.
O rio Ocreza é um afluente da margem direita do Tejo que corta um dos inúmeros afloramentos de xisto que abundam na região. O vale do Ocreza é um dos 12 sítios de arte rupestre registados do Complexo Rupestre do Vale do Tejo, uma área com cerca de 120 km. Uma parte está localizada no Concelho de Mação. A variedade tipológica de todas as gravuras do Ocreza é acentuada já que é possível registar a presença de figuras humanas e animais, predominando as figuras geométricas e as manchas de picotado. É o único sítio do vale do Tejo que apresenta uma gravura do Paleolítico, ou seja, com cerca de 20.000 anos. O resto das gravuras oscila em cronologias desde o 8.000 a 3.000 anos antes de Cristo.
O sitio de arte rupestre de Cobragança está localizado a cerca de 1.2 km da vila, no Caratão, na área municipal de Mação, e foi descoberto em 1943. Embora gravemente afetado pelos incêndios de 2003 e de 2017, ainda é possível visualizar-se várias gravuras nas duas bancadas.
Fotos: Município de Mação