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Educação

Liceu de Abrantes celebra 50 anos: “Um tecido bonito, que nos emociona e que urge continuar a construir nos próximos anos”

24/10/2017 às 00:00
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Realizou-se no sábado, dia 21 de outubro, a sessão solene de comemoração do 50º aniversário do Liceu Nacional de Abrantes, atual Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes.

O momento que juntou alunos, ex-alunos, professores e toda a comunidade educativa contou com uma visita às instalações da escola e à exposição evocativa dos 50 anos da instituição que faz parte da história de Abrantes.

Em declarações à Antena Livre, Alcino Hermínio, diretor do Agrupamento nº2 de Abrantes, referiu-se ao Liceu como “um tecido bonito, que nos emociona e que urge continuar a construir nos próximos anos”.

No seu discurso na cerimónia institucional, que abriu o conjunto de iniciativas que se iniciaram no sábado mas que vão decorrer durante um ano, Alcino Hermínio pediu “ sete presentes”, alguns que “dependem da comunidade local, outros que dependem da tutela”.

“Instalações mais adequadas para o curso básico de música, que funciona em regime integrado com 4 turmas; mais instrumentos musicais para os cursos de educação artística; a implementação de um centro de formação desportiva nacional na área dos desportos gímnicos ou atletismo; tirar partido pedagógico da propriedade de 11 hectares até ao rio Tejo, com a sua manutenção regular; equipamento informático que responda às exigências de carácter pedagógico; manutenção das instalações renovadas pela Parque Escolar, uma vez que quase é inexistente, apesar dos milhares de euros de renda pagos mensalmente. Iremos suspender o pagamento da renda até que a Parque Escolar apresente e dê início à execução de um calendário credível de manutenção e resolução dos problemas existentes”, enumerou Alcino Hermínio, tendo referido o último presente para a Escola Octávio Duarte Ferreira, com sede em Tramagal, que comemora 50 anos este ano: “Esta escola quer continuar a contribuir para a formação dos nossos jovens, mas tal depende do rasgo da nossa comunidade”.

O diretor detalhou à Antena Livre alguns exemplos: “esta escola [o Liceu] custou quase 14ME e terminou obra em 2015. No entanto, a manutenção é muito deficiente (…) Há problemas que se arrastam e é um pouco revoltante para mim ter se gasto tanto dinheiro e a escola ter problemas que são absolutamente ridículos por falta de manutenção. E depois há outros [problemas] que têm a ver com a nossa ambição de querer continuar a trabalhar em algumas áreas, como melhorar as condições para o Curso Básico de Música com a requalificação da residência, ou a transformação desta escola num Centro de Formação Desportiva – aquele que pode ser o primeiro Centro de Formação Desportiva na área da ginástica. Portanto, estes são os desafios que gostaria que o Liceu enfrentasse e conseguisse obter enquanto presentes”, vincou.

Questionado sobre o futuro da escola Octávio Duarte Ferreira, Alcino Hermínio referiu que “uma escola para sobreviver tem de ter um projeto e uma visão de futuro e realmente com a evolução do concelho de Abrantes, do Tramagal e com a diminuição da população, aquela escola precisa de ter um projeto mais claro. Não pode continuar a ser somente uma escola de ensino regular. Além do ensino tem de ganhar outras capacidades e competências, tirando partido do tecido empresarial e das necessidades de âmbito regional”, salientou.

O diretor disse que é necessário um debate, aberto à comunidade em geral, que defina ou que contribua para a definição de “um projeto e uma visão de futuro”.

“Penso que há uma margem de manobra para que em conjunto com as empresas, o IEFP, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia tentarmos encontrar um caminho para aquela escola. A escola com tão poucos alunos precisa de um projeto para ganhar qualidade, energia e vontade de caminhar para o futuro. E é nesse sentido que estou preocupado. Vamos promover um debate aberto a todos”, disse.

Na cerimónia, entre os convidados, na sua maioria ex-alunos, encontravam-se algumas personalidades com responsabilidade política, como foi o caso de Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, de Jorge Lacão, antigo Ministro dos Assuntos Parlamentares (na foto), ou Miguel Borges, presidente da Câmara de Sardoal.

Um sarau de poemas e músicas, levado a cabo pelos alunos da escola, abrilhantou os presentes e deixou um clima de festa.

Mário Pissarra, professor e presidente da Comissão, usou da palavra e falou da importância das vivências escolares

Mário Pissarra, professor e presidente da Comissão que preside às celebrações, explicou que a cerimónia de abertura das celebrações foi marcada pelas intervenções “de várias pessoas que fazem parte da história [da escola], seja um aluno atual ou um aluno antigo. Antigos alunos que passaram por aqui e que hoje desempenham determinadas funções. Digamos que foi uma cerimónia institucional”.

 “Na minha intervenção quis chamar a atenção que podemos ser a história da instituição. E a história são os alunos, o número de alunos, de turmas, são os dados. É a mesma coisa quando contamos a história de uma batalha. Contam-se os mortos, os feridos, fala-se do lugar, hipoteticamente dos cavalos ou das armas que se utilizaram, mas por detrás de cada homem que está na batalha estão mulheres, filhos, namoradas, apaixonadas, amantes, está toda uma vida que se esconde”, deu como exemplo o responsável.

“Numa escola não importa somente o que se ensina e aprende, são as vivências que cada pessoa tem, que cada aluno tem. Eu nunca ouvi nenhum aluno dizer que não gostava da escola, mas ouvi muitos a dizer que não gostavam das aulas. Por vezes, diziam que as aulas eram uma seca, mas esta coisa de conviver com os amigos, brincar, namorar, tudo isso é o que faz as vivências de uma escola”, acrescentou.

Mário Pissarra lembrou que “muitos dos alunos que passaram por esta escola ou por muitas outras se não tivessem vindo à escola, ficavam presos às suas aldeias. Eles podem não ter voado ou evoluído, mas o mundo deles mudou só pelo facto de saírem da sua aldeia e virem para a escola. Não há dúvida nenhuma que aprenderam e que foram aprendizagens importantes para a vida deles”.

“Nem todos têm de fazer um percurso pelo ensino superior e a escola contínua a ser útil. É útil para os que cá passaram e que não tiveram grande sucesso escolar. Não tiveram grande sucesso, mas talvez a passagem pela escola os ajudou a ter sucesso na vida e isso é muito importante”, aludiu.

Mário Pissarra avançou que o próximo passo que vai marcar as celebrações será a edição de uma revista dos 50 anos do Liceu. “As celebrações vão seguir-se ao longo do ano e só terminam em outubro do próximo ano com a entrega de prémios [aos alunos]. Vamos ter várias atividades ao longo do ano e na comunicação social pretendemos passar a mensagem para que se associem a nós na comemoração dos 50 anos da escola”, finalizou.

Auditório encheu para a cerimónia 

 

Joana Margarida Carvalho e Fátima Saraiva

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