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Sociedade

Abrantes: CHMT na luta por um Natal contra a violência doméstica

18/12/2019 às 00:00
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Na celebração de mais uma quadra natalícia o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT,EPE) junta-se a todos aqueles que procuram chamar a atenção para o flagelo da violência doméstica.

Assim, esta quarta-feira, muitos profissionais da Unidade Hospitalar de Abrantes juntaram-se para um “Café de Natal”.

De t-shirt vestida, foram muitos os que se juntaram para ouvir a diretora clínica, Cristina Gonçalves, explicar a razão de, este ano, o CHMT ter um tema pois, “no Natal, tradicionalmente, nós pensamos nas crianças, nos velhinhos, nos que estão sozinhos... e numa ideia do senhor presidente que rapidamente todos nós apoiámos e com muito entusiasmo, lembrámo-nos de outro tipo de pessoas frágeis ou com algumas fragilidades e em quem muitas vezes não pensamos”.

Cristina Gonçalves lembrou que “nós, profissionais de saúde, lidamos muitas vezes com essas pessoas em primeira instância pois a vítima de abuso recorre a nós, muitas vezes por não ter mais ninguém a quem recorrer e nós temos aquela porta aberta que, dia e noite, acolhe toda a gente”. A diretora clínica pediu para que os profissionais de saúde estejam “muito despertos e muito sensíveis para lidar com estas situações que nem sempre são assumidas, que muitas vezes são desconfiadas por nós e que muitas vezes quase todos nós olhámos ligeiramente para o lado para não ver”.

“Isto é um alerta. Temos que olhar para a situação e tentar intervir”, pediu Cristina Gonçalves.

“Muitos de nós somos vítimas de violência doméstica e estamos todos juntos porque ninguém tem nada escrito na cara e temos que ter uma sensibilidade grande para estas situações (…) Para os que aqui estão e são vítimas de violência doméstica, lembrem-se que há sempre uma saída”, alertou.

Carlos Andrade Costa, presidente do Conselho de Administração do CHMT, EPE explicou também que o tema surgiu por “há dias, estávamos a circular entre as unidades e na rádio ouvimos que, até àquele momento, só este ano, já tinham acontecido 33 mortes por violência doméstica. Obviamente que o número impressionou-nos pois 33 pessoas perderem a vida por uma coisa que nos choca tanto... e é Natal. O Natal é tudo aquilo que há de ternura, de amor, de proximidade e de partilha mas também é a época que tem que nos fazer interrogar sobre o mundo em que se vive, as pessoas que somos e a forma como nos relacionamos com os outros”.

O presidente do Conselho de Administração voltou a referir as 33 mortes “por uma coisa tão bárbara como é a violência no seio da família quando o Natal diz que o seio da família é a paz, o amor e a ternura, que famílias somos nós?” E lembrou que os profissionais de saúde são “a primeira mão que se estende a quem é vítima de violência doméstica porque cuidamos, ajudamos a ultrapassar o trauma”.

Carlos Andrade Costa afirmou ainda que “chamar este assunto para nós e viver o Natal com este assunto é também uma forma de estarmos mais despertos e olhar e pensar mais sobre esta temática para que estejamos melhor preparados para que a nossa mão seja ainda mais confortável quando abraçamos, quando cuidamos, quando mimamos as pessoas que nos batem à porta a pedir apoio”.

Nas frases deste Natal no CHMT pode ler-se que “a violência doméstica é, só por si, o contrário do espírito de Natal; A violência doméstica é a negação dos valores da dignidade humana, do respeito pelo outro, do Amor, da Paz, da convivência pacífica entre todos; A violência doméstica é, também, a negação dos valores da família; Valores da família que o Natal tão bem traduz, nas festividades e no espírito único que lhe são tão próprios”.

A iniciativa do “Café de Natal” foi repetida nas unidades de Tomar e Torres Novas.